terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 26 // Carlos Aguiar Gomes

SILERE NON POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 26

BRAGA, 24 - Fevereiro - 2023

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PAX

«Chama-se consciência esse lugar onde o bem tenta fazer-se ouvir!...»
(João Aguiar Campos - in “Cochichos”) 




Ninho da carriça

O autor que cito no topo desta minha Carta, é Sacerdote por vontade de Deus e sua decisão, Cónego do Capítulo Primacial de Braga por determinação por Arcebispo de Braga, Dom Eurico Dias Nogueira de saudosíssima memória e um dos grandes escritores vivos por… inspiração do Espírito Santo! Ousaria dizer que o escritor João Aguiar (infelizmente não sou seu parente!) é, usando um neologismo que criei, um verdadeiro “ecomístico” cristão. Verdadeiro. Autêntico. Que em cada um dos seus curtos mas profundos escritos nos remete para o Criador. Sempre.

João Aguiar Campos acaba de editar a sua última obra neste mês de Fevereiro – “COCHICHOS” – e teve a gentileza e amizade que sabe que tanto minha Mulher como eu lhe dedicamos há muitos anos de nos oferecer um exemplar cuja dedicatória não posso deixar de transcrever:

«AOS AMIGOS CARLOS E LUÍSA, COM UM ABRAÇO DO MANO»

Obviamente que ficámos os dois muito enternecidos. Muito, mas mesmo muito, sensibilizados!

«COCHICHOS», que já comecei a ler, não é um livro qualquer nem para “beatos”. “COCHICHOS” é uma obra prima de espiritualidade profunda. Nada está a mais. Tudo, foi depurado para nos deixar o essencial. Assim, tenho que me moderar na sua leitura encantatória. Como diziam os místicos medievais, este livro é para “ruminar”. Ler devagarinho. Voltar várias vezes atrás para saborear o sentido de cada frase. Leitura para se fazer peça a peça. Nunca por atacado. Pelo que já li e foi pouco, estou deslumbrado e “alimentado” espiritualmente.

João Aguiar habituou-nos, há muitos anos e muitas obras, a uma escrita rara pelo cuidado em excluir o exibicionismo palavroso. Prefere e usa o despojamento de palavras supérfluas. Os seus trabalhos são verdadeiras obras primas da mística contemporânea. Usa de factos observados - é um excelente observador! – que a Natureza e a vida lhe passam pelos olhos e que não deixa escapar. Basta, neste livro, olhar para a capa… os pardais pousados nos fios da electricidade lhe inspiraram o título - COCHICHOS - como parecem que é “virtude” de pardais quando juntos: saber cochichar! Por isso, disse mais acima que João Aguiar é um ecomístico, neologismo que lhe assenta como uma luva, pois parte da vida da natureza para nos convidar a olhar mais alto e mais além. Do outro, que pode ser um simples pássaro, um ninho com passarinhos esfomeados aguardando a comida que os pais lhes hão-de trazer ou uma pedra do caminho, João Aguiar convoca-nos para olhar para o “totalmente Outro”. De outro em outro para o Outro, um percurso que nem todos sabem fazer nem olhar!

Como já referi, comecei a ler COCHICHOS e não o vou acabar tão cedo. Exige “ruminação”, mas já li alguns “pedaços” desta prosa “nutritiva para a alma”. Vou transcrever uma (159) que me tocou particularmente e me fez bater o “mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa” pelo meu mau agir quando o comparei com João Aguiar neste trecho em que deveríamos ter a mesma idade:

“Vamos aos ninhos?” – perguntávamos aos colegas de brincadeira, no dia de descano da bola.

Confesso que não era nada que me atraísse muito: temia que algum descuido partisse os ovinhos, os passarinhos ainda carecas se assustassem, seus pais fugissem desconfiados e os abandonassem...». Já em menino e moço era um ser sensível! Eu não reagia assim! Só não contava os ovos pois tinha-me sido dito, que isso não era bom e os passarinhos não nasciam se eu os contasse! … E ia aos ninhos!

