terça-feira, 28 de abril de 2020

SARS-COV-2, um bicho verdadeiramente mau...


Quem me conhece sabe que, por norma, não sou muito pessimista... mesmo com todas as coisas menos boas que tenho vivido, procuro sempre pensar à português e encarar a coisa com um sentimento de que poderia ser sempre pior!...

No entanto, desta vez, tenho tido uma estranha sensação de que o pior está para vir apesar de, aparentemente, estarem a correr menos mal...

Como ontem conversava com um amigo, não queria estar no papel dos nossos governantes e, longe de mim estar a escrever este pequeno texto em forma de critica ou algo que o valha; penso que estão a fazer o melhor que podem na luta contra um vírus desconhecido… e sem armas…

E, se lutam para, por um lado, no imediato, ao nos remeterem ao confinamento e isolamento social, salvarem vidas, por outro lado, e, porque não têm alternativas e soluções assistem ao derrocar de um sistema económico que a médio e longo prazo podem fazer perder essas mesmas vidas…

Estamos assim perante uma guerra sem vencedor à vista, na qual, muitos no imediato perdem as suas vidas, mas muitos mais vão sofrer por causa dela… será eventualmente caso para dizer que muitos não morrerão da doença, mas irão perigar seriamente por causa da cura… muitos sonhos se irão desvanecer… muitas construções ficarão por construir… e, nem tudo vai ficar bem!...

Mas qual era a solução?... esta!... tenho a certeza de que nada mais haveria a fazer do que aquilo que foi feito…

No entanto, este anunciado desconfinamento levanta-me preocupações acrescidas… se com o confinamento chegamos ao planalto, facilmente vemos que dele ainda não saímos… é verdade que o número de novos casos não tem aumentado descontroladamente. Mas também é verdade que, mesmo com tanta gente em casa, o saldo entre o número de infetados, acrescido do número de novos casos, subtraído do número de recuperados não pode deixar ninguém sossegado já que este número não para de (lentamente) crescer.

E, se isto acontece com tanta gente em casa, espero estar enganado, mas quando o confinamento terminar poderemos estar a ver um sério aumento do número de casos…

E, vejo estas notícias que apenas me alarmam mais… diz-se muito que em futebol e em política, o que hoje é verdade amanhã pode o não ser… pelos vistos, esta velha máxima aplica-se facilmente à pandemia que vivemos: começamos por um vírus que era apenas um problema dos chineses e que em pouco mais de quatro meses chegou a todo o planeta… um vírus que não se transmitia de pessoa para pessoa e que, facilmente, se transformou num bicho que nos impediu sermos pessoas e de agirmos como tal, tal é o isolamento distanciamento a que nos temos de remeter… um vírus que era apenas uma simples constipação, um simples resfriado, mas que é capaz de nos enviar para os cuidados intensivos ou para o cemitério… um vírus que era combatido com imunidade de grupo que ao atingir um Primeiro-ministro passou a ser combatido com um #fiqueemcasa… um vírus que, fechou todo o mundo: desde a cultura ao desporto, das escolas aos tribunais, das igrejas aos teatros, das autoestradas aos aviões, das grandes às pequenas empresas; um vírus tão mau, mas tão mau que nos ataca em vida e que nem na morte nos deixa em paz porque não podemos chorar no cemitério a partida dos nossos amigos e familiares…

E agora, qual cereja no topo do bolo, depois de tanto se andar a dizer que não afeta crianças, eis que identificada uma síndrome rara em crianças de todas as idades com um estado inflamatório multissistémico que requer cuidados intensivos… (ver notícia aqui: https://lifestyle.sapo.pt/saude/noticias-saude/artigos/covid-19-sindrome-relacionada-com-coronavirus-identificada-em-criancas)

Afinal, o que hoje é verdade, com o SARS-COV-2 não é bem assim… facilmente amanhã será tudo mentira… e preocupa-me imenso que se pense em abrir creches e escolas durante o próximo mês de maio… preocupa-me porque me parece que não conhecemos este bicho ao ponto de colocarmos as nossas crianças à sua mercê…

Até parece tudo mentira… mas, lamentavelmente é verdade e este bicho é mesmo mau!...

domingo, 19 de abril de 2020

25 de abril


Daqui a uns dias assinalaremos 46 anos da madrugada em que um punhado (grande) de militares (heróis) deram a volta ao estado a que o Estado tinha chegado e puseram fim ao Estado (bafiento) Novo.

