sábado, 9 de outubro de 2021

Alocução proferida na Cerimónia de Instalação da Assembleia de Freguesia de Rebordões-Souto para o quadriénio 2021-2025

Alocução proferida na Cerimónia de Instalação da Assembleia de Freguesia realizada no passado dia 09 de outubro de 2021:

Exma senhora Presidente da Assembleia de Freguesia de Rebordões-Souto,
Exmos senhores Secretários e membros eleitos da Assembleia,
Caros companheiros de Executivo,
Público em geral,
Meus caros amigos,

Quero, em primeiro lugar, congratular-me com a elevada participação dos nossos concidadãos no ato eleitoral do passado dia 26 de setembro que conduziu à instalação e tomada de posse da Assembleia e Junta de Freguesia que hoje realizamos. Tal facto, aliado à forma pacífica e ordeira com que o ato eleitoral decorreu, é revelador do verdadeiro espírito democrático que se vive na Nossa Terra.

Quero, de seguida, voltar a agradecer a cada um de vós que em nós confiou. Em meu nome e em nome daqueles que me acompanham, quero agradecer a confiança e o reconhecimento pelo trabalho que fizemos e quero dizer que cada voto que recebemos, mais que ser visto como uma vitória, tem que ser visto como um desafio, para que, no futuro, sejamos capazes de fazer mais e melhor pela Nossa Terra.

Francisco Sá Carneiro disse um dia: "Propomo-nos a construir, não uma simples democracia formal, mas sim uma autêntica democracia política, económica, social e cultural. Primeiro Portugal, depois o partido, por fim, a circunstância pessoal de cada um de nós!"

O passado dia 26 de setembro foi o dia em que, com o ato eleitoral, terminou a campanha eleitoral e, com ela, terminou a luta pelos votos. A partir desse dia, todos nós, que hoje somos membros deste Executivo e desta Assembleia de Freguesia, passamos a ter um e só um partido: a Freguesia de Rebordões-Souto, a Nossa Terra, uma terra onde todos, mas mesmo todos nós, temos os mesmos direitos e as mesmas obrigações… uma terra onde todos somos chamados a dar o nosso contributo, a nossa opinião, o nosso melhor.

Perguntar-se-ão acerca da razão de utilizar esta frase para com ela iniciar esta minha alocução nesta primeira reunião de instalação dos órgãos autárquicos da Nossa Terra.

A resposta é simples: faço-o porque considero que esta frase resume, no essencial, tudo aquilo que deve ser a nossa forma de ser, a nossa forma de estar, a nossa forma de atuar na sociedade e principalmente dentro desta que é a casa da Democracia de Rebordões-Souto.

O meu partido, nas ruas e nos caminhos da Nossa Terra, na Junta de Freguesia, na Assembleia Municipal enquanto membro por inerência decorrente da minha condição de Presidente de Junta de Freguesia, na relação com a Câmara Municipal ou com outras entidades, foi, é e será sempre a Freguesia de Rebordões-Souto. Tal como já tive oportunidade de algumas vezes referir, é nessa condição que me encontro e foi, sempre, nessa condição que usei da palavra e exerci o meu direito de voto.

O meu propósito sempre foi e, sempre será, defender aquilo que julgo melhor para a Minha Terra. Tal como tive oportunidade de afirmar na sessão de 12 de dezembro de 2020 da Assembleia Municipal de Ponte de Lima, ao longo destes oito anos, na Assembleia Municipal, sempre votei os Planos de Atividade, as Contas de Gerência, e outros documentos, tendo sempre em conta a minha função de Presidente de Junta de Freguesia e nunca qualquer outra circunstância.

O mesmo se aplica na relação com o Executivo Municipal presidido ainda hoje pelo Presidente Vitor Mendes. E, estou certo de que assim continuará a ser com o Presidente eleito Vasco Ferraz.

Refiro isso porque considero que a nossa militância (ou simples simpatia) partidária e as circunstâncias pessoais de cada um de nós, devem, portanto, ceder, sempre, perante o interesse da Nossa Terra e dos nossos concidadãos.

Que bom que era se todos nós colocássemos em primeiro lugar Rebordões-Souto, depois o nosso Partido (se é que pertencemos a algum) e só depois a nossa circunstância pessoal.

Os oito anos que passam desde a minha primeira eleição para o cargo de Presidente da Junta de Freguesia de Rebordões-Souto foram anos de muito trabalho… uns, melhores que outros… alguns, como sabem, muito difíceis... e aqui, tenho que perante vós, reconhecer que, por vezes, na balança das minhas prioridades, terão pesado mais as minhas circunstâncias pessoais. E estas, aliadas à situação pandémica e à circunstância de a Freguesia de Rebordões-Souto ter visto as suas receitas diminuídas em função do início do funcionamento dos órgãos do Baldio, ditaram uma nova realidade em que faltam verbas para fazer aquilo que tem que ser feito.

Foram anos de muita luta. Uma luta travada nunca contra alguém, mas sempre só e só por Rebordões-Souto e pelas suas gentes.

O Executivo do qual orgulhosamente sou o primeiro responsável, nunca, repito, nunca entrou em guerra com outras instituições quer elas tenham sido outras autarquias, associações, ou mesmo empresas públicas ou privadas.

No entanto, o que tem que ser dito, tem que ser dito.

Sá Carneiro também disse um dia: “O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for.”

Quando fui eleito pela primeira vez, entendi que Rebordões-Souto não podia ser uma terra sem voz. Entendi que a minha principal função era levar as preocupações das nossas gentes a quem tem o poder de decidir e de fazer.

“O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for” e, não posso continuar a compactuar com a realidade que nos mostra que, apesar de todas as boas intenções, pouco ou nada mudou e, as Juntas de Freguesia, na sua maioria, estão muito dependentes das Câmaras Municipais, dos seus Presidentes e das suas vontades, quer para celebrar contratos ou para aprovar um ou outro investimento, um ou outro apoio para a realização de uma qualquer obra que, por mais pequena que seja, na maioria das vezes ultrapassa o nosso pequeno orçamento.

“O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for” e ignorar a realidade que nos mostra que, apesar do acréscimo de competências e de responsabilidades, o orçamento das Freguesias tem aumentado quase nada. E que, para além das verbas recebidas diretamente do Orçamento de Estado, que geralmente apenas cobrem as despesas correntes, para tudo o resto, continuamos completamente dependentes das transferências e das boas vontades do Município, fazendo com que, tenhamos que andar quase de chapéu na mão, como que a pedir o apoio necessário para satisfazer as necessidades das nossas gentes.

“O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for” e continuar a assistir a distribuições arbitrárias do bolo, outrora chamado de pote. Não posso continuar a assistir à falta de critério na distribuição de apoios que deveriam ser equilibrados e feitos de acordo com as reais necessidades das Freguesias. Não posso concordar que a uns tanto seja dado e a outros tão pouco.
Senhora Presidente, senhores membros da Assembleia, exmos senhores e senhoras,

Relembrando a primeira frase de Sá Carneiro que hoje citei, apraz-me dizer que à primeira vista, e desculpem-me se estou a exagerar, por vezes, infelizmente, parece que invertemos a ordem da frase de Sá Carneiro. Parece que, por vezes, colocamos em primeiro lugar a circunstância pessoal de cada um de nós, depois o partido e só depois o interesse da Nossa Terra.

Parece-me que, por vezes, a nossa ambição e o nosso interesse, pessoal ou de outra ordem, ultrapassam em muito aquilo que deveria ser o nosso interesse pelo bem-estar da Nossa Terra e das suas gentes. 

Parece-me que, por vezes, somos levados pela tentação do mais fácil...

Há uns dias, nesta mesma sala foi dito que não foram feitas obras porque não quisemos fazê-las. Pois bem:
• pedimos, melhor, insistimos, desde 2014 para que o Executivo Municipal faça obras de fundo nos CM 1262 / Rua do Mirante e Rua de Nossa Senhora do Amparo) e CM 1254 / Rua de Água Levada. No mandato que terminou em 2017, recebemos apenas uma pequena lavagem de cara que foi feita na Rua da Água Levada. No mandato que terminou em 2021, recebemos a promessa de que a obra seria feita. Essa promessa foi feita pelo Presidente Vitor Mendes publicamente na Assembleia Municipal de 12 de dezembro de 2020. Há que reconhecer que posteriormente se deslocou à Freguesia para ver com os seus próprios olhos aquilo que lhe tinha sido comunicado. Esperemos que, definitivamente, o futuro Presidente cumpra esta promessa;
• também fomos acusados de que o Cemitério Paroquial não foi feito porque não quisemos; a verdade diz que só agora foi conseguido o acordo para que o cemitério cresça para cima do terreno que pertence à Fábrica da Igreja;
• e, continuaremos a pedir, porque já pedimos desde 2014 que se façam obras de beneficiação do campo de jogos da Carapita;
• mas sim, é verdade que não quisemos fazer obras; não quisemos fazer à pressa como em tempos idos se fazia; não fizemos as obras, mas conseguimos o apoio para a obra de alargamento da Rua de Lobagada; para a Rua do Faroleiro e para a Rua do Freixoeiro; para a obra de arranjo do exterior do polidesportivo. E outras se seguirão.

