sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Evolução...

Hoje quando levava a minha filha à escola falávamos da evolução a que se assistiu no que diz respeito à informação e à forma como ela nos é disponibilizada… este disco era estupendo na sua altura… mas, pensar que um qualquer telemóvel, parecido com aquele que uso no dia-à-dia, multiplica por 12.800 a capacidade desta brutalidade, ilustra bem o quanto evoluímos!


quinta-feira, 20 de julho de 2023

Suicídio demográfico... um texto com alguns anos, mas tão atual!...

A Fundação “Robert Schuman”, num alerta muito actual e bem documentado, chamou a atenção para o fenómeno da catástrofe demográfica em que silenciosamente a Europa mergulhou e a que deu o título de “Europa: o Suicídio Demográfico”. Apesar de sucessivos alertas vermelhos para a situação de “Inverno demográfico” em que mergulhou o “Velho Continente”, que foi promovido, incentivado e imposto pelos decisores políticos, agentes culturais e educativos, os nossos responsáveis não quiseram prestar atenção nenhuma.

Já em 1976 (mil novecentos e setenta e seis!) a editora Gallimard (Paris), tinha editado um livro, que foi um verdadeiro “best seller” e a que os autores, homens de saber (Pierre Chaunu – Professor na Sorbone e Georges Suffert – jornalista) deram o sugestivo e premonitório título de «LA PESTE BLANCHE – comment éviter le suicide de l` Occident» (A Peste Branca – como evitar o suicídio do Ocidente). É curioso o título que deram ao livro e que vincam ao titular a introdução assim: «Uma nova variedade de peste». Os autores, cujo livro acabo de reler, a propósito deste cataclismo demográfico que estamos a viver, perguntam-se: «O que é a peste branca?» e respondem: «a desesperança generalizada. A indiferença face à vida, a recusa de todo o sistema de valores, o egoísmo apresentado como a mais refinada das belas-artes.» … «gozar o presente, não lutar, não ter descendência – escolhem o que bem podemos chamar um suicídio colectivo».

… Entretanto, em que se têm ocupado os decisores políticos, os media, os professores, os médicos, os enfermeiros …a promoção de todas as condições que levaram a este suicídio colectivo!

E a hipocrisia, a leviandade e a perfídia dos políticos em quem votamos, vem oferecer facilidades: mais dinheiro para se ter mais filhos! Não, não é este o caminho. Seguem, conscientemente, o politicamente correcto que é recusarem-se a ver e a corrigir o muito e muito mau que continuam a promover.

As ideias matam, está-se a ver! 

«Que silêncio ensurdecedor face ao suicídio demográfico da Europa no horizonte de 2050! As projecções demográficas das grandes regiões do mundo de agora até lá são reavaliadas de dois em dois anos pelas Nações Unidas e regularmente pelo Eurostat para os Estados membros da União Europeia (…) Na realidade, ninguém fala no assunto, sobretudo em Bruxelas onde se prefere produzir relatórios sobre revoluções tecnológicas, o desenvolvimento durável ou a transição energética» (fonte, a indicada).

Os nossos políticos “assobiam” para o lado! Recusam-se a ver que o grande problema, a grande causa desta catástrofe-suicídio-inverno-cataclismo demográfico está no mundo das ideias que implementaram e implementam contra a natalidade, a família, o casamento, a filiação, paternidade…

A «Peste Branca» dizima, há muitos anos, a Europa. E não há cadáveres, pois não se nasce. Não se deixam nascer crianças. Morre-se cada vez mais tarde. Nascem crianças cada vez menos.

 Um facto que nos deveria inquietar: o número de caixões, na Europa, já ultrapassou o número de berços.

Portugal não foge à regra. Quem tiver dúvidas, pode consultar, agora, essa grande e científica base de dados que é a Pordata. Vê que, agora (qualquer que seja o dia e a hora), neste momento, já morreram mais pessoas do que as que nasceram.

A população portuguesa residente não cessa de diminuir, apesar dos subsídios à natalidade que são pura demagogia! 

São as ideias que matam. São as ideias que são suicidas. E as ideias suicidas, em termos demográficos, andam à solta e são apoiadas e promovidas, malgrado a situação catastrófica em que vivemos.

É o que temos e é o que temos de combater… se queremos sobreviver como civilização.

Carlos Aguiar Gomes (... no Facebook)

terça-feira, 23 de maio de 2023

Bula Manifestis Probatum do Papa Alexandre III pela qual confirma o Reino de Portugal - 23 de maio de 1179

Em 1128 D. Afonso Henriques tomou conta do Condado Portugalense, e logo procurou obter o reconhecimento da sua independência. Em 1139, com a vitória na batalha de Ourique, o seu prestígio aumentou e ele passou a intitular-se rei de Portugal, título que foi reconhecido pelo Tratado de Zamora por seu primo, Afonso VII, imperador de todas as Espanhas. 

No entanto faltava ainda o reconhecimento por parte do papa, uma vez que D. Afonso Henriques continuava a temer hipotéticas pretensões de seu primo, pois como tenente de Astorga, era ainda vassalo de Afonso VII. 

Em 1143 faz juramento de vassalagem ao papa, e no ano seguinte, em carta Claves regni celorum renova o juramento e compromete-se a pagar o censo anual de quatro onças de ouro, pedindo como contrapartida a protecção pontifícia e a garantia de que nenhum poder espiritual ou temporal interferiria no seu território.

O portador da carta foi o arcebispo de Braga, D. João Peculiar, mas a iniciativa não teve sucesso por contrariar a política de Roma: a Santa Sé entendia que se impunha a união dos reinos cristãos da Península Ibérica, sob a dependência de Afonso VII, para se conseguir uma vitória sobre os muçulmanos. 