João Aguiar via a transcendência nos «bicos em triângulo amarelo a abrirem-se de fome e os pios chorados. Leio, por isso, sempre com renovada ternura, a referência de Jesus ao amor de Deus pelos pardais, para explicar o amor que nos tem…».

Caros Amigos-leitores digam-me se João Aguiar não foi (e é) um ecomístico?

Ir aos ninhos, hoje e para mim, desperta outra “nidovisão” da que tinha em garoto que adorava “ir aos ninhos” nas árvores, nas ramadas da vinha ou nos buracos das paredes! … E se eram de Serezinas!!!  Agora, velho, sei o significado do respeito pelos ninhos e tal respeito incuto aos meus netos. Comungo do misticismo de João Aguiar face à Natureza que entendo como útero da vida e não como “Mãe Natureza”, pois, para mim é Deus o único autor da Vida!

Obrigado “mano” João Aguiar por esta pérola preciosa que, em boa e inspirada obra, produziu e colocou nas nossas mãos. Assim sejamos dignos de a ler. … E venham outras!

Face aos ecologistas ateus não posso calar que Deus é a única “Fonte da Vida” e que a Terra não gera vida, apenas a acolhe. João Aguiar é um cantor de Deus pela Natureza!


SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes, Braga, 24 de Fevereiro de 2023.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 25 // Carlos Aguiar Gomes


 SILERE NON POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 25

BRAGA, 16 - Fevereiro - 2023

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PAX

«Não vivemos, somos condicionados, doutrinados, manipulados,
para sermos somente servos de um sistema»
(Pierre Radhi) 



Nossa Senhora da Vida

A frase com que abro esta minha Carta é de um autor argelino, naturalizado francês, nasceu na Argélia (29.V.1938) e faleceu em Lyon (França) em 4 de Dezembro de 2021. Muçulmano converteu-se ao catolicismo e acabou por deixar qualquer prática religiosa. Concordo plenamente com este autor na afirmação que transcrevo. 

De facto vivemos numa sociedade totalmente manipuladora que nos torna escravos do sistema do “Pensamento único” e que a toda a hora nos manipula o nosso ser e estar.

Desculpem-me os meus Amigos-leitores de, mais uma vez, voltar à Eutanásia. E volto pois a situação que é grave nos países que já a liberalizaram será, igualmente, grave naqueles que se preparam para a legalizar como é o caso de Portugal. Como tenho dito e redito, a legislação sobre a Eutanásia começa sempre por ser restritiva e cheia de “compaixão” para os grandes sofredores (segundo a versão dos seus defensores). A experiência da Bélgica ou da Holanda comprovam o que acabei de escrever.

Os meios académicos já há muito tempo que se andam a mexer no apoio à legalização da Eutanásia, sobretudo os que dedicam às chamadas “Ciências Sociais”. 

Recentemente (14.II.23) fui confrontado com esta notícia:

«Afinal a saída para o problema é bastante clara, o seppuku (harakiri) da população idosa». E qual é o problema para o qual há saída? Haver cada vez mais velhos. E qual é a solução?... Diminuir as reformas, dificultar a vida dos velhos, e obrigá-los a eutanasiarem-se!

O proponente desta “sábia” solução é um cientista da famosa Universidade dos EUA, a Universidade de YALE. Seu nome: Yusuke Narita, um japonês de 37 anos, professor de Economia na dita Universidade. Este professor universitário tem centenas de milhar de seguidores que “estão convencidos que os anciãos devem morrer para dar vez às jovens gerações!”.
Portugal como o Japão são países de fortíssimo envelhecimento populacional graças a duas ordens de razões:
  1. O aumento da esperança de vida graças à enorme melhoria da qualidade de vida, progresso da medicina e acesso mais facilitado aos cuidados de saúde;

