sábado, 9 de outubro de 2021

Alocução proferida na Cerimónia de Instalação da Assembleia de Freguesia de Rebordões-Souto para o quadriénio 2021-2025

Alocução proferida na Cerimónia de Instalação da Assembleia de Freguesia realizada no passado dia 09 de outubro de 2021:

Exma senhora Presidente da Assembleia de Freguesia de Rebordões-Souto,
Exmos senhores Secretários e membros eleitos da Assembleia,
Caros companheiros de Executivo,
Público em geral,
Meus caros amigos,

Quero, em primeiro lugar, congratular-me com a elevada participação dos nossos concidadãos no ato eleitoral do passado dia 26 de setembro que conduziu à instalação e tomada de posse da Assembleia e Junta de Freguesia que hoje realizamos. Tal facto, aliado à forma pacífica e ordeira com que o ato eleitoral decorreu, é revelador do verdadeiro espírito democrático que se vive na Nossa Terra.

Quero, de seguida, voltar a agradecer a cada um de vós que em nós confiou. Em meu nome e em nome daqueles que me acompanham, quero agradecer a confiança e o reconhecimento pelo trabalho que fizemos e quero dizer que cada voto que recebemos, mais que ser visto como uma vitória, tem que ser visto como um desafio, para que, no futuro, sejamos capazes de fazer mais e melhor pela Nossa Terra.

Francisco Sá Carneiro disse um dia: "Propomo-nos a construir, não uma simples democracia formal, mas sim uma autêntica democracia política, económica, social e cultural. Primeiro Portugal, depois o partido, por fim, a circunstância pessoal de cada um de nós!"

O passado dia 26 de setembro foi o dia em que, com o ato eleitoral, terminou a campanha eleitoral e, com ela, terminou a luta pelos votos. A partir desse dia, todos nós, que hoje somos membros deste Executivo e desta Assembleia de Freguesia, passamos a ter um e só um partido: a Freguesia de Rebordões-Souto, a Nossa Terra, uma terra onde todos, mas mesmo todos nós, temos os mesmos direitos e as mesmas obrigações… uma terra onde todos somos chamados a dar o nosso contributo, a nossa opinião, o nosso melhor.

Perguntar-se-ão acerca da razão de utilizar esta frase para com ela iniciar esta minha alocução nesta primeira reunião de instalação dos órgãos autárquicos da Nossa Terra.

A resposta é simples: faço-o porque considero que esta frase resume, no essencial, tudo aquilo que deve ser a nossa forma de ser, a nossa forma de estar, a nossa forma de atuar na sociedade e principalmente dentro desta que é a casa da Democracia de Rebordões-Souto.

O meu partido, nas ruas e nos caminhos da Nossa Terra, na Junta de Freguesia, na Assembleia Municipal enquanto membro por inerência decorrente da minha condição de Presidente de Junta de Freguesia, na relação com a Câmara Municipal ou com outras entidades, foi, é e será sempre a Freguesia de Rebordões-Souto. Tal como já tive oportunidade de algumas vezes referir, é nessa condição que me encontro e foi, sempre, nessa condição que usei da palavra e exerci o meu direito de voto.

O meu propósito sempre foi e, sempre será, defender aquilo que julgo melhor para a Minha Terra. Tal como tive oportunidade de afirmar na sessão de 12 de dezembro de 2020 da Assembleia Municipal de Ponte de Lima, ao longo destes oito anos, na Assembleia Municipal, sempre votei os Planos de Atividade, as Contas de Gerência, e outros documentos, tendo sempre em conta a minha função de Presidente de Junta de Freguesia e nunca qualquer outra circunstância.

O mesmo se aplica na relação com o Executivo Municipal presidido ainda hoje pelo Presidente Vitor Mendes. E, estou certo de que assim continuará a ser com o Presidente eleito Vasco Ferraz.

Refiro isso porque considero que a nossa militância (ou simples simpatia) partidária e as circunstâncias pessoais de cada um de nós, devem, portanto, ceder, sempre, perante o interesse da Nossa Terra e dos nossos concidadãos.

Que bom que era se todos nós colocássemos em primeiro lugar Rebordões-Souto, depois o nosso Partido (se é que pertencemos a algum) e só depois a nossa circunstância pessoal.