Lúcio II, pela bula Devotionem tuam, de 1 de maio de 1144, aceita a vassalagem, o censo e a doação do território, mas dá ao rei simplesmente o título de "dux Portugallensis", e ignora as contrapartidas pedidas por D. Afonso Henriques. 

Sem desistir, o rei informa o papa de que alargara as fronteiras até ao Baixo-Alentejo, valorizando assim o território que doara à Santa Sé. 

Por ocasião da canonização de S. Rosendo, em 1173, o Cardeal-Legado, Jacinto, já incluiu D. Afonso entre os reis peninsulares, e finalmente Alexandre III concedeu-lhe o título de rei de Portugal, não a título de graça, mas por ter ficado provado, "manifestis probatum", que os seus feitos amplamente o mereciam. 

Esta bula, datada de Roma, 23 de maio, é a Magna Carta de Portugal como estado de direito, livre e independente.



fonte: Arquivo Nacional Torre do Tombo, disponível em https://digitarq.arquivos.pt/details?id=3908043

sexta-feira, 19 de maio de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 38 // Carlos Aguiar Gomes

SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 38

BRAGA, 18 - MAIO - 2023

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PAX


Nossa Senhora da Vida

«Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e nos encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à sua morte natural.»



Desde 1975, pelo menos, que travo uma luta pelo DIREITO À VIDA, contra o Aborto, nomeadamente. Frequentemente sinto-me fatigado e repetitivo. Há tantos anos, em artigos, em palestras, debates, conferências ou programas de rádio a dizer o mesmo: a vida humana começa na concepção, um facto científico e que antes desta não há vida humana, mas células humanas (o óvulo e o espermatozoide) mas que a junção destas forma um ser uno, único e irrepetível e que tem o direito primeiro e fundamental de o deixarem viver. É esta uma verdade científica e negá-la é uma mentira e uma recusa obscurantista que a ignorância ou preconceitos ideológicos defendem. Sei, tenho a certeza, que a Ciência está do meu lado e de todos os que, como eu, e somos muitos, a defender esta verdade da Biologia.

Se estou cansado, e é um facto, sinto-me espicaçado a “voltar à carga” na defesa dos mais débeis entre os débeis, todas as vezes que os defensores da chacina intra-uterina dos bebés por nascer, que são muitos e dispõem de meios poderosos ao seu dispor, se manifestam em todo o lado, dos Parlamentos aos jornais e revistas ou outros meios de comunicação. Se eles se repetem, sem novidades, incansavelmente, por que razão eu deveria ficar calado e, também esgrimir argumentos a favor da vida humana e ainda por cima com a Ciência do meu lado, mesmo que de cada vez que o faço, me repita: a VIDA HUMANA começa precisamente na concepção e defender a sua “interrupção” é uma mentira infame, pois uma vida interrompida morre e não volta à vida.

Os “descontinuadores” da vida humana ou defensores do Aborto (também da Eutanásia!) não se fatigam de se repetirem, usando sempre os mesmos argumentos. Como posso claudicar perante esta “guerra” contra o Direito à Vida mesmo, tal como outros, correr o risco de me repetir?

Assim, nesta Carta, três dias depois de celebrarmos o DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA (15 de Maio), berço da humanidade e tão atacada neste momento histórico da nossa civilização, irei divulgar um extracto de uma Nota Pastoral dos Bispos de Espanha sobre a Lei do Aborto neste país e a posição do Tribunal Constitucional sobre a constitucionalidade de ser considerado um direito constitucional espanhol o “Direito ao Aborto” (9 de Fevereiro de 2023), apoiando a construção de um novo paradigma civilizacional “ desconstruindo” o naturalmente vigente de que a Vida Humana começa na concepção.

Face à nova posição do dito Tribunal Constitucional, os Bispos espanhóis escreveram:

«… Defendemos a dignidade de cada pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, independentemente da sua idade, raça, estado de saúde.
  1. Só se poderia afirmar o direito ao aborto no caso de o embrião ou o feto não fossem nada; mas, o não nascido não é uma coisa, é um ser humano. Assim, qualificar como direito a eliminação de modo voluntário da vida de um ser humano inocente é sempre moralmente mal. Com esta lei, o ser humano nos primeiros momentos da sua existência é um verdadeiro sem papéis, candidato à expulsão do ventre materno.
  2. Queremos reiterar o nosso apoio incondicional às mulheres que sofrem as consequências de uma gravidez não desejada, oferecendo-lhes a ajuda eficaz da Igreja, através de tantos programas e associações, recordando-lhes que a morte do filho que trazem no ventre nunca é a solução para os seus problemas.
  3. Recordamos outra vez que com esta lei os direitos e obrigações do pai do não nascido ficam inibidos e censurados.
  4. Lembramos que, com resoluções como esta que acaba de ser aprovada, o “direito” deixa de o ser porque não está já fundamentado solidamente na inviolável dignidade da pessoa, mas submetido à vontade do mais forte. Deste modo a democracia, malgrado as suas regras, segue um caminho de totalitarismo fundamental (S. João Paulo II, in “Evangelium vitae”, n.º 20).
  5. Convidamos os profissionais de saúde a exercerem o seu direito à objecção de consciência, já que “leis” deste tipo não só não criam nenhuma obrigação de consciência, mas, pelo contrário, estabelecem uma grave e precisa obrigação de se lhes opor mediante a objecção de consciência (id. n.º 73).
  6. Animamos todos os membros do povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade a recusar qualquer atentado contra a vida, seja trabalhando com valentia e criatividade por instaurar a tão necessária cultura da vida. Seria muito grave ficarmos de braços cruzados pensando que já nada se pode fazer.
Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e os encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à morte natural.» 
Firmes, claros e precisos, os Bispos espanhóis também não se sentiram repetitivos e cansados de afirmar o que já têm feito em inúmeras ocasiões o que acabei de transcrever. Deram-me ânimo para me repetir pela enésima vez. E não continuarei calado. E repetirei as vezes que forem necessárias o que é a verdade e denunciar o crime mesmo quando a “lei” o não reconheça como tal. 