  2. Campanhas ferozes contra a natalidade: apoio profundo e sistemático por todos os meios ao “controlo da natalidade” e campanhas agressivas para a liberalização do Aborto. Assim, criou-se uma mentalidade contraceptiva generalizada. Um filho é, quando se deixa nascer, um brinquedo para satisfação do egoísmo dos pais. E nem pensar ter mais do que um descendente.
Bem sei que as condições de vida dos jovens trabalhadores são muito difíceis e a sociedade é muito egolátrica e despreza tudo e todos os que não “rodopiam” à volta do seu umbigo. Sim e estas condições são desmotivadores para os casais que pretendem ter mais filhos. Entretanto os políticos “divertem-se” e enchem escandalosamente os seus bolsos, os dos parentes e amigos ignorando e fingindo desconhecer, as reais dificuldades dos seus eleitores.

Perante este quadro negro quanto ao futuro próximo que se pode fazer face aos grandes manipuladores que nos querem escravos acéfalos?... Mas que votem neles!

Sempre e sem desfalecer, proclamar aos “quatro ventos”, que sem substituição de gerações não há futuro e que o futuro não pode passar pelos “campos de concentração” que são muitos Lares da Terceira Idade onde a Eutanásia será a solução final. Precisamos de políticas francamente e muito claramente pró-vida onde não podem caber o Aborto e a Eutanásia que são o contrário de uma sociedade que quer ter futuro.

Precisamos de corajosas políticas que valorizem a maternidade/paternidade e o dom da vida! 
Carecemos de políticas natalistas e não anti-natalistas. Além disso, temos, cada um de nós tem, a obrigação de não se deixar manipular e escravizar pelos agentes demolidores da nossa Cultura anti-vida (da concepção à morte natural).

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes, Braga, 16 de Fevereiro de 2023.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

14 de fevereiro - dia dos Santos Cirilo e Metódio (co-Padroeiros da Europa)



A Igreja celebra hoje, 14 de fevereiro, o dia dos Santos Cirilo e Metódio, co-Padroeiros da Europa

Estranhamente, nesta altura em que a Europa Cristã se desfaz, os nomes dos grandes homens e grandes santos, obreiros desta civilização são esquecidos. 

Infelizmente, nesta Europa mercantilizada, vitima do capitalismo atroz que a todos devora, o "santo do dia" foi São Valentim... um "santo" sobre o qual não há grande conhecimento, e que a Igreja retirou do seu calendário litúrgico em 1969... um "santo" que é o padroeiro do amor... pena é que este amor não seja o verdadeiro AMOR... mas sim, principalmente (mais) um apelo ao consumo desenfreado que nos consome a todos!

São Cirilo, Monge e São Metódio, Bispo, nasceram em Salónica, na primeira metade do século IX e tornaram-se apóstolos dos povos eslavos, na Morávia, atuais repúblicas Checa e Eslovaca, e na Panónia, atual Croácia. 

São Cirilo foi um dos grandes responsáveis pela expansão do cristianismo ortodoxo entre os Eslavos do Leste Europeu no século IX. Uma das suas realizações mais importantes foi a elaboração de um alfabeto adaptado às línguas eslavas, conhecido posteriormente como alfabeto cirílico.

Ele e seu irmão Metódio (ambos são os santos patronos da Europa) foram importantes durante as disputas ideológicas e tensões entre o Império Bizantino e o Sacro Império Romano-Germânico e também na aculturação dos povos Eslavos pelo Cristianismo.

A eles se deve a tradução da Bíblia e os livros litúrgicos para a língua paleoeslava.

As suas iniciativas missionárias foram aprovadas pelo Papa Adriano II. Cirilo adoeceu, acabando por morrer na cidade, e sendo sepultado na igreja de S. Clemente. Metódio, ordenado bispo, regressou à Morávia, falecendo aí no ano de 885. Os seus discípulos, expulsos do país, refugiaram-se na Bulgária. 

