Diz-nos o Expresso (https://expresso.pt/politica/2020-11-29-Portugal-ao-lado-da-Hungria-e-da-Polonia-contra-mecanismo-de-defesa-do-Estado-de-Direito-na-UE) que o nosso governo, defensor único das liberdades, direitos e garantias que só podem ser defendidas e garantidas pela esquerda, esteve alinhado com a Hungria e com a Polónia (Estados que violam todos os dias e em todas a horas esses mesmos direitos) nas críticas à proposta da Comissão Europeia que visava que as políticas orçamentais ficassem dependentes do respeito dos países pelo Estado de Direito.
Quem diria que o Governo Português, paladino da defesa do Estado de Direito, na hora de contar trocos (milhares de milhões de euros) para gastar com os mesmos do costume, se insurgisse contra a inclusão desta linha vermelha...
Em boa verdade, nada que surpreenda: também assim foi quando em 2015 ultrapassou outras linhas vermelhas e se associou a radicais de esquerda anti-europeístas e defensores de algumas ditaduras comunistas...
Marcelo Rebelo de Sousa, por ocasião dos 40 anos do “acidente” de Camarate afirmou que Sá Carneiro “poderia vir a ser Presidente da República” e disse que ele foi Um político que sonhou uma social- -democracia à portuguesa:
“Apesar da frieza analítica com que expõe as linhas programáticas do partido, Sá Carneiro não consegue ser imune ao galope da Revolução. Os sintomas mais claros dessa, embora limitada, cedência verbal é o teor da entrevista de 10/1974 e dos discursos no comício nacional e no I Congresso, que converte nas palavras mais radicais proferidas em toda a vida política de Sá Carneiro. Exemplos: na conferência de imprensa de 30/10/1974, a afirmação de que ‘não haverá verdadeira democracia sem socialismo, nem socialismo autêntico sem democracia’; de que o PPD pretende ‘reunir todos os que comungam nos valores do socialismo democrático’; de que importa lançar uma ponte entre a construção do socialismo democrático na Europa e as experiências socialistas do Terceiro Mundo, com uma posição responsável, ‘anti- -imperialista, solidária com os países subdesenvolvidos’. No discurso do comício: o fim das guerras coloniais e a solidariedade com o início da descolonização efetiva; no reforço da unidade em torno do Presidente Costa Gomes, no combate à reação e na proibição das atividades dos partidos e movimentos neofascistas (...)”
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, marcou hoje as eleições presidenciais para o próximo 24 de janeiro de 2021... e não desvendou o tabu...
Como as coisas mudaram neste nosso Portugal... nunca o sorriso, a selfie, e abraço e folclore valeram tanto... nunca tanto se desculpou... e, no entanto, nunca tanto ficou por cumprir de tanto se prometer...
Recordo bem a critica que se fez ao Presidente Cavaco Silva pela sua não resposta às insistentes perguntas acerca da sua eventual candidatura a Presidente da Republica...
Continuo na expectativa de ver o Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa a cumprir a sua promessa...
Cada um de nós nasce Com um artista lá dentro Um poeta, um escultor, um aventureiro Um cientista, um pintor, um arqueólogo Um estilista, um astronauta, um cantor Um marinheiro
E o sonho e a distância, e o tempo e a saudade Deram-nos vida, amor, problemas, mentiras e verdade E damos por nós mesmos descobrindo que agora Agora se calhar, já é um pouco tarde
E nas memórias velhas e secretas da menina Mora sempre aquele sonho de ser Bailarina, atriz, modelo, princesa, muito rica, eu sei lá Mas os anos correram num assombro E a vida foi injusta em qualquer jeito Para a chama indelével que ainda arde E os filhos, os filhos são bonitos no seu peito Mas agora é que, pra certas coisas Agora já é tarde
E nos papéis antigos que rasgamos Há sempre meia dúzia que ainda guardamos São os planos da conquista do Pólo Norte Que fizemos um dia com sete anos numa tarde E que estiveram perdidos trinta anos E agora, se calhar, maldita sorte!