Na realidade, nem tudo o que é legal é moral! 

«Que Santa Maria, Mãe da Vida, guie os nossos passos e os encha de vigor para promover a dignidade da pessoa humana, desde a sua concepção até à morte natural.» 

Não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes (facebook.com/carlos.aguiargomes), Braga, 18 de maio de 2023.

Não me imaginava a partilhar isto: ” Dias depois, Marcelo tem razão, outra vez”

Enquanto secretário de Estado da Energia, nunca ouvi sobre João Galamba um comentário negativo. Todos os que com ele interagiam te­ciam maravilhas da sua preparação técnica. Esses atributos podem chegar para ser número dois, mas para ser ministro é preciso mais. É necessário empatia, honestidade, honra, tolerância e humildade. Galamba tem, claramente, um défice crónico em todos estes atributos, desmontados um a um pela enorme coragem que o adjunto Frederico Pinheiro teve em enfrentá-lo. A passagem dele pela CPI é o maior ataque à tirania e pesporrência que este Governo demonstra. Hoje é claro que a única razão para acionar o SIS de forma a recuperar violentamente um computador teve como único objetivo impedir a divulgação das notas das reuniões que Galamba ocultou terem acontecido (neste caso o mesmo que mentir). A informação considerada secreta e que alegadamente punha em causa a segurança nacional afinal não só pode ser acedida por imensos assessores e adjuntos de vários ministérios como foi entregue à CPI e estava acessível através do telemóvel de Frederico Pinheiro, aquele que ninguém teve interesse em recuperar. A explicação mais simples é neste caso a correta. Só o computador continha as notas das reuniões onde Galamba combinou com a CEO da TAP a informação que podia ser divulgada aos deputados. Só o computador interessava, porque só esse punha em causa Galamba.


Quando se chega ao ponto de se pedir a serviços secretos que recuperem informação que apenas é sensível porque desmonta as mentiras e trapalhadas de um ministro, quando esses serviços atuam sem saber o que continha o dito computador, quando ameaçam e coagem apenas para proteger a cabeça de um membro do Governo, então ultrapassaram-se todos os limites imagináveis. Não só está em causa o Estado de direito como me parece óbvio que algo está muito podre dentro do Governo. Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso duríssimo na noite em que António Costa decidiu manter João Galamba, onde destruiu publicamente e em horário nobre a imagem de um ministro. Nem percebo como Galamba, depois das palavras do Presidente, não se demitiu outra vez. Qualquer um com um mínimo de vergonha teria percebido que ser ministro é muito mais do que uma assinatura no livro que reúne as declarações de compromisso de honra de membros do Governo.

Dias depois das palavras de Marcelo, os factos, um a um, vão-lhe dando razão.

João Vieira Pereira, Expresso, 19 de maio de 2023

segunda-feira, 15 de maio de 2023

SILERE NON POSSUM // // Carlos Aguiar Gomes

 

SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos 

BRAGA, 15 - MAIO - 2023
DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA

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PAX


…OU O COLAPSO DE UMA CULTURA! 

EM DEFESA DA VIDA HUMANA

Num momento histórico bem lamentável, Portugal, acaba de legalizar a EUTANÁSIA. Triste sinal de um grande retrocesso civilizacional neste período da nossa História!

Portugal, país pioneiro na abolição da pena de morte, reintroduz esta em moldes diferentes no nosso ordenamento jurídico. E com um Chefe de Estado que se diz católico! Quando a lei iníqua que liberaliza a Eutanásia for promulgada, associar-se-á sempre esta ao Chefe de Estado que apaga a sua consciência (será mesmo?) em favor da Constituição que, neste momento, rege o nosso país, e como todos sabemos, uma Constituição, sendo importante, é alterável pelo Parlamento e vale para um determinado período histórico preciso enquanto não for alterada (Portugal já teve várias Constituições e todas foram sendo alteradas mais ou menos profundamente). E depois, temos de nunca esquecer que “ nem tudo o que é legal é moral”- recordemos que, por exemplo, a escravatura e a sua existência era legal ou que a pena de morte foi igualmente legal… 

O que deveria fazer Marcelo? Não promulgar e renunciar ao mandato como indicador da coerência e sintonia com a sua consciência. Esta é bem mais superior ao que diz a Constituição! A nossa consciência é o nosso guia superior e com o qual teremos de ter uma relação de respeito coerente. Foi o exemplo que nos legou o Rei Balduíno da Bélgica. Marcelo ficaria na História por uma razão de alto significado moral. Assim, a História vai lembrá-lo como indivíduo oportunista e, desculpem-me os camaleõs, como um camaleão humano que se adapta ao meio para se “safar” e ficar numa selfie da História integrado no ambiente deletério que caracteriza este nosso hoje. Tenho pena profunda do meu país!

E nós, os eleitores pró-vida que fizemos e que vamos fazer? A luta pelo DIREITO À VIDA não acabou.