“O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for” e como tal, continuarei a levar a quem de direito os nossos lamentos.

Não me posso calar e entendo que todos, enquanto membros desta Assembleia, estão impelidos a acompanhar-me nesta missão de fazer chegar ao Executivo Municipal estes nossos anseios. O meu e o vosso interesse é, só pode ser, o interesse da Nossa Terra.

Para isso fomos eleitos. Todos nós, membros do Executivo, membros da Assembleia de Freguesia, só podemos ter um partido: a Nossa Freguesia. Julgo que, em tudo o que até hoje fizemos, assim tem sido e assim vai continuar.

Termino senhora Presidente,

Com alguns agradecimentos:
- em primeiro lugar, e como fiz no início agradeço uma vez mais a todos aqueles que em nós confiaram;
- em segundo lugar, quero agradecer ao Filipe Reis e à Clarisse Pereira: agradeço todo o apoio com que me acompanharam nestes quatro anos de caminhada. Agradeço a compreensão pelas minhas ausências e a forma dedicada e competente com que sempre souberam substituir-me;
- em terceiro lugar agradeço a forma dedicada, digna e competente como a senhora Presidente da Assembleia desempenhou a sua importante função; na sua pessoa, agradeço a todos os membros da Assembleia de Freguesia que durante quatro anos souberam colocar o interesse de Rebordões-Souto acima de todo e qualquer interesse; e, na sua pessoa, formulo votos de que assim continue no mandato que agora iniciamos.
- em quarto lugar agradeço a todos aqueles que numa ou noutra situação nos ajudaram; e foram muitos: recordo, na pessoa do falecido José da Silva Leitão e, na memória de tudo de bom que ele fez, todos aqueles que nos ajudaram e, sinceramente, agradeço a todos os que contribuíram para melhorar esta Nossa Terra;
- em quinto lugar, e porque a memória tem que ser preservada, quero reconhecer, uma vez mais, o trabalho nesta Assembleia do Manuel de Sousa Loureiro que nos deixou tragicamente no decurso do mandato anterior e dizer que, a sua forma de ser e de estar, deixou marcas profundas em todos nós;
- por fim, não posso deixar de agradecer à minha família e aos meus amigos. Sempre me apoiaram nesta e noutras caminhadas. Diz o ditado popular que “por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher”; antes de mais quero dizer que não me considero um grande homem… sou o que sou!… e reconheço que tive uma grande mulher que, enquanto lhe foi possível, sempre me apoiou e encorajou a fazer sempre mais por Rebordões-Souto. E, agradeço do fundo do coração a compreensão da minha filha que se vê tantas vezes privada da minha companhia;

Uma boa gestão de uma Freguesia não é, nem pode ser, tarefa de um só homem, ou das três pessoas que constituem o Executivo.

Uma boa gestão é o resultado daquilo que todos, em conjunto, conseguirmos fazer de bem pela Nossa Terra.

Nós, o Executivo da Junta de Freguesia e a Assembleia de Freguesia, somos apenas a face mais visível dessa gestão. Podem continuar a contar connosco!... Eu conto com todos!...

Provavelmente, o amanhã poderá vir a mostrar-me que algumas coisas poderiam ter sido feitas de forma diferente. Porém, é no aqui e no agora que a nossa vida se faz. E, no aqui e no agora, tenho procurado sempre dar voz e resposta aos anseios e necessidades de todos nós, procurando colocar sempre acima de tudo, em primeiro lugar Rebordões-Souto (Portugal), depois o partido, e por fim, quando me foi possível, a minha circunstância pessoal.

Muito obrigado a todos por continuarem a acreditar que a Nossa Terra pode ser a melhor terra do mundo!...

Um grande abraço,

Rebordões-Souto, 09 de outubro de 2021
Filipe Amorim,
Presidente da Junta de Freguesia de Rebordões-Souto

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Ainda a respeito das críticas que nos fazem…

Continuo a pensar na reação que algumas pessoas têm para com a crítica…

Diz o dicionário que a crítica é análise, a avaliação feita com maior ou menor profundidade, de qualquer produção intelectual (de natureza artística, científica, literária, etc.) ou de uma qualquer ação ou falta dela, ou seja, é uma apreciação. Criticar, é assim, a capacidade de julgar, de emitir uma opinião favorável ou desfavorável relativamente a alguém ou a alguma coisa.

Ora, tendo eu 44 anos, feitos, como diz o Sérgio Godinho, há algum tempo e, estando a desempenhar a função de Presidente de Junta de Freguesia de Rebordões-Souto há quase 8 anos, há uma coisa de que nunca me esqueço no que à crítica diz respeito: acrescenta sempre alguma coisa, seja ela positiva ou negativa.

Todos estamos sujeitos a que as nossas ações (ou inações) sejam avaliadas. Mas, quem está, de alguma forma na vida pública, quem tem que tomar decisões, quem tem o poder (efémero) de determinar mudanças (por mais pequenas que sejam) na vida dos outros, tem que perceber e aceitar a crítica; tem, obrigatoriamente, que perceber que, logicamente, não irá ter só opiniões positivas… acredito que terá mesmo que desconfiar se não existirem opiniões contrárias à nossa.

E isto que referi anteriormente tem que se aplicar a quem está “no poder”, mas também, e por maioria de razão, a quem o almeja e a ele se candidata…

Durante os oito anos que agora terminam, realizou-se na Freguesia de Rebordões-Souto, a reunião pública mensal dos executivos a que presidi… nesta reunião, a qual tem sempre grande participação, tive sempre o cuidado de permitir que todos usassem a palavra… que o fizessem com respeito (coisa que aliás aconteceu)… e que dissessem sempre o que lhes ia na alma, o que entendiam ser melhor para si e para a nossa terra. E, quem desejava falar, sempre falou, uma, duas, três, as vezes que fosse necessário…

Recordo bem que ao longo destes oito anos foram duas ou três vezes aquelas que tive que cortar a palavra a alguém, coisa de que aliás de arrependo.

Mas, se há coisa de que me orgulho é de terminar a reunião, assimilar as críticas, positivas e negativas, sair a porta da sala de reuniões e ter tempo para conversar com quem ainda se encontrar, mesmo com quem nos teceu críticas.

Imaginem se assim não fosse: à primeira crítica negativa, dava por terminada a reunião?… 

Não gosto, logo elimino!…


Estou para aqui às voltas com um pensamento… 

Há coisas que realmente me fazem muita confusão!… de entre todas as redes sociais, o Facebook tornou-se numa das principais armas das quais muitos de nós se socorrem para fazer passar as nossas ideias… tem tanto de positivo como de negativo. 

Há muita gente que o apelida de lavadouro público… não chego a esse ponto!…

Um perfil, ou uma página, devidamente organizado(a), na minha humilde opinião são como que um retrato daquilo que somos, um espelho do que fazemos, um livro onde nos expomos e apresentamos as nossas ideias e convicções.

Tenho porém comigo uma grande máxima: como retrato de mim, lá só posso publicar aquilo que a minha avó, se lá acedesse, pudesse ler!…

Vem isto a respeito de uma coisa que me intriga e que tem a ver com o impulso de partilhar… e, alguns de nós, animados sabe-se lá por quê, partilham tudo e mais alguma coisa. Se esta partilha de tudo e mais alguma coisa só por si já denota alguma fragilidade, pior se fica quando críticas surgem, quando os comentários nos são contrários… e que fazemos? Simples: eliminámos como se nada fosse, esquecendo que ao eliminar a nossa publicação estamos a eliminar a livre opinião dos outros.