Sobre estes santos, o Papa João Paulo II, Magno, disse em 1981:

«Como Paulo e Barnabé, os santos Cirilo e Metódio, irmãos no sangue e mais ainda na fé, foram intrépidos seguidores de Cristo e incansáveis pregadores da Palavra de Deus.
Nascidos em Tessalónica, cidade onde São Paulo desenvolveu parte da sua atividade apostólica e a cujos primeiros fiéis enviou duas Cartas, os dois irmãos entraram em contacto espiritual e cultural com a Igreja patriarcal de Constantinopla, então florescente pela cultura teológica e pela atividade missionária, e souberam unir as exigências e os compromissos da vocação religiosa com o serviço missionário. Os Czares da Crimeia foram as primeiras testemunhas do ardor apostólico deles; mas a sua mais importante obra evangelizadora foi a missão da Grande Morávia, empreendida depois que o príncipe Rastislau da Morávia lhes tinha conseguido a permissão do imperador e da Igreja de Constantinopla.
A obra apostólica e missionária, tão complexa e diversificada, dos santos Cirilo e Metódio, considerada hoje à distância de onze séculos sob multíplices aspetos, apresenta-se rica de uma extraordinária fecundidade e também de uma excecional importância teológica, cultural e ecuménica: aspetos estes que interessam não só à história da Igreja, mas também à civil e política de uma parte do Continente Europeu.» … «Cirilo e Metódio foram dois autênticos "operários" da messe de Deus.» … «E neste dia da sua festividade, a Igreja, exaltando a meritória ação apostólica deles, está consciente de ter hoje ainda mais necessidade de cristãos capazes de dar o seu contributo de compromisso, de energia e de entusiasmo para o anúncio da mensagem de salvação em Cristo Jesus».


sábado, 11 de fevereiro de 2023

… um mundo, em que tudo é amor, mas em que tão pouco se ama


… a sua casa era ela!

… um amor grande, um amor enorme é sempre maior do que a vida, é sempre até ao fim, é sempre o que mais se aproxima do absoluto.

Sempre que me é possível, ouço! Quando posso, leio!… nem sempre concordo… mas gosto de ler ou ouvir o Postal que Luís Osório nos endereça todos os dias na TSF.

Este postal, ouvi-o… ouvi-o e li-o!…

Neste nosso mundo, em que tudo é amor, mas em que tão pouco se ama, ver histórias destas (A minha história de amor preferida) e declarações de amor como aquela que o Luís Osório fez merece uma reflexão séria sobre o que é realmente amar…

PS.: Eu também acredito convictamente que o meu amor irá durar até ao último dia da vida.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Chega de falar no CHEGA!...

 Hoje o Forum da TSF perdeu duas horas a discutir um assunto menor: o relacionamento entre o PSD e o Chega.

Relativamente a este assunto, penso que Luís Montenegro fez muito bem ao rejeitar uma geringonça à direita e dizer que só governa se o PSD vencer as eleições… destas declarações resulta bem claro que Luís Montenegro, ao contrário de António Costa, não estará disposto a tudo para ser Primeiro-ministro. 

O grande problema é que vencer as eleições pode, uma vez mais, não chegar se, o oportunismo de um qualquer novo Costa, quiser, de novo, evitar que o PSD governe Portugal… e aqui está o grande dilema com que todos se poderão ter de confrontar uma vez mais. 

Mas, engraçado mesmo é estarmos a discutir isto nesta altura… mais engraçado ainda são as tentativas de António Costa e dos seus apaniguados de, nesta altura quando faltam mais de três anos para as eleições legislativas, tentar trilhar o mesmo caminho de 2021/2022 e acenar com o bicho papão de uma pretensa união entre o PSD e o Chega… que será isto? Será eventualmente a constatação de que as coisas não estarão a correr da melhor forma e que se lhe estão a acabar as desculpas para nada fazer? Será que finalmente António Costa se apercebeu que está a perder o apoio? 