… Mas como todas as leis podem ser alteradas e abrogadas, assim os nossos representantes (não os escolhemos para se representarem a si próprios, é bom nunca o esquecer) assim o decidam um dia. Deixo aos meus Amigos-leitores e eleitores, para batalhas próximas-futuras, um elenco de 12 razões para não aceitar a legalização da Eutanásia e nos guiar e ajudar, diariamente na nossa luta: 
12 motivos para dizer não à eutanásia e sim aos cuidados paliativos
«(Equipa Sempre Família)
11/01/2019 
Assim como o aborto, a eutanásia é outro assunto que envolve a polémica questão: somos nós quem devemos decidir sobre quando alguém nasce ou morre? Temos esse direito? A resposta parece óbvia, mas por conta das constantes investidas pela legalização da eutanásia na França (e em vários outros países do mundo), mais de 175 associações especializadas em cuidados paliativos assinaram um manifesto em que resumem sua posição a favor de cuidar das pessoas que estão na fase final da vida.

1. Todos devem viver com dignidade até o fim de sua vida

Toda pessoa, independentemente do seu estado de saúde, possui uma dignidade única e particular. Mesmo nas situações mais difíceis e menos desejáveis, as equipas de cuidados paliativos colocam todo o seu coração e experiência para proteger a dignidade dos pacientes. Ao contrário disso, a opção pela morte não garante essa dignidade e implica numa renúncia à condição humana.

2. A lei deve proteger os mais vulneráveis

As nossas decisões pessoais têm sempre uma dimensão coletiva, especialmente quando requerem a intervenção de terceiros, como na eutanásia. Acelerar e confrontar a morte é um comportamento anormal e solitário de alguns tipos de pessoas como idosos e pessoas que sofrem com alguma doença degenerativa, por exemplo, que sentem esse desejo ao perceber o mundo em que vivem e que as apresenta como um fardo para a sociedade.

3. A proibição de matar fundamenta a nossa civilização 

A ideia de “matar em alguns casos” ou “sob certas condições” deve sempre ser rejeitada mesmo que seja somente pelo princípio básico da prudência. A nossa civilização progrediu ao eliminar as excepções à proibição de matar (vingança, duelos, pena de morte). Legalizar a eutanásia significaria dar um passo atrás.

4. Pedir a morte nem sempre significa querer morrer

Pouquíssimos pacientes dizem que querem morrer, ainda mais quando são bem tratados e acompanhados. Além disso, quando eles pedem a morte, muitos querem expressar algo muito diferente da vontade de morrer. Pedir a morte significa quase sempre não querer viver em condições tão difíceis. Pedir a morte porque se está sofrendo é realmente uma escolha livre? Diferente disso, os cuidados paliativos restauram a liberdade do paciente no final de sua vida, controlando tanto a dor quanto o sofrimento mental.

5. O fim da vida ainda é vida.

Ninguém pode saber o que os últimos dias nos trarão Mesmo nessas situações difíceis, muitos pacientes vivem momentos extraordinários e importantes. Alguns descobrem nessa fase que a bondade existe, outros passam a valorizar os seus entes queridos, há aqueles que se reconciliam com algum amigo ou familiar, etc. Acelerar a morte privaria esses últimos e imprevisíveis momentos da condição humana.

6. Descriminalizar a eutanásia iria impor ao paciente e sua família a obrigação de considerar a ideia

Será que realmente queremos, no futuro, considerar a oportunidade de acabar com o sofrimento pessoal ou com a vida dos nossos entes queridos? Será que realmente queremos perguntar-nos, depois de um diagnóstico sério, sobre a injeção letal? Ou então imaginar os nossos entes queridos interrogando-nos  sobre isso quando estivermos sofrendo  numa cama de hospital?

7. Os cuidadores devem cuidar, não matar 

A vocação específica dos cuidadores é prestar cuidados, dentro de uma relação de confiança com a pessoa doente. Matar destrói este contrato de confiança e anula o código de deontologia médica (conjunto de normas éticas que todo médico deve respeitar).

8. Pesquisas de eutanásia referem-se a opinião de pessoas saudáveis, não doentes 

A partir de pesquisas, afirma-se que a sociedade está preparada para admitir a legalização da eutanásia. No entanto, ninguém pode projetar-se para o final de sua vida e dizer que sabem o que realmente gostariam naquele momento. De facto, as pesquisas não levam em conta a palavra dos pacientes terminais.

9. Errar numa decisão por eutanásia seria um erro médico irreparável 

Países que não revogaram a pena de morte têm sério problemas judiciais. No caso da legalização da eutanásia, nenhum paciente poderá reclamar de erro de diagnóstico, desconhecimento dos tratamentos existentes ou do verdadeiro motivo pelo qual o paciente pediu para morrer (lembrar do motivo número 4: pedir a morte nem sempre significa querer morrer). Você poderia admitir esse risco? Diante de situações difíceis, o que é preferível: o risco de viver um pouco mais quando estamos cansados da vida, ou o risco de morrer quando ainda queremos viver?

10. Legalizar a eutanásia generaliza o acto e não evita ultrapassar os limites 

A experiência mostra que a legalização está levando os limites legais da prática a níveis extremos, como a eutanásia de menores ou pessoas que sofrem de transtornos mentais. Os abusos crescem em países que legalizaram a eutanásia (por exemplo, o clandestino é três vezes mais comum na Bélgica do que na França).

11. Os cuidados paliativos devem ser prestados a todos 

Os cuidados paliativos devem estar acessíveis em todos os lugares e para todos. Eles são um direito do paciente e, actualmente, muitos deles não recebem os cuidados paliativos quando precisam.