Enfim… isto custa… ainda por cima quando a nossa publicação visava criticar outros.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Há cinco anos que não existiam tantos portugueses sem médico de família

 A Comunicação Social diz-nos cada coisa... imaginem se isto é possível: haver hoje mais portugueses sem médico de família do que há cinco anos... e porquê cinco anos? porque há cinco anos, 2016, pouco tinha passado desde a saída de Passos Coelho, o culpado de tudo, ter saído do governo...

Mas será isto verdade?

Parece que sim!... vejam-se os números dos portugueses sem médico de família e as grandes conquistas do (des)governo que nos (des)governa:







domingo, 13 de junho de 2021

“A medida do Amor é Amar sem medida”…


Vivi, ao lado da Rosinha quase vinte e três anos…  e, ao longo de todos os dias, semanas e meses de que se fizeram estes anos, este pensamento de Santo Agostinho foi uma presença constante na nossa vida a dois, uma relação de amor mas, acima de tudo, de muita amizade, de muito carinho, de muita compreensão mutua, de muita entreajuda… uma vida a dois, vivida pelos dois… sempre procurando ver as coisas boas que nos foram acontecendo como uma consequência natural do nosso amor e tentando encarar as coisas menos boas de frente, procurando, sempre em conjunto ultrapassá-las. 

Quem me conhece sabe que, por norma, não tenho o hábito de dar corpo a tristezas... costumo dizer, repetindo o sábio ditado popular, que, tristezas não pagam dívidas, não curam doenças, nem estas se curam mais depressa pelo facto de as tornarmos públicas.

Ora, acontece que, logicamente, não somos diferentes dos demais e, a vida, nem sempre corre como queremos! 

E, como facilmente todos os que se dispuserem a ler este meu texto podem constatar, os tempos recentes foram uma provação muito dura.

Quando há saúde, vivemos os dias num corre-corre desenfreado... acordar, tomar banho, tomar pequeno-almoço, cada um segue para o seu trabalho, e ambos corremos, andamos, vivemos atafulhados em afazeres tais que nem damos atenção à felicidade que é termos saúde…

Só que, ter saúde, como todos nós bem sabemos, não é um dado adquirido! E, quando menos esperamos, vemos-nos confrontados com a doença.

E foi isso que aconteceu. A Rosinha, a Mulher da minha vida, a Mãe da minha filha, viu-se a braços com uma luta que não merecia ter que travar.

Aquele dia 18 de julho de 2019 foi terrível. Acredito que ninguém estará preparado para ouvir, ou ler num relatório, que tem cancro. E foi isso que aconteceu. Aos 43 anos de idade, numa vida regrada, sem exageros, sem comportamentos de risco, de repente, vê-se confrontada com um pedregulho enorme no meio do caminho da sua/nossa vida.

Acreditem que é muito difícil receber uma notícia destas. Foram dias muito difíceis… horas e horas de espera até se confirmar uma realidade que esperávamos não ser real. 

Durante algum disse-lhe: vamos ultrapassar isto!... é mais uma daquelas pedras que nos é colocada no caminho e que, tal como Fernando Pessoa dizia, a podemos guardar para um dia fazer o nosso castelo. Só que, esta pedra, ou melhor, este enorme pedregulho foi crescendo… crescendo… crescendo…

Chegados a 14 de agosto de 2019… começou a luta contra o bicho!... o caminho foi traçado... quatro ciclos de quimioterapia neodajuvante, que decorreram sem qualquer intercorrência, e com a Rosinha a ser a Rosinha que todos conhecíamos. Amargurada, mas, sempre com aquele lindo sorriso no rosto, vivemos quatro meses procurando conjugar a felicidade das coisas estarem a correr conforme o planeado, mas sempre com a cautela necessária por não sabermos o que o dia seguinte nos traria… 

Rapidamente chegamos ao dia 28 de outubro… neste dia, a Rosinha foi submetida a uma gastrectomia total... na esperança de que fosse possível remover por completo este enorme pedregulho que a consumia… 

A operação correu bem… muitas horas no bloco operatório… dorminhoquinha como sempre, demorou mais um pouquinho que o normal a acordar… mas saiu com o seu lindo sorriso nos lábios… confiante… esperançosa… 

No entanto, poucos dias depois, quando se pensava que o pior estaria para trás, eis que mais uma má notícia nos chega: não foi possível retirar a totalidade do tumor… o bicho, de tão forte que era, consegui fazer o seu caminho e já estava a cravar as suas marcas no esófago e em muitos gânglios… solução? reforçar o tratamento; mais uns quantos ciclos de quimioterapia são necessários. 

E, a Rosinha, com uma energia que parecia nunca acabar, qual força da natureza como carinhosamente a nossa filha lhe chama, lá continuou o seu caminho… lutou, persistiu… não baixou os braços... sempre na esperança de que aquilo que tanto desejava fosse cumprido e que o bicho perdesse a guerra!... 

E, durante estes quase dois anos de luta, a minha Rosinha, a Mãe da minha filha, nos intervalos das suas batalhas, sempre que restabelecida das suas forças, lá continuava preocupada com os outros... no meio dos seus constantes enjoos, diarreias, dores abdominais e falta de forças, lá continuava a viver a sua vida de dedicação aos outros; a mim e à nossa filha; à sua mãe que connosco vivia; aos meus pais; à minha irmã e marido; à irmã e ao marido; ao Rodrigo, ao Gonçalo e à Alice, os seus três sobrinhos que tanto gostava de ter perto; aos amigos sempre tão presentes… mas, acima de tudo, à AAPEL, a sua segunda família, uma casa onde 20 pessoas portadoras de multideficiências a esperaram e onde ela se sentia verdadeiramente realizada.

Só que chegou o dia em que as suas forças se tornaram inferiores às forças do inimigo que a consumia… 

E, o dia 19 de março de 2021 chegou… e, neste dia em que recordamos São José, o modelo de Pai de Família, ao final da tarde a Rosinha deu entrada no hospital… as diarreias eram por demais persistentes e difíceis de controlar e a Rosinha necessitava de ajuda… quatro dias depois, 23 de março de 2021, num quarto do Hospital Conde de Bertiandos, recebemos a não desejada notícia de que a Rosinha caminhava apressadamente para o fim da sua caminhada entre nós!...

Foi um dia muito difícil!... muito mais que o dia em que recebemos o resultado da endoscopia e da biópsia!... 

Alguns dias depois a Rosinha vem para casa… mais uns dias passaram e deixou praticamente de se alimentar… e, neste estado subnutrido, mas sempre consciente do seu estado e de para onde caminhava, a Rosinha continuou connosco por mais quase dois meses… ela vivia, e o bicho vivia à custa dela… e viveu os seus últimos dias como sempre os viveu: dedicada e preocupada com os outros… sempre a perguntar se os outros estavam bem… se fazia falta alguma coisa… e terminou a sua caminhada entre nós no dia 26 de maio… por volta das 09h00… calminha, serena, em paz… uma vida muito curta, mas muito grande… uma vida com muita coisa feliz… uma vida que fez muita gente feliz… uma vida de dedicação aos outros, sempre aos outros, à família, aos amigos, aos muitos jovens que acompanhou na catequese, nos projetos PIEF, aos muitos casais que acompanhamos nos diversos CPM em que participamos e, finalmente, aos seus meninos(as) especiais da AAPEL, onde sempre procurou dar corpo ao lema dividir tristezas, partilhar alegrias e multiplicar sorrisos…

A Rosinha, fisicamente, deixou de caminhar ao nosso lado… mas acredito que continuará sempre a olhar por nós… continuará preocupada com o nosso bem estar…

E nós, todos nós que tivemos o grande privilégio de vivermos esta parte da nossa vida com ela, continuaremos a admirar esta sua forma de viver a vida… sempre incansável, sempre feliz e determinada em ajudar o próximo… feliz e determinada em fazer o outro feliz… feliz por ver o outro feliz... feliz!...

E, eu que tive a felicidade de conquistar e viver o seu amor, fiel ao lema de Santo Agostinho que nos diz que “a medida do Amor é Amar sem medida”, continuarei a amá-la… hoje mais que ontem e, menos, muito menos, que amanhã… 

Menina, não te digo “até qualquer dia”!... sei que tu continuarás sempre comigo, com a nossa menina e com todos aqueles que te eram e continuam a ser queridos!...

Amo-te muito!...


quinta-feira, 10 de junho de 2021

Já chegou o dez de junho...