Todos os que estiverem a ler estas frases (mal escritas, mas sentidas) certamente saberão da minha orientação política... sou militante do PPD/PSD!... e não era nascido neste que foi um dos dias mais importantes das nossas vidas... e, em boa verdade, se sei o que foi o 25 de abril, foi porque me dediquei a “estudar”, porque os manuais escolares colocavam este importante assunto no final do programa e, quase nunca se lá chegava.

Sou militante do PPD/PSD, não me considero de esquerda... e sou grande admirador das músicas (chamadas de intervenção) que fizeram estes dias... das músicas, dos escritos, dos murais, dos comunicados, dos símbolos e acima de tudo, das pessoas (principalmente dos fardados) que se decidiram a lutar pela liberdade de todos nós...

Sinceramente, entristece-me que, hoje em dia um grupo de pessoas, ainda se arrogue do estatuto de dono deste dia... o 25 de Abril não pertence a nenhum grupo (partido)!!!... é de todos nós e para todos nós foi levado a efeito!...

Mas isto não me impede de dizer que me entristece um pouco que um grupo de portugueses ache que deva assinalar este dia com uma sessão solene na Assembleia da República, depois de tudo aquilo que, neste último mês os portugueses foram privados (e, sinceramente, nem sei, nem me interessa saber de que forma o PPD/PSD se posiciona em relação a isto).

Sinceramente, esta importante data, ficaria bem assinalada e devidamente comemorada com um discurso das três primeiras figuras do Estado... sem público, sem convidados, sem partidos... por exemplo, em frente ao Quartel do Carmo, local onde o saudoso e herói Salgueiro Maia conseguiu a rendição do bafiento e asqueroso poder que subjugou Portugal durante 47 anos...

Gosto muito de assinalar esta importante data da nossa história... no meu carro anda uma pen com as músicas (de intervenção) que marcaram esta época... e este ano, em que a minha filha, privada da sua liberdade, não as ouve no carro, ouve-as na segurança da nossa casa e fez este pequeno trabalho para que este dia não lhe passe ao lado!...

Aos MILITARES de abril devemos isso!

 


sábado, 18 de abril de 2020

A velinha ao fundo do túnel


O senhor Presidente da República, depois de ouvido o Governo e de obtida a devida autorização da Assembleia da República, decretou a renovação do estado de emergência em Portugal devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus. Este estado de emergência tem início às 00h00 deste sábado, 18 de abril e vigorará até às 24 horas do dia 2 de maio.

Com esta renovação do estado de emergência, continuam a vigorar um conjunto de medidas restritivas das nossa liberdade, medidas essas às quais a maioria de nós deu a resposta necessária respeitando o necessário isolamento social e que em muito contribuíram para o tão apregoado achatamento da curva.

No entanto, tenho receio que este achatamento seja aparente. Tenho alguma dificuldade em olhar para os números que nos são dados e os considerar sucessos; primeiro porque as pessoas não são números e muitas pessoas perderam a vida; em segundo lugar porque, em termos percentuais (e não em termos absolutos) a Covid-19 foi muito dura com os portugueses: mais de 1500 infetados em cada milhão de portugueses não me parece ser nada de que nos devamos orgulhar

Para além disso, preocupa-me muito o aparente facilitismo e positivismo com que o senhor Presidente da República e o senhor Primeiro-ministro estão a imprimir na situação... assusta-me muito que se pense já na abertura de alguns serviços que implicam muita proximidade tais como barbeitos, cabeleireiros e esteticistas... assusta-me imenso que se equacione a abertura de creches... preocupa-me que se recomende o uso de máscaras e não as haja para compra, ou então estejam a um preço incomportável para a carteira da maior parte de nós... preocupar-me que nos mandem trabalhar, mas nas nossas estradas não haja as transportes públicos capazes de nos transportar com o necessário afastamento social... para não falar no álcool-gel que está quase só preço do petróleo...