12. O cuidado paliativo é incompatível com a eutanásia e o suicídio assistido 

A legalização da eutanásia e do suicídio assistido deriva da demanda por autonomia. O cuidado paliativo combina a ética da autonomia com a ética da solidariedade colectiva. Ele previne e alivia o sofrimento, enquanto a eutanásia visa acelerar a morte intencionalmente. Cuidados paliativos são tratamentos, a eutanásia é um ato mortal.


Perante esta lamentável decisão do Parlamento português e o que se espera do Chefe de Estado, não me posso calar. Não devo calar. Não quero calar. Não me calarei enquanto Deus me der vida e capacidade de me exprimir. Também não me limito a “lamentar” a dita aprovação. Repudio e tiro as devidas e lógicas ilações políticas e tudo farei, como até agora, para intervir sempre pelo respeito da VIDA HUMANA sobretudo quando esta é vítima da grande falta de AMOR, que erotizado e descartável, se tornou num vago sentimento de posse, de exploração altamente poluído e efémero. Do Amor limparam a dimensão do ÁGAPE, porém, o AMOR sem esta dimensão essencial não passa de um jogo de exploração do outro. 

A legalização pelo Parlamento português da Eutanásia é mais um sinal enviado ao povo eleitor de que aqueles que dizem representar-nos não nos querem ouvir, não querem respeitar o nosso modo de ser. Infelizmente, também não quiseram dar ouvidos a entidades altamente credenciadas como a Ordem dos Médicos ou a dos Enfermeiros que se pronunciaram contra este acto legislativo indigno que o nosso Chefe de Estado vai avalizar. Antes uma demissão presidencial, sinal de protesto, que a promulgação de uma lei iníqua. Triste sinal destes tempos de podridão moral! De colapso civilizacional e de retrocesso cultural.

Não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes (facebook.com/carlos.aguiargomes), Braga, 15 de maio de 2023.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 37 // Carlos Aguiar Gomes

 

SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 37

BRAGA, 11 - MAIO - 2023

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PAX



«Como dizia São João Paulo II na sua Carta aos Artistas, que vos convido a reler com atenção, «para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte. De facto, deve tornar percetível e até o mais fascinante possível o mundo do espírito, do invisível, de Deus». Por isso, tem de transpor para fórmulas significativas aquilo que, em si mesmo, é inefável. Ora, a arte possui uma capacidade muito própria de captar os diversos aspetos da mensagem, traduzindo-os em cores, formas, sons que estimulam a intuição de quem os vê e ouve». 
(cf. Papa Francisco “Discurso aos membros da Associação «Diaconie de la Beauté»,17.II.22)



Desculpem-me, por favor, os meus caros Amigos-leitores voltar à DIACONIA DA BELEZA como caminho do anúncio de Deus a um mundo pós-cristão e pós-humanista, “intoxicado” de erotismo (homo e hétero) que não é capaz de pensar sobre a Beleza do criado e, consequentemente, do Criador, a Beleza incriada, tão conspurcada anda a sua mente. Como pode o homem contemporâneo apreciar a Vénus de Milo, um bailado do Bolchoi, a Capela Sistina, um Anjo barroco desnudo e tantas outras obras de Arte idênticas que nos remetem, pela sua harmonia ou equilíbrio de formas para a perfeição da obra de Deus? A VIA PULCHRITUDINIS, o caminho da Beleza, remete-nos para perfeição das obras que nos encaminham para Deus e só mentes perversas e poluídas pelo erotismo pornográfico que invadiu todos os espaços físicos e mentais da contemporaneidade se atrevem a ver o que não é.

Em Braga, está a decorrer o 9º FESTIVAL INTERNACIONAL DE ÓRGÃO, um longo caminho que já, há várias edições, atingiu um nível que o catapultou a um dos maires eventos musicais organísticos da Europa. Tenho a certeza de que o Festival referido, poderia “caber” em Salzburgo, Viena, Amesterdão, Bayreuth e noutros grandes centros musicais do mais alto nível. Quando escrevo “do mais alto nível” estou a referir-me obviamente à altíssima qualidade dos intérpretes, da pluralidade de combinações vocais, instrumentais e bailado (neste festival que está quase a chegar ao seu fim).

Todos os festivais de órgão, têm tido uma curiosidade: cada edição é temática. Recordo, por exemplo, o tema “O órgão e os seus primos”. No de 2023 é mote, “o órgão e a dança”. Genial esta ideia de mostrar ao público melómano que a dança é intrínseca e audível quando o órgão “dança” com outros instrumentos, como foi o caso do Bandolim ou com crianças que exibiram os seus dotes de futuros grandes bailarinos com a candura de que só as crianças são capazes e respeito pelo lugar onde decorreram as suas magníficas exibições. Como se poderá ver outra coisa que não somente arte nestes curtos bailados da inocência que, falo por mim, me ajudaram a aproximar de Deus que dotou estas crianças do dom de nos encantar com movimentos puros, harmónicos e equilibrados do seu corpo?

Caros Amigos-leitores como se pode ser encaminhado para a oração, diálogo com Deus, quando nos impingem cançonetas “meladas”, ocas e bamboleantes ou nos obrigam a ver paramentos litúrgicos dignos, somente, de um desfile de Carnaval ou nos “oferecem” desfiles cansativos e sem sentido, por exemplo, em alguns Ofertórios “solenes”?  É este o caminho da Beleza? 

O FESTIVAL INTERNACIONAL DE ÓRGÃO de Braga é, tem de ser entendido assim, já como um verdadeiro património imaterial da humanidade. Braga sabe disso? Os bracarenses já se aperceberam deste grande evento que honra quem o organiza, apoia e o frequenta? Os putativos mecenas já se deram conta do valor acrescido que traz a Braga, a nível mundial, este evento?