(ver video aqui)

A propósito do 10 de Junho... grande música do grande Rui Veloso:

Já chegou o dez de junho
O dia da minha raça
Tocam cornetas na rua
Brilham medalhas na praça

Rolam já as merendas
Na toalha da parada
Para depois das comendas
E ordens de torre e espada

Na tribuna do galarim
Entre veludo e cetim
Toca a banda da marinha
E o povo canta a valsinha

Encosta o teu peito ao meu
Sente a comoção e chora
Erga o olhar para o céu
Que a gente não se vai embora

Quem és tu, de onde vens?
Conta-nos lá os teus feitos
Que eu nunca vi pátria assim
Pequena e com tantos peitos

Já chegou o dez de junho
Há cerimónia na praça
Há colchas nos varandins
É a guarda de honra que passa

Desfilam entre grinaldas
Velhos heróis de alfinete
Trazem debaixo das fraldas
Mais índias de um gabinete

Na tribuna do galarim
Entre veludo e cetim
Toca a banda da marinha
E o povo canta a valsinha

Encosta o teu peito ao meu
Sente a comoção e chora
Ergue o olhar para o céu
Que a gente não se vai embora

Quem és tu, de onde vens?
Conta-nos lá os teus feitos
Que eu nunca vi pátria assim
Pequena e com tantos peitos

Encosta o teu peito ao meu
Sente a comoção e chora
Ergue o olhar para o céu
Que a gente não se vai embora

Quem és tu, de onde vens?
Conta-nos lá os teus feitos
Que eu nunca vi pátria assim
Pequena e com tantos peitos

Que eu nunca vi pátria assim
Pequena e com tantos peitos
Que eu nunca vi pátria assim
Pequena e com tantos peitos

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Rui Veloso

domingo, 23 de maio de 2021

Portugal: Manifestis Probatum foi há 842 anos...

Neste mesmo dia, em 1179, o Papa Alexandre III emite a bula "Manifestis Probatum" com a qual reconhece Portugal como Reino independente. 

Esta bula declarou o Condado Portucalense independente do Reino de Leão e D. Afonso Henriques o seu soberano e reconheceu, ainda, a validade do Tratado de Zamora, assinado a 5 de outubro de 1143, em Zamora, pelo rei de Leão e por D. Afonso Henriques.



A respeito de rankings...

Quando os rankings das escolas surgiram, há mais de 20 anos, havia 29 escolas públicas nas primeiras 50. Agora há 43 escolas privadas e 7 públicas no top 50 e a escola pública melhor colocada surge em 47.• lugar.

Há 20 anos já eram os filhos de pessoas com mais posses que, maioritariamente frequentavam as escolas privadas... passados 20 anos, vemos que as escolas públicas se afundaram... a desigualdade aumentou, quando devia ter diminuído. 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

L. A. R. Appius

A pretexto de tudo aquilo que hoje aconteceu na (in)Justiça Portuguesa, eis que há uma palavra muito interessante que urge verificar a sua origem: LARÁPIO...

Como todos sabemos, esta palavra, é sinónimo de ladrão, gatuno e outras cosas que tais. Aqui fica a pequena história: 

"Houve em Roma um pretor [juiz] que dava sentenças favoráveis a quem melhor pagava. 

Chamava-se ele Lucius Antonius [ou Amarus ou Aulus] Rufus Appius. Sua rubrica era L.A.R. Appius. Daí chamar-lhe o povo larappius, nome que ficou sinônimo de gatuno."

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Neves, Orlando (2001), Dicionário da origem das palavras. Lisboa: Círculo de Leitores.

Houaiss, António, Villar, Mauro de Salles (2002), Dicionário Houaiss. Lisboa: Círculo de Leitores, Tomo IV: 2234.


domingo, 21 de março de 2021

A burra não andava Nem prá frente nem pra trás



Um verdadeiro hino: 

Deram-me uma burra
Que era mansa que era brava
Toda bem parecida
Mas a burra não andava
A burra não andava
Nem prá frente nem pra trás
Muito lhe ralhava
Mas eu não era capaz
Eu não era capaz
De fazer a burra andar
Passava do meio dia
E eu a desesperar
E eu a desesperar
Ai que desespero o meu
Falhei-lhe no burrico
E a burra até correu
Deram-me uma burra
Que era mansa que era brava
Toda bem parecida
Mas a burra não andava
A burra não andava
Nem prá frente nem pra trás
Muito lhe ralhava
Mas eu não era capaz
Eu não era capaz
De fazer a burra andar
Passava do meio dia
E eu a desesperar
E eu a desesperar
Ai que desespero o meu
Falhei-lhe no burrico
E a burra até correu
Deram-me uma burra
Que era mansa que era brava
Toda bem parecida
Mas a burra não andava
A burra não andava
Nem prá frente nem pra trás
Muito lhe ralhava
Mas eu não era capaz
Eu não era capaz
De fazer a burra andar
Passava do meio dia
E eu a desesperar
E eu a desesperar
Ai que desespero o meu
Falhei-lhe no burrico
E a burra até correu


sábado, 13 de março de 2021

ADAM - um caso sério de distorção da realidade

Pelos vistos faço parte dos 35% que sofre com esta distorção da realidade... e que grande distorção esta!... se até janeiro o aumento era de cerca de 70%, depois da receção da fatura de fevereiro, com leitura real, este aumento foi para cerca de 300%... 

O que nos vale é que este amigo do sr Primeiro Ministro, por ele nomeado para gerir esta empresa, nos vai dizendo que nós é que estamos errados!...



quarta-feira, 10 de março de 2021

O Portugal das quintas...

Ontem de tarde desloquei-me ao Hospital Santa Luzia, em Viana do Castelo... quando me aproximei da rotunda de entrada na estrada da Papanata verifiquei que dois elementos da PSP se encontravam dentro de uma viatura, estacionada dentro da rotunda.

Sinceramente pensei que se trataria de mais uma operação de controlo de velocidade.

Mas não!... era um caso de quintas... Um claro caso de esbanjamento de dinheiro de todos nós e que consistia no facto de a PSP, zelosa guardadora da cidade de Viana do Castelo, estar à espera da GNR que vinha a acompanhar, não sei de onde uma carrinha que transportava uma caixinha de vacinas contra a COVID-19...

Estranho país este que permite que uma força policial se coloque à frente doutra só porque se ultrapassa um determinado ponto de um mapa... é que, para além da questão de acautelar a quinta, não encontro outra razão para validar a necessidade de a PSP ter que escoltar a GNR na entrada da cidade de Viana (qualquer coisa como 2 kms). Ou será que a escolta da GNR que serviu para garantir a segurança das vacinas ao longo de largas dezenas de kms de repente deixa de ser suficiente à entrada de Viana?... ou será que a viatura da GNR, um elegante VW, não teria GPS e os srs militares ter-se-ão perdido e pedido auxílio à PSP?

É a quinta!... e enquanto isto se mantiver assim, continuaremos mal!...

PS. Chegados ao Hospital, os srs agentes da PSP permaneceram no seu carrito enquanto o sr militar da GNR acompanhou o sr civil que carregou a caixa das vacinas até à farmácia...

Nota final: por este andar, ainda vamos ver um Renault Captur da PSP a escoltar um Nissan GT-R Black Edition 3.8 V6 530cv da Guarda... enfim!...

terça-feira, 2 de março de 2021

Cuidado com as imitações...

Um hino para os tempos que se aproximam!...


Cuidado Com As Imitações
Sérgio Godinho





Estimado ouvinte já que agora estou consigo
Peço apenas dois minutos de atenção
É pra contar a história de um amigo
Casimiro Baltazar da Conceição

O Casimiro talvez você não conheça
A aldeia donde ele vinha nem vem no mapa
Mas lá no burgo por incrível que pareça
Era mais famoso que no Vaticano o Papa

O Casimiro era assim como um vidente
Tinha um olho mesmo no meio da testa
Isto para lá dos outros dois é evidente
Por isso façamos que ia dormir a sesta

Ficava de olho aberto
Via as coisas de perto
Que é uma maneira de melhor pensar
Via o que estava mal
E como é natural
Tentava sempre não se deixar enganar
E dizia ele com os seus botões

Cuidado Casimiro
Cuidado com as imitações
Cuidado minha gente
Cuidado justamente com as imitações

Lá na aldeia havia um homem que mandava
Toda a gente um por um pôr-se na bicha
E votar nele e se votassem lá lhes dava
Um bacalhau um pão-de-ló uma salsicha

E prometeu que construía um hospital
Uma escola e prédios de habitação
E uma capela maior que uma catedral
Pelo menos a julgar pela descrição

Mas o Casimiro que era fino de ouvido
Tinha as orelhas equipadas com radar
Ouvia o tipo muito sério e comedido
Mas lá por dentro com o rabinho a dar a dar

E punha o ouvido atento
Via as coisas por dentro
Que é uma maneira de melhor pensar
Via o que estava mal
E como é natural
Tentava sempre não se deixar enganar
E dizia ele com os seus botões

Cuidado Casimiro ...