Não é que por desnorte, acaso ou esquecimento Alguém já descobriu o Pólo Norte E agora pronto, e agora pronto, agora já é tarde
Há sempre, sempre nas gavetas escritores secretos Cientistas e doutores Desenhos e projectos construtores feitos em meninos De tudo o que sonhámos fazer quando fosse a nossa vez Cientistas em busca de Plutão, arqueólogos no Egito Viajantes sempre sem destino Futebolistas de sucesso do caramba no Inter de Milão
Mas o curso da vida foi traidor E o curso da vida foi covarde E o ciclo do tempo completou-se, e agora pronto Agora, agora já é tarde, agora é tarde Emprego, casa, filhos muito queridos Algum sonhar um pouco com amigos Às vezes sair, beber uns copos pra esquecer ou pra lembrar E fazer ainda, é claro, um certo alarde Talvez para esconder ou para abafar Como é já tão demasiado e impiedosamente tarde
Ah mas não, não, não pode ser assim Nunca é tarde para renovar, nunca é tarde pra se sonhar Nunca é tarde
Amanhã partimos todos para Istambul Vladivostock, Alasca, Oslo, Dakar Vamos à selva, eu vou a Timor abraçar aquela gente E às montras de Amsterdam Que eu afinal também não sou diferente E chegando a Tóquio, companheiro Chegando a Tóquio, são horas de jantar hein É que ainda temos que voltar por Bombaim Passando por Macau e Calcutá Que eu encontro Portugal em todo o lado E mesmo fugindo nunca saio de mim
E se esse marinheiro, galã, aventureiro, esse já não há Pois que nos cumpramos ao menos agora até o fim No que fazemos, na diferença do que formos e dissermos E perguntando, criando rebeldias Conferindo aquilo que acreditamos E o que ainda formos capazes de sonhar
E se aquilo que nos dão todos os dias Não for coisa que se cheire ou nos deslumbre Que pelo menos nunca abdiquemos de pensar Com direito à ironia, ao sonho, ao ser diferente
E será talvez uma forma inteligente de, afinal, nunca Nunca ser tarde demais para viver Nunca ser tarde demais para perceber Nunca ser tarde demais para exigir E nunca ser tarde demais para acordar
Há uns dias, ao Jornal Altominho, dizia que admirava Eanes, Cavaco e Passos (que ficou esquecido)... logicamente que admiro muitas outras pessoas, umas conhecidas, outras nem por isso... a memória destas está claramente dependente do facto de ter vivido no mesmo tempo delas... mas muitas outras me merecem a mesma, ou até maior admiração. Por exemplo: Salgueiro Maia, o jovem Capitão que liderou grande parte das operações do 25 de abril; Jaime Neves, o Coronel Comando do 25 de novembro; Sá Carneiro, fundador do PPD/PSD e grande obreiro da nossa democracia; o Coronel Lopes Mateus, meu primeiro comandante no Regimento de Cavalaria n.• 6; o Sr Padre António que me deu a Primeira Comunhão e me acompanhou até ao Crisma... e muitas outras que marcaram este meu percurso de vida que conta 43 anos ...
Escrevo isto porque, hoje, 11 de novembro, dia em que se assinalam 102 anos do fim da Primeira Guerra Mundial, somos confrontados com esta luta inglória contra o monstro da Covid-19 que neste dia ceifou a vida a 82 pessoas... para além destas, morreram mais algumas de legionela... e morreram muitas mais de outras coisas que por estes dias, lamentavelmente, não contam para a estatística das vidas que terminam.
Entre elas está Gonçalo Ribeiro Telles, um dos pioneiros do ecologismo na política portuguesa, que teve um papel determinante no estabelecimento de um regime sobre o uso da terra e o ordenamento do território e que ajudou a criar as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e lançou as bases dos Planos Diretores Municipais (que tantos continuam a ignorar e/ou contornar) e que ajudou a escrever o articulado do capítulo da Constituição sobre Ambiente. Que grandes ensinamentos nos deixou o criador dos jardins para o Homem.