Se os meus Amigos-leitores podem aceder aos programas das edições anteriores, lerem os excelentes cadernos distribuídos em cada Festival e ouvirem os CD`s que foram editados, podem constatar que o que escrevi não é um exagero!

E, para terminar esta minha Carta, os frequentadores dos diferentes concertos, já pensaram no imenso trabalho que dá organizar um Festival como este, no dinheiro que é despendido e que… as entradas são gratuitas quando para qualquer “concerto” de ruído as entradas são bem caras e têm publicidade gratuita dos grandes meios de comunicação social que ignoram este FESTIVAL INTERNACIONAL DE ÓRGÃO de Braga?

Como me posso calar quando oiço críticas desajustadas à realidade deste grande evento musical? 

A Arte tem inúmeras linguagens (cada época tem a sua linguagem) e nenhuma é, em si, perversa se não for perversa a mensagem que propõem à nossa contemplação. 

Não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes (facebook.com/carlos.aguiargomes), Braga, 11 de maio de 2023.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 36 // Carlos Aguiar Gomes

 

SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 36

BRAGA, 04 - MAIO - 2023

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PAX


“Se o mundo investe contra a Verdade então investirei contra o mundo” 
(Sto Atanásio, séc.IV, Santo e Doutor da Igreja)


Perante um mundo, este em que nos foi dado viver, que cultua a mentira, o horrendo e disforme ou desarmónico que nos resta fazer?

Há anos, ouvi uma belíssima conferência sobre um tema para mim totalmente novo: «A DIACONIA DA BELEZA». Já conhecia a célebre expressão «VIA PULCHRITUDINIS», como caminho para evangelizar, levar Deus ao Mundo através da Beleza. Na Pintura, Escultura, Arquitectura, Literatura e outras Belas Artes ou Artes que devem explorar a Beleza, não por repetição e cópia do que de belo herdámos mas como servas ao serviço da Beleza com contornos do “Hoje”. Não podemos deixar-nos cair na tentação de só apreciar Bach, Boticelli ou Da Vinci! Temos, na actualidade belíssimas expressões do Belo nas diferentes Artes. Estou a lembrar-me de Olivier Messien, na música, ou de André Charlier, na escultura ou da nossa Amélia Carvalheira na cerâmica artística, entre tantos artistas que se exprimiram, com formas novas, exaltando a Beleza. Como poderia esquecer, por exemplo, José Régio, na Literatura?

Ora é aqui que entra a DIACONIA DA BELEZA. O mundo precisa de Diáconos da Beleza, servidores do que é Belo como proposta de levar ao mundo a Beleza incriada, Deus. Precisamos urgentemente de diáconos da Pintura, da Escultura, da Literatura, da Arquitectura, da Música e de outras Artes que nos falem através do visível ou legível de Deus.

Precisamos de obras de arte BELAS e não de mamarrachos disformes, desarmónicos, toscos venham elas de onde vierem. Quantos dos chamados “vacas sagradas” das artes contemporâneas são verdadeiramente apologetas do horrendo, do esfrangalhado e do ruído catapultado à categoria de música que tantas vezes, para cúmulo, estão ao serviço de letras cujo único destino digno seria serem apagadas para sempre sem deixar rasto!

Carecemos de autênticos Diáconos da Beleza!

Pegando na frase do grande Doutor da Igreja, Sto Atanásio, que coloquei no início desta minha Carta:
“Se o mundo investe contra a Verdade então investirei contra o mundo”, assim, deveríamos todos nós, os que acreditam na VIA PULCHRITUDINIS agir dentro das nossas capacidades: produzindo, apoiando ou divulgando o BELO. Contestando o horrível e disforme. Estes são caminhos para uma DIACONIA DA BELEZA! Por todos os meios ao nosso alcance. E são tantos.
Usando palavras da moda, temos de “descontinuar” e “desconstruir” a fealdade que invadiu os chamados “meios intelectuais” que é chique divulgar e impor!  

Já pensamos como poderíamos tornar o mundo mais belo, mais transparente a Deus, a Beleza incriada, se cada um de nós se decidir a servir a Beleza, promovendo-a ou apoiando as suas diversas manifestações?

Quando na rua, num museu, num programa da televisão ou da rádio nos confrontarmos com o feio apresentado como obra de arte modelar e digna de ser imitada, como reagimos? Quando vemos decisores políticos a apoiarem com o nosso dinheiro o disforme, como reagimos? Com a indigna indiferença?

Não me posso calar!

Parafraseando o grande Sto Atanásio: Se o mundo investe contra o Belo e a Harmonia da Natureza, “impressões digitais” de Deus, então investirei contra o mundo.

SILERE NON POSSUM

Carlos Aguiar Gomes (facebook.com/carlos.aguiargomes), Braga, 04 de maio de 2023.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Semântica das palavras:


O (Des)Governo acaba de anunciar que a licença parental do pai será aumentada dos atuais 20 dias úteis para... imagine-se, 28 dias seguidos!... 

Maravilha: se houver feriados pelo meio, estes dias serão perdidos.

Mas o que interessa é parecer!... e o povo acreditar!...

Exemplo:

Criança nascida em 01 de abril de 2023; 

- Licença pela lei anterior (20 dias úteis): 03 de abril a 03 de maio;

- Licença pela lei nova (28 dias seguidos): 02 de abril a 29 de abril;

Resultado, menos dois dias úteis!...