Ora o tal tipo que mandava lá na aldeia
Estava doido já se vê com o Casimiro
De cada vez que sorria à plateia
Lá se lhe viam os dentes de vampiro

De forma que para comprar o Casimiro
Em vez do insulto do boicote ou da ameaça
Disse-lhe "sabe que no fundo o admiro
Vou erguer-lhe uma estátua aqui na praça"

Mas o Casimiro que era tudo menos burro
E tinha um nariz que parecia um elefante
Sentiu logo que aquilo cheirava a esturro
Ser honesto não é só ser bem-falante

A moral deste conto
Vou resumi-la e pronto
Cada qual faz o que melhor pensar
Não é preciso ser
Casimiro para ter
Sempre cuidado para não se deixar levar

Cuidado Casimiro ...

segunda-feira, 1 de março de 2021

AM de Ponte de Lima: um local onde se aprende a não representar a população!...

Realizou-se no passado sábado, 27 de fevereiro, a sessão ordinária de fevereiro de 2021 da Assembleia Municipal de Ponte de Lima... 

Como seria de esperar, o tema mais debatido nesta sessão daquele órgão foi a incompetência da empresa gestora da água, a Águas do Alto Minho...

Partilho de seguida a intervenção que levei preparada mas que, acabei por não fazer dado que apenas iria repetir o que de muito já tinha sido dito por outros membros da AM.

No entanto, não posso deixar de lamentar que a maioria CDS-PP e a generalidade dos srs Presidentes de Junta de Freguesia (excepto os Presidentes da Junta de Freguesia de Arca e Ponte de Lima, da Junta da Vila de Arcozelo, da Freguesia de Refoios do Lima e eu, da Junta de Rebordões-Souto [que votamos favoravelmente todas as propostas] e os senhores Presidentes da Ribeira, da Labruja, de Bertiandos e de Fornelos e Queijada [que votaram favoravelmente ou se abstiverem em algumas propostas]) tenham feito ouvidos de mercador e tenham votado sistematicamente contra as propostas de recomendação apresentadas que visavam condenar a forma incompetente como a gestão da água tem sido tratada por estes mangas de alpaca servidores do (des)governo que (des)governa este país...

Com esta vergonhosa atitude, mais de 40 membros da AM e Presidentes de Junta de Freguesia preferiram fechar os ouvidos ao sentimento da população que os elegeu... com isso prestaram um mau serviço ao Poder Local de que são representantes e foram, apenas e só, uns seguidistas que ainda por cima não perceberam que aquele que dizem seguir e apoiar (o Presidente da Câmara) também não está contente com esta incompetência...

"Exmo senhor Presidente da AM de Ponte de Lima,
Senhores Secretários,
Exmo senhor Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima,
Senhores Vereadores,
Companheiros Presidentes de Junta de Freguesia,
Membros eleitos da AM,
Comunicação Social,
Público aqui presente,

Como todos sabemos, no passado dia 01de setembro de 2018, esta Assembleia Municipal aprovou por maioria, com quarenta e nove votos a favor, catorze votos contra e oito abstenções a "Adesão à Sociedade Águas do Alto Minho, S.A.”, sendo que o início oficial de funcionamento desta empresa de capitais públicos se concretizou em 01 de janeiro de 2020.

Desde esse dia muito se tem dito, mas muito pouco tem sido feito.

Uns dias antes deste 01 de setembro de 2018, o executivo da Junta de Rebordões-Souto a que presido, reuniu em reunião extraordinária sendo que nesta mesma reunião participaram os membros da Assembleia e cidadãos da Freguesia, cujo número não consigo precisar, mas que, com esta distância posso seguramente assegurar era superior a uma dezena.

Tinha como ponto único de ordem de trabalho discutir o sentido de voto do Presidente da Junta de Freguesia que na Assembleia Municipal teria de votar de uma ou de outra forma a proposta de Adesão do Município de Ponte de Lima à Sociedade Águas do Alto Minho.

Nesse dia, depois de ouvidas as posições dos membros da Assembleia de Freguesia de Rebordões-Souto e das outras pessoas presentes, foi acordado que o sentido de voto do Presidente de Junta seria a abstenção, tal como veio a acontecer no dia 01 de setembro.

Julgo importante referir isto porque nos últimos dias muito se tem falado desta votação e principalmente da dos Presidentes de Junta… não sei o que os meus colegas fizeram… mas sei que o que fizeram, o sentido de voto que tomaram, foi com toda a certeza baseado nas informações que a todos nós foram disponibilizadas, quer pela CMPL, quer pela empresa Águas de Portugal, e que ambos traçavam um cenário que muito dificilmente poderia ter outro desfecho que não fosse a aprovação da entrega da gestão da água a esta empresa.

Nesse mesmo dia muito foi dito por todos aqueles que defendiam uma ou outra posição… no entanto, a realidade que nos era presente nesse dia, mostrava-nos que, em face do estado das redes de abastecimento de água e de saneamento, da falta de capacidade financeira para a condução das necessárias obras de beneficiação das mesmas e de sua ampliação, fruto muitos anos de más decisões, muitos anos de não investimento sério e criterioso, não poderia ter outra consequência que não fosse a aprovação desta adesão (que tinha como principal interessado o executivo municipal que, como alguns disseram assim se via livre de uma dor de cabeça)…

Ao longo dos tempos que antecederam esta votação realizada no dia 01 de setembro de 2018, vários eleitos foram denunciando o mau estado da rede de abastecimento de água e da rede de saneamento. Muitos chamaram a atenção do executivo limiano para o facto de não estar a ser feito tudo o que devia no que diz respeito ao necessário investimento na expansão e na reabilitação das respetivas redes.

A todas estas tomadas de posição, o executivo respondia sempre com a factualidade de que a ele lhe competia gerir e que só ele o sabia fazer de acordo com as necessidades dos limianos.

Só que esta presunção redundou na naquilo a que se chamou de “ponto de quase não retorno”, uma “inevitabilidade”.

E, olhando a realidade política, com todas estas décadas de más opções e de más decisões, quando confrontados com o relatório técnico que nos foi apresentado, a votação foi o que se viu e, em consciência, esta Assembleia autorizou o executivo de Ponte de Lima a alienar por 30 anos a capacidade de gerir este bem essencial que é a água.

Para além desta realidade que tem um rosto, houve a pressão do poder central.

Senhor Presidente da Câmara, confirma que houve ou não se houve pressões da ERSAR, dos governantes, nomeadamente do senhor Ministro do Ambiente, Pedro Matos Fernandes; e do senhor, na altura Secretário de Estado, e agora Presidente não executivo da Sociedade Águas do Alto Minho, Carlos Martins.

Como tive oportunidade de dizer na sessão de setembro de 2020, todos tínhamos consciência de que poderia haver alguns erros e de que haveria dificuldades no início desta nova empresa.

O que não se pode continuar a tolerar é que, chegados a este ponto, com mais de um ano de funcionamento, se verifique que a administração das Águas do Alto Minho, nomeada pelo (des)governo que nos (des)governa, presidida pelo senhor ex-Secretário de Estado do Ambiente e Transição Energética do XXI Governo, o Eng. Carlos Martins, mas da qual deve ter vergonha já que não assume o seu papel como executivo, tem pautado a sua atividade por uma completa falta de rigor, de profissionalismo, patente numa gestão carregada de erros grosseiros que espelham uma incompetência inqualificável que a todos deveria a envergonhar… a mim envergonha-me!... Triste pensar que, depois de, em abril de 2020, a empresa ter suspendido a faturação depois de terem sido detetados erros de faturação que afetaram 15 mil consumidores, os mesmo erros continuem e se apresentem faturas amarelas de regularização sem que se tenha feito uma leitura real de todos os contadores… e nisto falo em causa própria porque, recebi uma fatura de amarela e quando olho para a cinzenta, vejo que a leitura tinha sido feita em algures no mês de agosto do ano passado.

Senhor Presidente, chegados a este ponto, parece-me ser importante que seja pedida desculpa aos nossos concidadãos, aos clientes desta nova empresa que, por causa da decisão desta casa viram as suas contas crescer para valores que ultrapassaram em muito o valor do café que nos foi anunciado… No meu caso, e apenas como exemplo, importa dizer que o aumento rondou qualquer coisa como 73%, passando de cerca de 140,00€ para mais de 240,00€ anuais.