Esta tentativa de colar o PSD ao Chega é, tal com o Montenegro diz, uma distração, um teatro político… no fundo, o que transparece das declarações de António Costa é que está chateado com André Ventura e com o seu CHEGA por este preferir o PSD; sinceramente, imagino António Costa, verdadeiro especialista em uniões, especializado em ultrapassar linhas “vermelhas” ou de outra cor qualquer, a ser capaz de dar a mão ao André Ventura se disso necessitasse só para se manter no poder.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 24 // Carlos Aguiar Gomes

SILERE NON POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 24

BRAGA, 09 - Fevereiro - 2023

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PAX

«A ignorância é o elemento mais violento da sociedade» 
(Emma Goldman)



Nascida na Lituânia em 27 de Junho de 1869 e falecida em Toronto (Canadá), Emma Goldman, foi uma conhecida activista da esquerda anarquista, muito influenciada por Marx. Quem diria que eu iria buscar um dos seus pensamentos para encimar esta minha Carta! … Mas não posso deixar de concordar com esta anarquista, a que nada me liga, sendo a frase acima transcrita da sua autoria! Na realidade a ignorância é atrevida, como diz o nosso povo mas , também, é causa da violência da sociedade que não sabe, não pode nem quer pensar. A ignorância, hoje tornou-se violenta! Violenta porque usa a ignorância para perseguir e “poluir” o pensamento. A chamada Teoria do Género é a prova do que acabo de referir. Vamos a factos.

Em 1905, Nettie Maria Stevens, extraordinária cientista, bióloga, americana, ao identificar os cromossomas X e Y em seres humanos, constatou que estes cromossomas ditos sexuais, apareciam nas mulheres, em todas as suas células, excepto nos gâmetas femininos, em par – XX – e nos homens XY. Nos gâmetas femininos, os ovócitos, todos tinham só um cromossoma X e nos homens, nos espermatozoides, tanto aparecia o cromossoma X (cerca de 50%) como o Y. Aquando da fecundação, o ovo ou zigoto, a primeira fase da nossa existência, será marcado e portador de um par de cromossomas XY para os homens e XX para as mulheres. Esta é a Biologia e a Genética que o confirmam. Não é um palpite. Não é um desejo nem ambição. Também não há hipóteses nenhumas de fazer a separação destes cromossomas nas formas evolutivas subsequentes. Assim, um ser humano, que tem 46 cromossomas (23 pares), destes, 22 pares são chamados autossómicos e o par restante designam-se por cromossomas sexuais pois são estes que determinam o sexo de cada um de nós e que não há desejo ou vontade que os mudem! 

Assim, nasce-se Homem ou Mulher!

Se alguém não gosta, embirra ou não se identifica com o sexo com que nasceu, não deixa de ser o que nasceu! Pode, naturalmente, graças ao avanço das técnicas médicas e bioquímicas, passar a aparentar outra modalidade simulada  de sexo. É aqui que entra a “Teoria do Género” que afirma que o sexo, e os órgãos conexos, não passam de “construções sociais”. Ou seja, a sociedade e o próprio, construíram e constroem outra modalidade baseada no seu desejo ou imagem que quer ter de si próprio. Não tem pénis, faz-se um. Tem mamas, retiram-se. Tem pilosidade nos sítios normais para homens, “limpam-se”. As hormonas e as cirurgias vão recriando o que pretendem rasoirando o que lá estaria por determinação genética! E as próprias crianças podem começar muito cedo os tratamentos necessários a satisfazer o ego do próprio. E há tratamentos que provocam mudanças irreversíveis!, tantas vezes ignoradas ou não informadas.

A espécie humana – Homo sapiens – obedece a esta norma biológica: dois sexos, diferentes mas complementares.

Existe, hoje, uma perseguição feroz contra quem tem a Ciência por companheiro e apoio contradiz estes “desejos”.

