Começo a ficar um bocadito farto (o termo é forte, será um pouco menos) da posição de alguns membros da Igreja em relação à sua intromissão na política...
Não consigo entender como se mantiveram calados tanto tempo, e como em algumas coisas que lhes diziam mesmo respeito não falaram e agora são tão ávidos em falar...
A frase de Jesus «Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.» (Mateus 22:21) creio que se aplica quase na totalidade… embora eu compreenda a preocupação da Igreja em relação à situação do país…
Catarina Martins (do BE) disse hoje no Porto: "Foi a democracia a funcionar que derrotou a medida. E será com esta greve e com tantas outras mobilizações que se irá derrubar este Governo"
De repente assola-me uma questão: se a democracia funciona na rua, porque será que o Bloco de Esquerda é contra a diminuição do número de deputados na Assembleia da Republica?
A ida da senhora Ministra da Justiça ao Parlamento era obviamente para falar sobre o orçamento... obviamente que podia, e devia falar de outras coisas relacionadas com o estado da Justiça neste Estado... mais óbvio que todos se deviam respeitar... obviamente que se não o fazem entre eles, o povo também não os respeito... e daí o desabafo óbvio de Fernando Negrão: "Como querem que sejamos respeitados lá fora?"
Custa muito ouvir verdades... mas a verdade é que concordo com quase tudo o que esta senhora disse...
No entanto, a realidade mostra-nos que quando alguém é frontal e chama as coisas pelo nome, é logo achincalhado. E este é um dos casos de achincalhamento público, para não lhe chamar outra coisa.
Mas uma pergunta se coloca: será que Isabel Jonet disse alguma mentira? Claro que não, e se Isabel Jonet fosse
alguém do BE, ou do PCP, será que a reação seria a mesma? Ou será que esta reação se deve ao facto de ela ser uma católica
assumida?
É que a realidade é que no dia à dia devemos agir da forma como ela falou... E todos nós começamos a considerar normal ter tantos telemóveis e computadores em casa como membros de família; tantos carros... não tomar as refeições em casa tornou-se a normalidade... não ir de férias ou a grandes concertos musicais era visto como um sinal de incultura... e depois ainda vem a televisão por cabo, mesmo que passemos dias sem para ela olhar... as revistas de que se é assinante, mas que não temos tempo para ler... e coisas tão simples como lavar os dentes com a água a correr, tal como esta grande senhora disse.
E a verdade é que vivemos numa democracia, com liberdade de expressão, defendida por muitos daqueles que agora se atiram a esta senhora, negando-lhe o direito de dizer aquilo que pensa... e que em meu entendimento nos deveria obrigar a pensar um bocadinho também nas nossas vidas e naquilo que devemos fazer para melhor enfrentar esta terrível crise, que obviamente não sendo culpa nossa, também não é só dos políticos que nos governaram... porque a realidade é que eles só lá estiveram e estão porque nós lá os pusemos...
E eu também sei... o que me preocupa é que estes senhores
não saibam, ou então, descaradamente o negam... só existe uma forma de
classificar estas atitudes destes senhores: falta de vergonha...
O país não está bem... não sei se caminha ou não para um final feliz... mas uma coisa sei: um grupo de pessoas, que eu acredito serem bem intencionadas, faz aquilo que todos criticam.
O Governo é atacado por todos os lados. Todos os dias, pessoas de todos os quadrantes políticos tecem comentários negativos ao seu trabalho.... pessoas que ao longo dos tempos tiveram grandes responsabilidades no estado a que o nosso Estado chegou...
Mas enfim...
Mas caricato é ver Medina Carreira, ex-Ministro das Finanças de Mário Soares a criticá-lo... mas mais caricato ainda é ver Mário Soares, esse senhor que desde o 25 de abril de 1974 apenas soube viver à sombra da revolução que ajudou a promover, e que no passado teve o país a manifestar-se com fome a dizer o que diz...
E mais caricato ainda é ver António José Seguro sem ideias nenhumas para o futuro do país... nada... apenas critica, defendendo sempre e apenas o seu plano para o crescimento e emprego.
Acabo de ler um pequeno comentário de Camilo Lourenço, analista que realmente admiro, e realmente concordo com ele: não se entende porque razão se fica tão escandalizado com a ideia de se refundar o Estado...
É que qualquer um de nós, já com certeza criticou uma coisa ou outra no funcionamento do Estado e dos serviços por ele prestados.
Mas o mais engraçado disto, e que não tem graça nenhuma é que muita da gente que diz que é preciso mudar o estado das coisas, acaba por criticar esta iniciativa de reformar o Estado Português...
Hoje de manhã, no Forum da TSF ouvi um deputado do PS a reafirmar a existência de um outro caminho para Portugal... Questionado sobre qual o caminho, começou por reafirmar aquele grande chavão do "Plano para o Crescimento e para o Emprego". De seguida afirmou a necessidade do INVESTIMENTO PÚBLICO como forma de desenvolvimento económico do país.
Ora isto, não é nada mais nada menos que aquilo que nos trouxe até aqui... foi precisamente o grande investimento público, feito pelo Governo Sócrates que nos deixou muito perto de, a acreditar nas notícias, não termos dinheiro para pagar vencimentos no mês seguinte.
Mas o mais triste disto tudo, é que quando o Manuel Acácio lhe perguntou se o PS participaria no estudo de qual será o melhor papel do Estado, a sua resposta foi logo pronta: NÃO... o PS não participa em negociações que ponham em causa o Papel Social do Estado...
Que grande lata... é que não entendo qual será o Papel Social que o Estado pode ter se de um momento para o outro se vir confrontado com a falta de PAPEL (€€€€€)...
Não sei se este é o caminho... mas cada vez menos quero o caminho proposto pelo PS...