Carrega Costa, o povo gosta!...

quarta-feira, 3 de maio de 2023

António Costa não é confiável



Na SIC notícias, agora mesmo… bem sei que não é o líder do meu partido, mas disse mesmo aquilo que penso relativamente a António Costa:

“António Costa não é uma pessoa confiável. Costuma dizer-se que há pessoas a quem não se deve comprar um carro usado. A António Costa, nem um novo!”

terça-feira, 2 de maio de 2023

Engole o sapo, Marcelo, engole o sapo!...

 "O Presidente da República, que não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro, discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem"

sexta-feira, 28 de abril de 2023

As conquistas de Abril, a Democracia e a Liberdade são valores de todos e para todos e são demasiadamente valiosos para as considerarmos definitivamente construídas e consolidadas

Cumpriram-se, na passada segunda-feira, 49 anos sobre aquela madrugada em que um punhado (grande) de militares (heróis) deram a volta ao estado a que o Estado tinha chegado e puseram fim ao Estado (bafiento) a que se chamava de Novo.

Neste dia, e nos que se lhe seguiram, em Portugal, muitos caminharam juntos (outros nem por isso) para a construção de um país livre e democrático, um país melhor.

Volvidos estes 49 anos, somos, muitas vezes, confrontados com sentimentos contraditórios… sei bem que a larga maioria dos nossos concidadãos considera que o Portugal saído do 25 de abril é muito melhor que o Portugal do 24 de abril de 1974… no entanto, haver quem pense o contrário, deve ser suficiente para tirar o sono a todos aqueles que têm a responsabilidade de gerir a coisa pública. 

O Portugal do 24 de abril de 1974 era (como ainda hoje é) um país pobre; era um país de partido único; não havia eleições livres e a maioria das mulheres não podia votar; não havia liberdade de imprensa; havia censura; havia a PIDE; não havia Liberdade.

O Portugal de hoje é aquilo que se vê; é aquilo que, livremente, escolhemos que seja; é aquilo que, alguns fazem ser e que outros se abstêm de fazer. 

Nasci em 1977… conheço o 24 de Abril pelos livros, pelos filmes, pelos testemunhos dos que viveram o Estado “Velho”… conheço o 25 de Abril pelos livros, pelos filmes, pelos testemunhos dos que viveram esta importante época da nossa história e pelas consequências que tiveram na minha e na nossa via. E isso é suficiente para afirmar que não me consigo imaginar a viver em qualquer outro regime que não este, que não sendo perfeito, é tal como disse um dia Winston Churchill "o pior dos regimes, à exceção de todos os outros".

As conquistas de Abril, a Democracia e a Liberdade são valores de todos e para todos e são demasiadamente valiosos para as considerarmos definitivamente construídas e consolidadas. 

Há muito ainda que aperfeiçoar. Haverá sempre algo a corrigir. Urge inverter esta triste realidade que nos confronta diariamente com acontecimentos, locais e nacionais, que,  empolados por uns e desvalorizados por outros, fazem perigar esta enorme conquista e levam ao surgimento de descontentamentos que alimentam descrenças, populismos e populistas. 

A Liberdade e a Democracia conquistadas em 25 de Abril de 1974, depois consolidada em 25 de Novembro de 1975 e confirmadas na CRP de 1976 são os ganhos mais marcantes da nossa história recente; são, no essencial, aquilo que, entre outras coisas, nos deu a possibilidade de hoje estarmos aqui!... mas deu-nos também a responsabilidade de, estando aqui, honrarmos o voto de todos aqueles que em nós depositaram a sua confiança. 

Não nos podemos nunca esquecer que cabe a todos nós, com poderes executivos ou deliberativos, membros dos diversos executivos ou da oposição, corresponder com trabalho sério e dedicado à confiança que em nós foi depositada. 

Se o fizermos estaremos a dar razão a todos aqueles que se deixam levar por populismos e populistas ou que, resignados com o estado a que o nosso Estado está a chegar, se demitem do dever de escolher quem querem à frente dos destinos da sua Freguesia, Concelho ou País.

Termino… 

O 25 de abril fez-se comandado pelos valorosos Capitães de Abril que comandaram um largo número de militares. PTL julgo não ter Capitães… mas teve com toda a certeza muitos Soldados que, ao seu lado, marcharam pela liberdade neste dia… e para além dos militares, muitos outros nossos concidadãos, civis, viveram estes dias com a mesma força e alegria. 

Agora que se aproxima a comemoração dos 50 anos desta importante data, e porque Ponte de Lima não lhe pode passar ao lado, julgo que seria importante assinalar esta data com uma sessão solene onde estivessem representados e com intervenção todas as forças políticas designadamente partidos e os movimentos independentes; para além disso, proponho que sejam recolhidos os nomes dos militares que participaram nas ações militares deste dia e eventualmente as suas impressões e testemunhos.


Ponte de Lima, 28 de abril de 2023,


Filipe Amorim,

Presidente da Junta de Freguesia de Rebordões (Souto)


quinta-feira, 27 de abril de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 35 // Carlos Aguiar Gomes


SILERE NOM POSSUM


(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 35

BRAGA, 27 - ABRIL - 2023

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PAX


"O ser humano já é um ser completo desde a sua concepção e, desde esta concepção, possui o direito inalienável e completo de viver, e a mãe tem o dever de fazer com que este direito seja concretizado."


Comemoramos a 28 de Abril, amanhã, a festa de uma Mulher, Médica e Mãe que o Papa S. João Paulo II Magno inscreveu no catálogo dos santos: Santa JOANA BERETA MOLLA. 

