sexta-feira, 19 de maio de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 38 // Carlos Aguiar Gomes

SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 38

BRAGA, 18 - MAIO - 2023

+
PAX


Nossa Senhora da Vida

«Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e nos encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à sua morte natural.»



Desde 1975, pelo menos, que travo uma luta pelo DIREITO À VIDA, contra o Aborto, nomeadamente. Frequentemente sinto-me fatigado e repetitivo. Há tantos anos, em artigos, em palestras, debates, conferências ou programas de rádio a dizer o mesmo: a vida humana começa na concepção, um facto científico e que antes desta não há vida humana, mas células humanas (o óvulo e o espermatozoide) mas que a junção destas forma um ser uno, único e irrepetível e que tem o direito primeiro e fundamental de o deixarem viver. É esta uma verdade científica e negá-la é uma mentira e uma recusa obscurantista que a ignorância ou preconceitos ideológicos defendem. Sei, tenho a certeza, que a Ciência está do meu lado e de todos os que, como eu, e somos muitos, a defender esta verdade da Biologia.

Se estou cansado, e é um facto, sinto-me espicaçado a “voltar à carga” na defesa dos mais débeis entre os débeis, todas as vezes que os defensores da chacina intra-uterina dos bebés por nascer, que são muitos e dispõem de meios poderosos ao seu dispor, se manifestam em todo o lado, dos Parlamentos aos jornais e revistas ou outros meios de comunicação. Se eles se repetem, sem novidades, incansavelmente, por que razão eu deveria ficar calado e, também esgrimir argumentos a favor da vida humana e ainda por cima com a Ciência do meu lado, mesmo que de cada vez que o faço, me repita: a VIDA HUMANA começa precisamente na concepção e defender a sua “interrupção” é uma mentira infame, pois uma vida interrompida morre e não volta à vida.

Os “descontinuadores” da vida humana ou defensores do Aborto (também da Eutanásia!) não se fatigam de se repetirem, usando sempre os mesmos argumentos. Como posso claudicar perante esta “guerra” contra o Direito à Vida mesmo, tal como outros, correr o risco de me repetir?

Assim, nesta Carta, três dias depois de celebrarmos o DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA (15 de Maio), berço da humanidade e tão atacada neste momento histórico da nossa civilização, irei divulgar um extracto de uma Nota Pastoral dos Bispos de Espanha sobre a Lei do Aborto neste país e a posição do Tribunal Constitucional sobre a constitucionalidade de ser considerado um direito constitucional espanhol o “Direito ao Aborto” (9 de Fevereiro de 2023), apoiando a construção de um novo paradigma civilizacional “ desconstruindo” o naturalmente vigente de que a Vida Humana começa na concepção.

Face à nova posição do dito Tribunal Constitucional, os Bispos espanhóis escreveram:

«… Defendemos a dignidade de cada pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, independentemente da sua idade, raça, estado de saúde.
  1. Só se poderia afirmar o direito ao aborto no caso de o embrião ou o feto não fossem nada; mas, o não nascido não é uma coisa, é um ser humano. Assim, qualificar como direito a eliminação de modo voluntário da vida de um ser humano inocente é sempre moralmente mal. Com esta lei, o ser humano nos primeiros momentos da sua existência é um verdadeiro sem papéis, candidato à expulsão do ventre materno.
  2. Queremos reiterar o nosso apoio incondicional às mulheres que sofrem as consequências de uma gravidez não desejada, oferecendo-lhes a ajuda eficaz da Igreja, através de tantos programas e associações, recordando-lhes que a morte do filho que trazem no ventre nunca é a solução para os seus problemas.
  3. Recordamos outra vez que com esta lei os direitos e obrigações do pai do não nascido ficam inibidos e censurados.
  4. Lembramos que, com resoluções como esta que acaba de ser aprovada, o “direito” deixa de o ser porque não está já fundamentado solidamente na inviolável dignidade da pessoa, mas submetido à vontade do mais forte. Deste modo a democracia, malgrado as suas regras, segue um caminho de totalitarismo fundamental (S. João Paulo II, in “Evangelium vitae”, n.º 20).
  5. Convidamos os profissionais de saúde a exercerem o seu direito à objecção de consciência, já que “leis” deste tipo não só não criam nenhuma obrigação de consciência, mas, pelo contrário, estabelecem uma grave e precisa obrigação de se lhes opor mediante a objecção de consciência (id. n.º 73).
  6. Animamos todos os membros do povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade a recusar qualquer atentado contra a vida, seja trabalhando com valentia e criatividade por instaurar a tão necessária cultura da vida. Seria muito grave ficarmos de braços cruzados pensando que já nada se pode fazer.
Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e os encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à morte natural.» 
Firmes, claros e precisos, os Bispos espanhóis também não se sentiram repetitivos e cansados de afirmar o que já têm feito em inúmeras ocasiões o que acabei de transcrever. Deram-me ânimo para me repetir pela enésima vez. E não continuarei calado. E repetirei as vezes que forem necessárias o que é a verdade e denunciar o crime mesmo quando a “lei” o não reconheça como tal. 

Na realidade, nem tudo o que é legal é moral! 

«Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e os encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à morte natural.» 

Não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes (facebook.com/carlos.aguiargomes), Braga, 18 de maio de 2023.

Sem comentários:

Enviar um comentário