Jesús Barró, espanhol, professor, licenciado em Ciências Geológicas pela Universidade do País Basco, foi docente durante 30 anos e tem um curriculum notável como investigados e escritor desportivo. Em 19 de Abril de 2021 começou a sua perseguição porque explicou aos seus alunos “que do ponto de vista científico e biológico, os conceitos de sexo (XX para as mulheres e XY para os homens), o género (masculino e feminino, num processo de desenvolvimento desde os dois anos de idade até à adolescência) e o conceito de transexual como mudança de aparência (através de um processo hormonal ou operações médicas) de um homem e de uma mulher, mas a transformação cromossómica, não é possível para a Ciência.” … Ora nesse momento começou o seu processo de linchagem na escola e nas esferas superiores do ensino local. Pura e dura perseguição baseada em preconceitos ideológicos que levaram Jesús Barró a ser sancionado… por ensinar Ciência e não Ideologia! E é para leccionar Ciência que é pago e é o que tem a obrigação de ensinar sem manipular os adolescentes a quem tem a obrigação de transmitir Ciência. E a existência de cromossomas (somáticos e sexuais) são um facto observável com o microscópio. Não são uma “construção social” de uma sociedade sexista, machista, patriarcal e etc, etc.
Estamos em plena época de obscurantismo!  De perseguição totalitária e falsa. A “verdade” passou a ser subjectiva e subserviente á ideologia da moda que tudo acha que pode fazer para desconstruir a Pessoa Humana. A ignorância procurada e imposta é, na realidade, uma forma brutal de violência!
Poderei ficar calado? 
Poderemos ficar calados?

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes, Braga, 9 de Fevereiro de 2023.

sábado, 4 de fevereiro de 2023

Da im(p)unidade parlamentar…

Ontem a AR rejeitou o levantamento da imunidade parlamentar a Catarina Martins num processo apresentado pelo Chega que pretendia que a deputada fosse ouvida e constituída arguida e acusada de difamação na sequência de declarações proferidas na noite das últimas eleições legislativas, há um ano quando afirmou, referindo-se ao Chega, que "cada deputado racista eleito no parlamento português é um deputado racista a mais".

Há pouco mais de seis meses, André Ventura viu a sua imunidade ser levantada num processo, relacionado com um queixa de difamação apresentada por Mariana Mortágua por causa da republicação do tweet que acompanha este post…

O Parlamento também levantou a imunidade a Inês Sousa Real para responder a uma ação de alegada difamação colocada pelo veterinário Joaquim Grave, sobre tauromaquia.

Enfim…

PS.: não voto, nem votarei neste partido. No entanto, com atitudes destas, parece-me óbvio que lhe estão a estender um tapete para um grande resultado

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 23 // Carlos Aguiar Gomes

  SILERE NON POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 23

BRAGA, 02 - Fevereiro - 2023


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PAX

«A cultura europeia dá a impressão de uma “apostasia silenciosa” por parte do homem saciado, que vive como se Deus não existisse.» 
(S. João Paulo II Magno, in “Ecclesia in Europa”, n.º 9)

A frase com que inicio esta minha Carta, do grande Pontífice S. João Paulo II Magno, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Ecclesia in Europa” de 28 de Junho de 2003 é uma evidência que não carece de demonstração. Basta ver a realidade à nossa volta. Há, na realidade, uma apostasia generalizada em toda a Europa e Portugal não escapa apesar de vermos multidões em grandes santuários como Fátima em que a Fé e a superstição se enlaçam de modo clamoroso ou o modo como os católicos exercem o seu direito de voto ou a indiferença destes, se não mesmo concordância, daqueles face a temas tão importantes como a Eutanásia. Não precisamos de ser peritos em análises sociológicas. Chega ver e sentir a nossa realidade.

Um dos sintomas mais evidentes e clamorosos é vermos a quantidade gigantesca de igrejas ou mosteiros que estão a ser abandonados, o ou transformados em cafés, restaurantes, museus, mesquitas ou supermercados. Esta situação também se passa em Portugal, de Norte a Sul. Veja-se, por exemplo, que o Museu do Dinheiro, funciona na igreja de S. Julião, ao lado da Câmara Municipal de Lisboa! E já nos apercebemos da quantidade enorme de antigas capelas de casas senhoriais que foram modificadas para serem espaços de lazer, garagens ou outra coisa qualquer? E que dizer da enormidade de antigas ermidas espalhadas pelo nosso país e que espelhavam a Fé de um povo que estão em ruínas? Todas, construídas com enormes sacrifícios mas com uma enorme devoção.

