segunda-feira, 19 de junho de 2017

Incêndios... a cada ano, sampre a mesma história!...

E eis que chegado o calor, somos logo de repente confrontados com aquela que fica para a história como a maior tragédia dos últimos tempos em Portugal...

Quando sábado, por volta da meia noite, leio no telemóvel que 19 pessoas tinham perdido a vida num incêndio, estava longe de imaginar que este número se ia mais que triplicar...

A manhã de domingo arrancou cinzenta... sou sincero, triste, como se eu próprio estivesse a sentir na pele a perda desta gente... Só em cenários de guerra se vê disto: filhos que perdem pais... pais que perdem filhos... famílias inteiras que perdem a vida... crianças, jovens, adultos, idosos que são roubados à vida.

E eis que logo surgem entendidos... entendidos que logo dizem que tudo foi feito, que nada falhou, que era apenas e só a natureza, enfurecida, descontrolada, contra a qual nada podia ser ter sido feito... logo aparecem pessoas com lindos coletes, que debitam verdades absolutas... foi trovoada seca... os meios não são os suficientes, mas eram os que existiam... as matas não estavam limpas... os aminhos não estavam cuidados... fomos apanhados de surpresa... ainda estamos da Fase Bravo e os meios previstos no DECIF são os normais para a época!... enfim, tudo balelas... tudo tretas de pessoas que nunca viveram um incêndio na vida.

Não tenho muita experiência. Não sou, nem fui bombeiro... mas a minha passagem pelas Forças Armadas, e a minha participação nos Planos Lira e Vulcano do Exército chega para dizer que os homens que estavam no local fizeram tudo o que estava ao seu alcance para que isto não tivesse este desfecho... o problema não está neles... a culpa não é dos Bombeiros (voluntários na sua maioria); também não é dos militares da GNR; nem tão pouco dos militares das FA; e atrevo-me a dizer que também não é apenas e só dos proprietários que não limpam as suas matas e as terras envolventes às suas casas; A CULPA É DOS POLÍTICOS QUE NOS (DES)GOVERNAM ano após ano, mandato após mandato... quando estão na oposição, a culpa é sempre do governo. Pelo menos até agora, porque agora, de repente, como que por obra e graça sabe-se lá de quê, a culpa passou a ser apenas da trovoada... e quando se chega ao governo, depois da calamidade da Madeira, vivida há pouco mais de 10 meses, nada se faz, nada se muda, nada se corrige. E pior que isso, nada se assume.

Não alinho no grupo dos que pedem  demissão dos governantes quando uma coisa destas acontece... a culpa da queda da Ponte de Entre os Rios não foi de Jorge Coelho... até tenho alguma simpatia pela senhora Ministra Constança Urbano de Sousa... mas acho desumano, triste, deplorável, ou mesmo, tal como diz Henrique Raposo na sua coluna no Expresso é "obsceno ouvir o Presidente dizer “fez-se o que era possível fazer” após 64 mortes provocadas pelo fenómeno mais previsível e mais estudado de Portugal." 

Sei que no desempenho das minhas funções não tenho feito tudo o que devia na prevenção... sei que devia investir mais na limpeza das matas e florestas que estão à responsabilidade da Junta de Freguesia a que presido... mas também sei que isso implica avultados investimentos e que esses investimentos têm que ser feitos noutras áreas... 

É necessário pensar as florestas. Não podemos continuar a ser os campeões da Europa em área ardida! Não nos podemos dar ao luxo de deixar ficar tudo na mesma... temos que ser capazes de lembrar os nossos políticos que é necessário tomar medidas para fazer face às consequências dos incêndios florestais.