Os oito anos que passam desde a minha primeira eleição para o cargo de Presidente da Junta de Freguesia de Rebordões-Souto foram anos de muito trabalho… uns, melhores que outros… alguns, como sabem, muito difíceis... e aqui, tenho que perante vós, reconhecer que, por vezes, na balança das minhas prioridades, terão pesado mais as minhas circunstâncias pessoais. E estas, aliadas à situação pandémica e à circunstância de a Freguesia de Rebordões-Souto ter visto as suas receitas diminuídas em função do início do funcionamento dos órgãos do Baldio, ditaram uma nova realidade em que faltam verbas para fazer aquilo que tem que ser feito.

Foram anos de muita luta. Uma luta travada nunca contra alguém, mas sempre só e só por Rebordões-Souto e pelas suas gentes.

O Executivo do qual orgulhosamente sou o primeiro responsável, nunca, repito, nunca entrou em guerra com outras instituições quer elas tenham sido outras autarquias, associações, ou mesmo empresas públicas ou privadas.

No entanto, o que tem que ser dito, tem que ser dito.

Sá Carneiro também disse um dia: “O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for.”

Quando fui eleito pela primeira vez, entendi que Rebordões-Souto não podia ser uma terra sem voz. Entendi que a minha principal função era levar as preocupações das nossas gentes a quem tem o poder de decidir e de fazer.

“O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for” e, não posso continuar a compactuar com a realidade que nos mostra que, apesar de todas as boas intenções, pouco ou nada mudou e, as Juntas de Freguesia, na sua maioria, estão muito dependentes das Câmaras Municipais, dos seus Presidentes e das suas vontades, quer para celebrar contratos ou para aprovar um ou outro investimento, um ou outro apoio para a realização de uma qualquer obra que, por mais pequena que seja, na maioria das vezes ultrapassa o nosso pequeno orçamento.

“O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for” e ignorar a realidade que nos mostra que, apesar do acréscimo de competências e de responsabilidades, o orçamento das Freguesias tem aumentado quase nada. E que, para além das verbas recebidas diretamente do Orçamento de Estado, que geralmente apenas cobrem as despesas correntes, para tudo o resto, continuamos completamente dependentes das transferências e das boas vontades do Município, fazendo com que, tenhamos que andar quase de chapéu na mão, como que a pedir o apoio necessário para satisfazer as necessidades das nossas gentes.

“O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for” e continuar a assistir a distribuições arbitrárias do bolo, outrora chamado de pote. Não posso continuar a assistir à falta de critério na distribuição de apoios que deveriam ser equilibrados e feitos de acordo com as reais necessidades das Freguesias. Não posso concordar que a uns tanto seja dado e a outros tão pouco.
Senhora Presidente, senhores membros da Assembleia, exmos senhores e senhoras,

Relembrando a primeira frase de Sá Carneiro que hoje citei, apraz-me dizer que à primeira vista, e desculpem-me se estou a exagerar, por vezes, infelizmente, parece que invertemos a ordem da frase de Sá Carneiro. Parece que, por vezes, colocamos em primeiro lugar a circunstância pessoal de cada um de nós, depois o partido e só depois o interesse da Nossa Terra.

Parece-me que, por vezes, a nossa ambição e o nosso interesse, pessoal ou de outra ordem, ultrapassam em muito aquilo que deveria ser o nosso interesse pelo bem-estar da Nossa Terra e das suas gentes. 

Parece-me que, por vezes, somos levados pela tentação do mais fácil...

Há uns dias, nesta mesma sala foi dito que não foram feitas obras porque não quisemos fazê-las. Pois bem:
• pedimos, melhor, insistimos, desde 2014 para que o Executivo Municipal faça obras de fundo nos CM 1262 / Rua do Mirante e Rua de Nossa Senhora do Amparo) e CM 1254 / Rua de Água Levada. No mandato que terminou em 2017, recebemos apenas uma pequena lavagem de cara que foi feita na Rua da Água Levada. No mandato que terminou em 2021, recebemos a promessa de que a obra seria feita. Essa promessa foi feita pelo Presidente Vitor Mendes publicamente na Assembleia Municipal de 12 de dezembro de 2020. Há que reconhecer que posteriormente se deslocou à Freguesia para ver com os seus próprios olhos aquilo que lhe tinha sido comunicado. Esperemos que, definitivamente, o futuro Presidente cumpra esta promessa;
• também fomos acusados de que o Cemitério Paroquial não foi feito porque não quisemos; a verdade diz que só agora foi conseguido o acordo para que o cemitério cresça para cima do terreno que pertence à Fábrica da Igreja;
• e, continuaremos a pedir, porque já pedimos desde 2014 que se façam obras de beneficiação do campo de jogos da Carapita;
• mas sim, é verdade que não quisemos fazer obras; não quisemos fazer à pressa como em tempos idos se fazia; não fizemos as obras, mas conseguimos o apoio para a obra de alargamento da Rua de Lobagada; para a Rua do Faroleiro e para a Rua do Freixoeiro; para a obra de arranjo do exterior do polidesportivo. E outras se seguirão.