Para além disso entristece-me a aparente contradição entre algumas restrições à liberdade (que vigoraram e continuarão a vigorar) tais como as restrições às celebrações religiosas e/ou fúnebres e ao mesmo tempo se permitam celebrações públicas dos dois feriados nacionais que se encontram dentro desta janela de tempo, ou seja, o 25 de abril e o primeiro de maio...

Enfim... espero que a curva continue achatada. Bem sei que todos nós desejamos um rápido regresso à normalidade por mais estranha que ela seja e espero que, com estes anúncios de velinhas ao fundo do túnel, não estejamos a levantar vendavais que apaguem a esperança de sermos novamente livres e alegres...

terça-feira, 14 de abril de 2020

Somos do NORTE!...


Hoje, depois de ter visto aquela frase estapafúrdia com que ontem a TVI nos presenteou, andei algum tempo a pensar se deveria escrever isto... porque sou do NORTE, aqui vai... desculpem-me os mais puritanos, mas a coisa hoje tem mesmo que ser assim...

Nasci em Ponte de Lima, mas o meu BI dizia que foi em Rebordões-Souto... bem sei que nem foi num, nem noutro local: nasci no Hospital de Santa Luzia em Viana do Castelo...

Vivi toda a minha vida no NORTE... apenas uns pequenos interregnos em que, por necessidade tive que me deslocar (e por lá ficar uns tempos) a Lisboa e a Leiria...

De Lisboa, guardo a recordação das noites mal dormidas, do barulho, das ruas cheias de carros, quentes e abafadas... dos transportes públicos sempre cheios... das pessoas que, na sua maioria, não conhecem ninguém e que, salvo as devidas exceções que confirmam a regra, se julgam sempre, mas sempre, superiores a tudo e a todos!... de Leiria guardo recordações de pessoas simpáticas, afáveis e prestáveis... uma cidade limpa, calma, asseada...

De Lisboa também guardo boas recordações... nem tudo é mau... os meus tempos de tropa e umas férias bem passadas com a Rosa Lima e a Marta De Lima Amorim são a exceção que confirma a regra e que me trazem boas recordações dessa cidade no sul plantada...

Escrevo isto porque me sinto triste com a frase de ontem!... aquela frase trouxe-me à memória aquele velho e triste ditado que diz que Portugal é Lisboa e os seus arredores...

Mas Portugal não é isso! E, se na reportagem de ontem, queriam chamar de provincianos aos do Norte, enganem-se porque nós não somos provincianos!... SOMOS DO NORTE com orgulho, mesmo sabendo que mesmo no NORTE há filhos e enteados... sou do NORTE... sou do MINHO e a norte de Rebordões-Souto, encontramos Ponte de Lima, Paredes de Coura, Valença, Monção e Melgaço... Sou do Norte e não gostei que dissessem que eu e os meus conterrâneos não temos educação!

Porque SIM, SOMOS pessoas educadas!... sabemos falar e sabemos calar... sabemos brincar e sabemos estar... sabemos distinguir a hora de divertir a hora de trabalhar... sabemos quando uma coisa é séria e quando é mais a brincar... todos estudamos como os do centro ou do sul estudaram... e na hora de contribuir para o país, contribuímos como os outros mesmo que na hora de receber recebamos sempre menos!...

Hoje, e porque de educação se fala, veio-me à memória uma, ou melhor, duas coisas.

Em primeiro lugar uma anedota que um amigo lisboeta um dia me contou e que aqui não conto por ser longa... dizia ele: vocês lá no NORTE são muito mais felizes que nós... são espontâneos... dizem o que vos vai na alma. Estou em crer, outra coisa não pode ser, que a senhora jornaleira que escreveu a notícia de ontem estava precisamente a referir-se ao facto de que realmente temos as (desculpem) caralhadas na ponta da língua: um "car(v)alho" tem sempre mais efeito que um "ora bolas!"