Estes templos abandonados, destruídos ou transformados foram espaços de oração dos nossos antepassados. Aí casavam, se baptizavam, rezavam por vivos e mortos. Eram espaços de passado, de presente e futuro voltados para Deus. Aí se ia, a pé ou a cavalo, em peregrinação em horas de dor ou como prova de agradecimento. Tudo ruiu! Abandonado. Destruído. E na melhor das hipóteses, transformadas em museus domésticos.

Quantos destes templos foram construídos, por amor a Deus, com “sangue, suor e lágrimas” dos nossos antepassados? Quanto sacrifício representam feito por nossos Avós? Espelhavam, porém, uma Fé viva, talvez não muito académica mas muito verdadeira e sentida. Deixem-me, caros Amigos-leitores, fazer-vos uma pergunta absolutamente néscia: Jesus veio ao mundo para criar Universidades, incentivar a vaidade cultural ou com os simples e para os simples fazer o anúncio do Reino de Deus? O Verbo veio para salvar os homens, todos e cada um. Não veio para salvar o planeta nem alertar para as “alterações climáticas” tão na moda hoje. Também não veio para “desfiles” de opas e capas com “manequins” inconsequentes! Veio pedir a nossa conversão permanente.

Recentemente, o “Tagesspiegel”, de Berlim, perguntava: «Que fazer das igrejas de Berlim?» em que um quarto das igrejas desta arquidiocese irão fechar. Ou que na Inglaterra 4000 igrejas foram encerradas em 10 anos; um terço das igrejas de Bruxelas, 1000 nos Países Baixos ou 10 000 em França tiveram o mesmo destino…

Agora, com dados indesmentíveis da Conferência Episcopal Alemã, que não é, de todo, conservadora, referirei que em 2022, nas 27 dioceses alemãs, somente 33 seminaristas foram ordenados como sacerdotes e em 10 não houve nenhuma ordenação. E quanto aos leigos, segundo a mesma fonte, 359 338 abandonaram a Igreja em 2021. É a debandada geral. Lá e cá. … Com a diferença de por cá não termos (ou não querermos) ter números. Ah!, se os tivéssemos … creio que não teríamos surpresas e que não difeririam do que se passa pela Europa.

Entre as igrejas em ruína, abandonadas, destruídas ou vendidas para o mercado voraz da construção civil e o descalabro da Fé nesta Europa que esquece e/ou rejeita as suas raízes cristãs, a meu ver, há uma correlação que não precisa de algorítimos matemáticos para a confirmação desta minha dedução. 
Dá que pensar! A mim, pelo menos, dá-me muito que pensar e lamentar o estado a que chegamos perante a indiferença de quem não poderia nem deveria ser indiferente. A começar pelos altos patamares da hierarquia e a acabar em mim!

Como dizia S. João Paulo II Magno na citada Exortação Apostólica (n.º 41):
«… São precisos itinerários pedagógicos que tornem os fiéis-leigos idóneos a aplicarem a fé nas realidades temporais. Tais percursos baseados sobre tirocínios sérios de vida eclesial e de modo especial sobre o estudo da doutrina social, devem poder fornecer-lhes não apenas doutrina e motivações, mas também adequadas linhas de espiritualidade que animem o compromisso vital como autêntico caminho de santidade.»

«… Por isso, a ti, Igreja que vives na Europa, dirijo um premente convite: sê uma igreja que reza, louva a Deus, reconhecendo-Lhe o primado absoluto e exalta-O com jubilosa fé. Redescobre o sentido do mistério…») id. n.º 69).


Carlos Aguiar Gomes, na festa da Apresentação do Senhor no Templo.