Lamentavelmente, e como já disse, os erros continuam e a administração como que assobia para o lado.

Senhor Presidente, o serviço mais fiável, eficaz e de qualidade, a gestão eficiente dos recursos naturais, das infraestruturas e dos serviços de operação e manutenção é cada vez uma miragem muito distante… e não vale de nada procurar desculpas: a forma como esta empresa trata os seus clientes deveria envergonhar os seus dirigentes e merece a nossa total censura!...

Aqui chegados, mais importante que apontar o dedo, é importante encontrar solução para esta situação.

Recentemente, assistimos a uma tomada de posição das 7 CM’s que exigem que se feche a torneira dos erros desta empresa. Temo que não seja suficiente dada a dimensão da cegueira desta gente que, a mando do (des)governo que (des)governa este país, manda e desmanda neste bem essencial que é a água…

Tal como disse há uns meses, parece-me ser tempo de fazer valer a participação dos municípios nesta empresa. É tempo e mais que tempo de olhar para as dificuldades dos nossos concidadãos e dar-lhes uma resposta que não seja apenas vamos reclamar junto da administração da ADAM.

Não sei se o caminho que se tem que fazer passa pela reversão, pelo fim desta, desculpem-me o termo, “mal parida” empresa devolvendo a sua gestão a cada um dos municípios. Mas sei que, depois de ver este amontoado de erros, grosseiros, enormes, é tempo e mais que tempo de tomar decisões no sentido de sossegar os nossos concidadãos e de garantir que todos continuarão a ser bem servidos.

Estou certo de que os membros desta casa da democracia estarão à altura e decidirão pelo melhor de todos os limianos.

Ponte de Lima, 27 de fevereiro de 2021

Filipe Amorim,
Presidente da Junta de Freguesia de Rebordões-Souto”

sábado, 20 de fevereiro de 2021

da memória (ou da necessidade da falta dela)

Vivemos tempos estranhos... tão estranhos em que somos confrontados com alguns que tentam apagar a História deste nosso Portugal.

Custa-me ver a forma como alguns se referem a tudo aquilo que fomos... aquilo que fizemos... aquilo que nos levou ao ponto onde hoje estamos.

Não temos que ter orgulho de tudo! Mas temos que saber tudo o que fizemos (os nossos antepassados) para não, eventualmente, virmos a cair nos mesmos erros!... 

Sinceramente custa-me ver a forma como alguns se referiram ao sr TCor Marcelino da Mata... custa-me ver que lhe chamem tudo menos aquilo que ele foi: um humilde servidor da pátria, um servidor de um Portugal que fomos, mas que, sinceramente esperamos nuca vir a ser outra vez... o Homem Marcelino da Mata fez o que fez porque, por um lado cumpriu ordem e porque por outro lado, na altura lhe parecia ser o mais correto.

Sinceramente custa-me ver o sr Deputado Ascenso Simões a pedir a destruição do Padrão dos Descobrimentos... bem sei que é uma construção do Salazarismo... mas, se destruímos isto pelo simples facto de ser uma obra de Salazar também teremos que destruir muitas outras coisas tais como universidades, tribunais, pontes, quarteis, escolas primárias [se bem que, no que diz respeito às escolas primárias, a evolução da taxa de natalidade encarregou-se de fazer isso].

Triste tempos... a este respeito recordo-me das sábias palavras do Papa Francisco quando nos diz que “Sem memória não poderemos ir para frente”... lamentavelmente alguns preferem apagar aquilo que fomos!... 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Padrãos dos Descobrimentos

 Da autoria do arquiteto Cottinelli Telmo (1897 – 1948) e do escultor Leopoldo de Almeida (1898 – 1975), o Padrão dos Descobrimentos foi erguido pela primeira vez em 1940, de forma efémera e integrado na Exposição do Mundo Português. Construído em materiais perecíveis, possuía uma leve estrutura de ferro e cimento, sendo a composição escultórica moldada em estafe (mistura de espécies de gesso e estopa, consolidada por armação ou gradeamento de madeira ou ferro). 

Em 1960, por ocasião da comemoração dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique, o Padrão é reconstruído em betão e cantaria de pedra rosal de Leiria, e as esculturas em cantaria de calcário de Sintra. Em 1985 é inaugurado como Centro Cultural das Descobertas. O arquitecto Fernando Ramalho remodelou o interior, dotando o Padrão de um miradouro, auditório e salas de exposições.

Isolado e destacado no paredão à beira do Tejo, o Padrão dos Descobrimentos evoca a expansão ultramarina portuguesa, sintetiza um passado glorioso e simboliza a grandeza da obra do Infante D. Henrique, o impulsionador das descobertas.

Uma caravela estilizada faz-se ao mar, levando à proa o Infante D. Henrique e alguns dos protagonistas (32) da gesta ultramarina e da cultura da época, navegadores, cartógrafos, guerreiros, colonizadores, evangelizadores, cronistas e artistas, são retratados com os símbolos que os individualizam.

Um mastro estilizado, com orientação Norte – Sul, tem em cada uma das faces dois escudos portugueses, com cinco quinas, envolvidos por faixa com 12 castelos e ao centro várias flores-de-lis. Ao mastro adoçam-se, em cada face, três estruturas triangulares, curvas, dando a ilusão de velas enfunadas pelo vento.

A face norte é formada por dois gigantes de cantaria, onde se vêem inscrições em letras metálicas:

No lado esquerdo, sobre uma âncora: AO INFANTE D. HENRIQUE E AOS PORTUGUESES QUE DESCOBRIRAM OS CAMINHOS DO MAR;

No lado oposto, sobre uma coroa de louros: NO V CENTENÁRIO DO INFANTE D. HENRIQUE 1460 – 1960.

Ao centro um lanço de nove degraus dá acesso a um átrio com vista para toda a zona que circunda o Padrão. Um segundo lanço de cinco escadas, um portal com arco de volta perfeita e uma moldura formada pelas aduelas, dá acesso ao interior do monumento.

O Monumento é ladeado por duas esferas armilares em metal, sobre duas plataformas paralelepipédicas.


Características técnicas:

Altura – 56m; Largura – 20m; Comprimento – 46m; Fundações – 20m

Figura central (Infante) – 9m Figuras laterais (32) – 7m

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Fonte: https://padraodosdescobrimentos.pt/padrao-dos-descobrimentos/

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Resistência - Aquele Inverno

A respeito de um Homem que perdeu uma (ou várias) lutas que não tinha que travar... um Homem que devemos respeitar: Marcelino da Mata... PRESENTE!...


Sempre um piano
Um piano selvagem
Que nós gela o coração
E nos trás a imagem
Daquele inverno
Naquele inferno

Há sempre a lembrança
E um olhar a sangrar
E um soldado perdido
Em terras do ultramar
Por obrigação
Aquela missão

Combater a selva sem saber porquê
E sentir o inferno a matar alguém
E quem regressou
Guarda sensação
Que lutou numa guerra sem razão
Sem razão, sem razão

Sempre a palavra
A palavra nação
Que chefes trazem e usam
Pra esconder a razão
Da sua vontade
Aquela verdade

Para eles aquele inverno
Será sempre o mesmo inferno
Que ninguém poderá esquecer
Ter que matar ou morrer
Ao sabor do vento
Naquele tormento

Perguntei ao céu, será sempre assim?
Poderá o inverno nunca ter um fim?
Não sei responder
Só talvez lembrar
O que alguém que voltou, veio contar
Recordar
Recordar

Perguntei ao céu, será sempre assim?
Poderá o inverno nunca ter um fim?
Não sei responder
Só talvez lembrar
O que alguém que voltou, veio contar

-- Resistência - Aquele Inverno



Eutanásia no Tribunal Constitucional

Marcelo Rebelo de Sousa enviou para o Tribunal Constitucional (TC) o diploma do parlamento que despenaliza a morte medicamente assistida, para fiscalização preventiva da sua constitucionalidade.

Diz ele:

"Considerando que recorre a conceitos excessivamente indeterminados, na definição dos requisitos de permissão da despenalização da morte medicamente assistida, e consagra a delegação, pela Assembleia da República, de matéria que lhe competia densificar, o Presidente da Republica decidiu submeter a fiscalização preventiva de constitucionalidade o decreto da Assembleia da República que regula as condições especiais em que a antecipação da morte medicamente assistida não é punível e altera o Código Penal, nos termos do requerimento, em anexo, enviado hoje ao Tribunal Constitucional"...