“O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for” e como tal, continuarei a levar a quem de direito os nossos lamentos.

Não me posso calar e entendo que todos, enquanto membros desta Assembleia, estão impelidos a acompanhar-me nesta missão de fazer chegar ao Executivo Municipal estes nossos anseios. O meu e o vosso interesse é, só pode ser, o interesse da Nossa Terra.

Para isso fomos eleitos. Todos nós, membros do Executivo, membros da Assembleia de Freguesia, só podemos ter um partido: a Nossa Freguesia. Julgo que, em tudo o que até hoje fizemos, assim tem sido e assim vai continuar.

Termino senhora Presidente,

Com alguns agradecimentos:
- em primeiro lugar, e como fiz no início agradeço uma vez mais a todos aqueles que em nós confiaram;
- em segundo lugar, quero agradecer ao Filipe Reis e à Clarisse Pereira: agradeço todo o apoio com que me acompanharam nestes quatro anos de caminhada. Agradeço a compreensão pelas minhas ausências e a forma dedicada e competente com que sempre souberam substituir-me;
- em terceiro lugar agradeço a forma dedicada, digna e competente como a senhora Presidente da Assembleia desempenhou a sua importante função; na sua pessoa, agradeço a todos os membros da Assembleia de Freguesia que durante quatro anos souberam colocar o interesse de Rebordões-Souto acima de todo e qualquer interesse; e, na sua pessoa, formulo votos de que assim continue no mandato que agora iniciamos.
- em quarto lugar agradeço a todos aqueles que numa ou noutra situação nos ajudaram; e foram muitos: recordo, na pessoa do falecido José da Silva Leitão e, na memória de tudo de bom que ele fez, todos aqueles que nos ajudaram e, sinceramente, agradeço a todos os que contribuíram para melhorar esta Nossa Terra;
- em quinto lugar, e porque a memória tem que ser preservada, quero reconhecer, uma vez mais, o trabalho nesta Assembleia do Manuel de Sousa Loureiro que nos deixou tragicamente no decurso do mandato anterior e dizer que, a sua forma de ser e de estar, deixou marcas profundas em todos nós;
- por fim, não posso deixar de agradecer à minha família e aos meus amigos. Sempre me apoiaram nesta e noutras caminhadas. Diz o ditado popular que “por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher”; antes de mais quero dizer que não me considero um grande homem… sou o que sou!… e reconheço que tive uma grande mulher que, enquanto lhe foi possível, sempre me apoiou e encorajou a fazer sempre mais por Rebordões-Souto. E, agradeço do fundo do coração a compreensão da minha filha que se vê tantas vezes privada da minha companhia;

Uma boa gestão de uma Freguesia não é, nem pode ser, tarefa de um só homem, ou das três pessoas que constituem o Executivo.

Uma boa gestão é o resultado daquilo que todos, em conjunto, conseguirmos fazer de bem pela Nossa Terra.

Nós, o Executivo da Junta de Freguesia e a Assembleia de Freguesia, somos apenas a face mais visível dessa gestão. Podem continuar a contar connosco!... Eu conto com todos!...

Provavelmente, o amanhã poderá vir a mostrar-me que algumas coisas poderiam ter sido feitas de forma diferente. Porém, é no aqui e no agora que a nossa vida se faz. E, no aqui e no agora, tenho procurado sempre dar voz e resposta aos anseios e necessidades de todos nós, procurando colocar sempre acima de tudo, em primeiro lugar Rebordões-Souto (Portugal), depois o partido, e por fim, quando me foi possível, a minha circunstância pessoal.

Muito obrigado a todos por continuarem a acreditar que a Nossa Terra pode ser a melhor terra do mundo!...

Um grande abraço,

Rebordões-Souto, 09 de outubro de 2021
Filipe Amorim,
Presidente da Junta de Freguesia de Rebordões-Souto