A segunda coisa que me vem à memória e que confirma a primeira é a história que o meu avô (vivo e com 94 anos) um dia me contou e que se referia a uma ida ao confesso, obrigatório uma vez por mês!... e eis que um dia, um senhor, um pouco mais velho que o meu avô, ainda não tinha saído do adro da igreja e na sua pureza (porque na maior parte das vezes, as car(v)alhadas saem sem se dar conta), já tinha dito uns quantos car(v)alhos dizendo que a partir desse dia não os podia dizer mais car(v)alho porque estavam confessados...

Mas há uma outra coisa que me faz gostar de Rebordões-Souto, de Ponte de Lima e do NORTE: é que cá na terra, na província, no NORTE, ainda nos conhecemos todos... sempre que nos cruzamos com um vizinho, sai um bom dia, um passa-bem, um beijinho ou um abraço... e sai com tanta força como se já não o fizéssemos há anos ou se pressentíssemos que este poderia ser o último!... para além disso, em Rebordões-Souto, em Ponte de Lima e no NORTE, estamos sempre à espera que os nossos amigos que vivem fora regressem, ou pelo menos nos façam uma visita... e ficamos tristes com a sua ausência... e ainda mais: quando vemos alguém que não é de Rebordões-Souto, de Ponte de Lima, ou do NORTE "perdido", ou menos orientado, não negamos a ajuda!...

Somos do NORTE... somos educados para sermos assim... felizes... vestimos roupas alegres para dançar... damos apertos de mão, beijos e abraços... convidamos para entrar na nossa casa... e andamos triste porque este FDP deste vírus nos tirou esta alegria...

domingo, 12 de abril de 2020

Nesta noite, conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança

Ao amanhecer, as mulheres vão ao sepulcro. Lá diz-lhes o anjo: «Não tenhais medo. Não está aqui; ressuscitou» (cf. Mt 28, 5-6). Diante dum túmulo, ouvem palavras de vida... E depois encontram Jesus, o autor da esperança, que confirma o anúncio dizendo-lhes: «Não temais» (28, 10). Não tenhais medo, não temais: eis o anúncio de esperança para nós, hoje. Tais são as palavras que Deus nos repete na noite que estamos a atravessar.

Nesta noite, conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, não é uma palmada nas costas nem um encorajamento de circunstância. É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos. Tudo correrá bem: repetimos com tenacidade nestas semanas, agarrando-nos à beleza da nossa humanidade e fazendo subir do coração palavras de encorajamento. Mas, à medida que os dias passam e os medos crescem, até a esperança mais audaz pode desvanecer. A esperança de Jesus é diferente. Coloca no coração a certeza de que Deus sabe transformar tudo em bem, pois até do túmulo faz sair a vida.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

O medo é razoável mas é nossa obrigação ultrapassá-lo

Acabo de ouvir com atenção a entrevista do sr General Ramalho Eanes... retenho três frases:
"Percebemos que somos falíveis e muito frágeis"...
"Temos que pensar menos no eu e mais no nós" ...
"O medo é razoável mas é nossa obrigação ultrapassá-lo"
Penso que estas três frases resumem muito bem a forma como nos devemos comportar na luta contra este inimigo comum que não escolhe ricos ou pobres, novos ou velhos, letrados ou iletrados, conhecidos ou desconhecidos... é tempo de todos compreendermos as nossas responsabilidades e fazermos aquilo que nos é pedido para todos juntos podermos ultrapassar este obstáculo que a todos nós foi colocado.
Termino com um reconhecimento: há Homens que ficam na historia de um povo... Ramalho Eanes não tinha necessidade de sair de casa (onde por causa da sua idade deve estar) para nos vir dizer isto... este Homem já garantiu há muito o seu lugar na História de Portugal. Mas ontem deu-nos uma nova "lição": todos temos de estar onde temos que estar; e ontem entendeu que devia estar na RTP a falar a todos nós!
Vale bem a pena gastar uns minutos deste nosso tempo de distanciamento social a ouvir novamente esta grande entrevista.