Sinceramente estranho esta posição... estranho que um católico convicto envie este diploma para o TC "apenas" porque é necessário averiguar se os conceitos de “situação de sofrimento intolerável” e de “lesão definitiva de gravidade extrema de acordo com o consenso científico”, previstos na lei como condições essenciais para que a eutanásia não seja punida estão ou não de acordo com a Constituição... 

Resumindo, o católico Marcelo Rebelo de Sousa concorda com que a morte medicamente assistida não é punível e que portanto devemos de ter o poder de por fim à nossa vida (mas recorrendo ao médico [carrasco] para nos aplicar a dose letal da coisa que nos há-de levar para o outro lado...

Enfim... 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Ser Militar não é ser melhor nem pior, é ser diferente...

Fui militar (Sargento em Regime de Contrato no Exército Português) durante 10 anos. Este tempo, do qual guardo algumas das melhores recordações da minha vida, certamente aliado ao facto de ser filho de um militar da GNR, faz com que tenha muito respeito pelas Forças Armadas e pelas Forças de Segurança. 

Dez anos passados desde o fim da minha prestação de serviço no Exército Português e, no meio de todo este turbilhão de acontecimentos, de avanços e de recuos neste tempo pandémico que a todos tolhe a vida, não posso deixar de concordar e felicitar a nomeação do senhor Vice-Almirante Gouveia e Melo para "comandar" a Task force para o plano de vacinação contra a covid-19. 

Li há pouco, no facebook, a respeito desta escolha que, “Ser Militar não é ser melhor nem pior, é ser diferente..." 

Estou completamente de acordo: ser Militar não é ser melhor nem pior, é ser diferente... sendo que é nessa diferença que reside a mais valia de empregar as FA’s e de Segurança em determinadas missões. E esta é uma daquelas missões em que estou certo que a capacidade, a organização e a resiliência do Ser Militar vai sobressair e contribuir para que todo este trabalho de vacinar por duas vezes 10 milhões de habitantes corra da melhor forma possível.

Boa missão ao sr Vice-Almirante. Portugal e os portugueses contam consigo.

domingo, 31 de janeiro de 2021

... aqui e agora: Eutanásia * Grave Violação dos Direitos do Homem

A pretexto do mais recente ato de incoerência da Assembleia da República, partilho um artigo muito interessante do meu amigo José Aníbal Marinho Gomes... merece uma leitura atenta...

... aqui e agora: Eutanásia * Grave Violação dos Direitos do Homem: De novo, a Assembleia da República, prestou hoje um mau serviço ao país, numa altura em que Portugal contabiliza 11.886 mortes e 698.583 casos de covid-19, estando esta sexta-feira activos mais 1.735 casos em relação a ontem, totalizando 181.811, foi aprovada em votação final global, a Eutanásia!

Felicito os 78 deputados do CDS, Chega, PCP, PSD (55 deputados) e PS (oito deputados), que votaram contra. (...)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

As escolas e a contaminação

Ora aqui está uma grande frase: 

O encerramento das escolas não deve ao facto de as escolas serem um local de contaminação... pelo contrário, pelo facto de as escolas serem um local de contacto, são local de contágio!...

 https://www.instagram.com/p/CKTsO9nHzlC/?igshid=jhpx66jlfsod

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Há, nos confins da Ibéria, um povo que não se governa nem se deixa governar...

Os combatentes romanos chegaram à Península Ibérica, onde encontraram tribos locais, sem qualquer organização, que ofereceram uma feroz resistência. 

Os homens de Roma, organizados por natureza, acharam bizarro que, durante vários séculos de guerra, estes povos, apenas tivessem tido e, por pouco tempo, Viriato, permanecendo perpétuamente habituados àquilo que hoje se chamaria o regular funcionamento das instituições. 

Farto desta organização completamente desorganizada, Júlio César, certamente arrependido por ter posto aqui os pés, desabafou, ‘Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar’…



Importa aqui recordar uma afirmação de  Joana Sá Pereira, deputada do PS, em reunião plenária da Assembleia da República no dia 3 de junho de 2020 segundo a qual, "O vírus [que provoca a COVID-19] teve, diria, talvez o azar de encontrar pela frente um povo experimentado e um Governo capaz."

Nesta sua intervenção, a sra deputada referia-se, essencialmente, ao digital, esta maravilha dos nossos tempos que nos faz tão próximos de tudo, e que ao mesmo tempo nos afasta de tudo. Dizia a sra deputada que "Neste contexto tão acelerado e, ao mesmo tempo, de tão incerta mudança, o mundo, também digital, já não é uma coisa para o futuro. Dos mais jovens aos mais velhos, as ferramentas digitais são um recurso obrigatório. Este aspeto torna claro que a visão de digitalização para as escolas que o Governo trouxe para esta Legislatura não era uma inevitabilidade, era mesmo uma necessidade. Por isso, Sr. Primeiro-Ministro, pergunto se a aposta na digitalização das escolas, no apoio ao ensino, irá ser reforçada e se o acesso universal à internet passará a ser uma realidade próxima."

Ora, passados que estão seis meses, e tendo em conta a proporção das coisas, apetece-me dizer que Portugal tem um povo experimentado, aliás, MUITO EXPERIMENTADO, em deixar-se desgovernar por GOVERNOS INCAPAZES.

Digo isto com a mágoa de ver que, depois de tudo o que foi dito, depois de tudo o que foi prometido, depois de uma primeira vaga da pandemia que afetou principalmente idosos residentes em lares, depois de uma segunda vaga que, novamente, afetou principalmente idosos residentes em lares, veio uma terceira vaga que, fez com que um quarto das mortes por COVID-19 tenham sido idosos residentes em lares... mais de 800 nos últimos 15 dias. 

A triste estatística diz-nos que desde o inicio da pandemia, mais de três mil idosos residentes em lares perderam a vida com COVID-19 em Portugal. Destes, cerca de dois mil, só nos últimos dois meses.

Que triste povo tão mal governado que não entende como isto pode ser possível... Que triste (des)governo que se revela tão incapaz. Que infelicidade pensar que somos (des)governados por alguém que, nas palavras do sr. Presidente da Assembleia da República, Dr Ferro Rodrigues, não aprendeu as "lições da primeira fase e não retir[ou] lições para a evolução da situação em julho e em agosto"... e muito menos para outubro, novembro, dezembro, janeiro... Será que conseguirá tirar para os meses que se seguem? Tenho dúvidas!...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Vale a pena pensar nisto: "Uma réstia de calma no meio da tempestade"



As leituras periféricas dos resultados revelam uma profunda mudança política em Portugal. Mas não dispensam a prioridade do essencial: a notável vitória de Marcelo. Num momento em que o país vive o seu pior período em décadas, num tempo propício ao ressentimento e ao protesto, consegue captar os votos de quase dois em cada três eleitores em Portugal. No auge da pandemia que nas últimas semanas expôs as fragilidades do Governo a quem tem dado a mão sem reservas, Marcelo passou incólume, reforçou a sua votação face a 2016 e prepara-se um segundo mandato com mais poder para o exercício da sua magistratura de influência.

À margem desta certeza incontestável, tudo o resto configura um cenário político propenso a reconfigurações ou a destruições criativas. André Ventura multiplicou por sete a votação da direita anti-sistema em pouco mais de um ano, e com esta façanha foi capaz de desestabilizar quer a direita, quer a esquerda. Mesmo que se exija cuidado na extrapolação destes resultados para as legislativas, o facto de Ventura ter conquistado o segundo lugar na maioria dos distritos do país torna-o uma força temível, capaz de abalar o PS, de comprometer as pretensões hegemónicas do PSD e minar a sobrevivência do CDS. Mas a leitura do mapa eleitoral mostra também que o seu populismo é eficaz para atrair o eleitorado mais à esquerda.

Se nas legislativas de 2019 se vislumbraram sinais de um tempo novo na política nacional, as presidenciais de 2021 confirmaram essa mudança. O discurso intolerante e daninho de Ventura provou ser atractivo para quase 500 mil portugueses exaustos pela pandemia e ameaçados por uma grave crise económica e social. Ficou igualmente provado que a estratégia de Marisa Matias ou de Ana Gomes em combater Ventura no terreno do proibicionismo não funciona. O radicalismo alimenta o radicalismo.

É aqui que vale a pena voltar a Marcelo. O candidato que responde ao extremismo com tolerância e moderação. Que combate com a lucidez da razão os seus preconceitos. Que sugere perceber que não há mais de 490 mil portugueses “fascistas”, antes cidadãos cujo ressentimento importa entender. Haver um candidato anti-sistema com 12% dos votos só não é uma notícia ainda mais dramática por causa de Ana Gomes. Mas não a transformemos numa fatalidade. Recordemos os versos de Manuel António Pina: “Ainda não é fim nem o princípio do Mundo / calma / é apenas um pouco tarde”.

Editorial (Público, 25jan2021), Manuel Carvalho

Nota: o negrito é meu... parece-me ser a principal mensagem deste pequeno editorial!... tudo o resto são populismos e tentativas de afirmação.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Ditadura Constitucional

Para que conste, considero que a Eleição do PR2021, que se realiza no próximo domingo, deveria ter sido adiada. 

Infelizmente, muitos se escudaram na Constituição para persistir neste erro que, muito provavelmente, se vai redundar numa abstenção com números nunca vistos neste nosso Portugal que se vê a braços com uma crise sanitária de tal modo que nos deveria levar a seguir sem descuidos as indicações das autoridades de saúde e dos especialistas.

Entendo o apelo ao voto. O voto é um dos componentes essenciais da nossa vida em democracia. É uma das maiores conquistas da liberdade que, infelizmente, por muitos é como que dispensável. 

Entendo bem as posições daqueles que dizem que a democracia não se suspende. E não, a democracia não está suspensa. 

O que não entendo é que a democracia funcione como que de costas para o sentir do seu povo!... a Constituição foi feita por Portugueses e para os Portugueses. Não pode servir de barreira para que se faça aquilo que se tem que fazer. Não concebo que não tenha sido possível alterar a CRP por forma a permitir adiar este ato eleitoral fazendo com que houvesse mais segurança e com esse incremento de segurança houvesse mais liberdade para com essa mesma liberdade mais gente exercesse o seu direito de voto. 

Por vezes parece que a Democracia está mesmo suspensa por uma ditadura constitucional...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

A educação recupera-se... as mortes não!

Ao longo dos tempos e, na generalidade dos assuntos, estou numa posição diametralmente contrária ao dr Mário Nogueira. No entanto, hoje, 20 de janeiro, concordei por completo com a frase que dá título a este meu texto e que foi proferida no Fórum da TSF dedicado à possibilidade/necessidade/inevitabilidade de encerrar as escolas como consequência da situação pandémica que atravessamos. 

Assim, na hora em que os OCS afirmam que as escolas irão encerrar a partir da próxima 6.a feira, apenas posso afirmar que esta é uma decisão que peca por tardia. 

Peca por tardia, tem culpados e, lamentavelmente, terá sérias consequências. 

Neste processo, extremamente delicado, muita gente esteve muito mal. E não foi só o Governo! A CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais), a ANDAEP (Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas), os Sindicatos dos Professores, e um grande número de comentadores de serviço, devidamente enquadrados pelo sr Presidente da República que com as suas afirmações, hoje num sentido e depois em sentido completamente contrário, comprovou ser o verdadeiro “cata-vento político” que há uns tempos lhe chamaram, deliberadamente, talvez por mero servilismo e/ou aproveitamento político, apoiaram o governo na manutenção dos estabelecimentos escolares abertos. 

Todos apoiaram o negacionismo radical do ministro da educação (que, incompreensivelmente, negou por completo os seus conhecimentos e formação) e persistiu no seu caminho em sentido contrário aos dados da ciência, revelando um total alheamento da realidade e um profundo desprezo pela vida dos alunos, dos auxiliares e dos professores e dos seus familiares.

domingo, 17 de janeiro de 2021

(Des)Confinados continuemos


... as notícias dizem que somos o segundo país do mundo com mais novos casos por milhão de habitantes no mundo... o que nos vale é o lábio pintado e as 52 exceções previstas no decreto que nos impõe o confinamento!...

Triste, muito triste mesmo pensar que hoje o número de mortes de COVID-19 em Portugal ultrapassou o número de militares que perderam a sua vida na Guerra Colonial... vivemos hoje uma guerra muito mais difícil contra um inimigo impiedoso e invisível ...  


sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Sempre de mão estendida


No passado dia 1 de janeiro cumpriram-se 35 anos desde que Portugal entrou na União Europeia, então ainda chamada Comunidade Económica Europeia.

35 anos passados, o resultado são 140 mil milhões de euros de ajudas comunitárias aos quais se acrescentam os novos 16,7 mil milhões da ‘bazuca’ (o Plano de Recuperação e Resiliência, PRR) — dos quais 13,9 mil milhões são dados —, talvez valha a pena um breve olhar para o que fizemos nós em todos esses anos e com todos esses milhões por forma a tentarmos perceber qual a razão de continuarmos tão necessitados de continuar a pedir...


sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Natal: o culpado de tudo...

"Portugal bateu hoje novos recordes da pandemia, com mais 10.176 infetados e 118 mortes, depois de dois dias com números quase da mesma grandeza, e o país está novamente em Estado de Emergência, desta vez de apenas oito dias, à espera de uma reunião com os especialistas na próxima terça-feira, 12 de janeiro. Afinal, já estamos a sofrer ou não os efeitos das épocas festivas? Especialistas ouvidos pelo Expresso dizem que sim."

Completamente aterrado com os números que todos os dias nos são informados... é desta forma que me sinto.

Sinceramente, se fosse Primeiro-Ministro ou Presidente da República deste cantinho à beira mar plantado a que damos o nome de Portugal e onde todos adoramos viver, confesso que não sei se teria coragem para tomar qualquer medida diferente daquelas que foram tomadas no Natal de 2020.

Sinceramente, considero que o português, sedento de festas, de abraços, de beijos, não perdoaria ao sr Primeiro-Ministro e ao sr Presidente da República se eles não nos permitissem viver o Natal de uma forma muito parecida com o Natal de outros anos.

Só que o Natal de 2020 não era igual ao Natal dos anos anteriores... ou melhor, até era: Jesus Cristo Nasceu há 2021 anos, e não era um jantar com mais ou menos gente que iria apagar esta data das nossas vidas.

Só que a realidade dos tempos que vivemos, alicerçada na necessidade de agradar a uns, aliada ao sorriso de outros, fez com que, Primeiro-Ministro e Presidente da República nos permitissem viver este Natal de uma forma muito parecida com os Natais anteriores... mesmo sabendo que este nunca poderia ser um Natal igual aos outros.

Tenho que reconhecer que o meu Natal, não foi muito diferente dos anteriores... na minha casa juntei 14 pessoas: 9 que se reúnem praticamente todos os dias (eu, a minha mulher, a minha filha, a minha sogra, os meus pais, a minha irmã, o meu cunhado e a minha afilhada) e outros 5 (a minha cunhada e o seu marido, os seus dois filhos e o avô do meu cunhado) mas que, para cá virem, fizeram uma semana de confinamento voluntário em sua casa. Passamos 4 dias felizes (dentro das possibilidades)... mas ficamos em casa... não fomos ver a neve que caiu nas serras... não fomos a correr fazer as trocas... não andamos de café em café... de tasco em tasco...

Infelizmente os números dizem-nos que não deveria ter sido possível fazer isto...

A realidade dos números que representam tantas vidas que se perdem, tantas vidas que ficam suspensas parecem dizer que não deveria ter sido possível fazer todas as festas que foram feitas...

Mas era necessário agradar a uns e sorrir a outros... e, nisto, o nosso Primeiro-Ministro e o nosso Presidente da República são especialistas sem igual...

E agora, de repente, assistimos a um passa culpas que acaba com a culpa a ser do Natal.

Mas não é!... a culpa é de todos nos nós... é, em primeiro lugar do nosso Primeiro-Ministro e do nosso Presidente da República que preferiram agradar ao povo em vez de governar e orientar o seu povo... mas o principal culpado é cada um de nós... nós, a quem nos foi dada a liberdade de comemorar o Natal, devidamente aconselhados de que o devíamos fazer com cuidado porque o COVID não sabia que estávamos no Natal, e que assinalamos esta data como se nada se passasse ao nosso lado...

Sim, NÓS somos os principais culpados da situação em que estamos... e não vale a pena culpar o Natal... até porque para o ano continuará a haver Natal e alguns, eventualmente e lamentavelmente muitos de nós, não estaremos cá para o assinalar!...