Joana Beretta Molla, médica e mãe de 4 filhos, nasceu em Magenta (Itália) a 4 de Outubro de 1922, tendo falecido a 28 de Abril de 1962, dia do grande santo mariano, S. Luís Grignion de Montfort. Foi Beatificada por S. João Paulo II Magno em 24 de Abril de 1994 – Ano Internacional da Família – e Canonizada em 16 de Abril de 2004 pelo mesmo Papa. Estamos, assim, em pleno ANO JOANITA (1922 /2023) celebrando o centenário do seu nascimento.

Santa Joana Molla é bem o exemplo da luta pelo DIREITO À VIDA e por isso que hoje, nesta minha Carta aos meus Amigos-leitores, recordo a sua memória.

Joana Molla foi um Mulher do seu tempo, o nosso tempo, alegre, divertida, desportista, competente como profissional de Pediatria, entregue a causas sociais com os frágeis entre os frágeis. Foi uma Esposa exemplar e uma Mãe que soube estar sempre ao serviço dos seus 4 filhos, dando a vida para salvar a vida da última filha que ainda está viva – Gianna Emanuela Molla.

Como médica sabia que a sua última gravidez era de grande risco para ela. Mas, contra o parecer de muitos dos seus colegas, negou-se sempre a abortar o filho que trazia no seu ventre. Deu, e persistiu nesta instrução, até ao fim da sua vida, que tudo deveria ser feito para salvar a vida das duas, a dela e a da filha, mas que se, em última análise se tivesse de escolher a vida dela ou do filho, era este que deveria ser salvo.

S. João Paulo II Magno ao conhecer a vida desta Mulher, ficou fascinado e entusiasmado para a propor à Igreja e ao mundo, como um exemplo. Como escrevi acima, foi o «Papa da Vida e da Família» que a Beatificou no ano Internacional da Família – 1994.

Neste momento Cultural do Ocidente em que o Aborto foi generalizado e banalizado, contra o mais fundamental direito humano, o DIREITO À VIDA, a vida de Joana Beretta Molla merece ser conhecida e expandida. Ela é um exemplo para todos nós que estamos engajados na luta pelo DIREITO À VIDA e para todas as mulheres grávidas, particularmente para as que têm uma gravidez de risco como foi a última de Giana Bereta Molla.

Para ao meus Amigos leitores deixo aqui um curto conjunto de frases de Giana Molla que poderão servir-nos de guia para a nossa vida. 
  1. “Não tenhas pressa em ver os resultados, sabe esperar. Apressa-te a semear mas não a colher. É o Senhor que age. A Graça tem os seus caminhos escondidos (…) Persevera.”
  2. “Devemos ser a luz do mundo, isto é. Com o nosso exemplo devemos fazer resplandecer o ideal da verdadeira vida cristã”.
  3. “Amar significa desejo de nos aperfeiçoar-nos a nós próprios, a pessoa amada, superar o próprio egoísmo, dar-se…”.
  4. “O verdadeiro amor, é o amor que não dura somente um dia, mas sempre…”.
  5. “… E, sobretudo, se queremos que o nosso apostolado seja fecundo, unamos à oração e acção o sacrifício.” 
  6. “Desejo que a nossa família seja um verdadeiro cenáculo onde Cristo reine e se sinta em sua casa para guiar e dirigir todos os nossos passos, para iluminar todas as nossas decisões e cada uma das nossas acções.”
Pelo DIREITO À VIDA nunca me calarei. Não posso. Não quero. Não devo.

Não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes (facebook.com/carlos.aguiargomes), Braga, 27 de abril de 2023.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Quem quiser vir dê um passo em frente



“Como sabem, existem vários tipos de Estado. Os Estados socialistas, os Estados capitalistas, e o estado a que chegámos. Nós vamos marchar até Lisboa para pôr fim ao estado a que chegámos. Quem quiser ficar pode abandonar a parada e recolher à caserna. Quem quiser vir dê um passo em frente.”
Capitão de Cavalaria Salgueiro Maia, 24 de abril de 1974

https://www.50anos25abril.pt/iniciativas/salgueiro-maia

sábado, 22 de abril de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 34 // Carlos Aguiar Gomes


SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 34

BRAGA, 20 - ABRIL - 2023

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PAX


EUTANÁSIA: a escolha entre AMAR E MATAR!


PENSAR A FAMÍLIA, COM A FAMÍLIA E PARA A FAMÍLIA


… Entretanto o Governo daquele país nórdico vai ampliar ainda mais a Eutanásia legal: poder aplicar-se a crianças dos 1 aos 12 anos. O argumento já é bem nosso conhecido e, o que se lhe sucede igualmente: será aplicado a todas as crianças que o desejam e a tal sejam induzidas. Aliás, é o que sucede aos velhos, aos dementes, aos lúcidos … a todos os que querem e a todos os que a família ou outros “agentes” decidem aplicar o fim de vida “assistida”! Obviamente que todas as “mortes assistidas”, eufemismo “soft” para eutanásia, é uma interrupção da vida sem retorno. A morte legal. A morte como foi defendida por Hitler e seus sequazes para judeus, homossexuais, católicos e outros indesejáveis para a pureza raça ariana. Tal como agora só com produtos letais diferentes e em ambiente esterilizado do ponto de biológico e, sem ser em grupo, mas sozinho, abandonado o candidato a ser morto. Tristeza de tempos.

Em Portugal espera-nos um cenário idêntico. Igual. É assim que se tem passado em TODOS os países onde a Eutanásia está legalizada…

Infelizmente, o nosso Chefe de Estado, não é o Rei Balduíno. É Marcelo Rebelo de Sousa que se diz católico e, em vez de uma vez por todas, dizer que nunca assinará a legalização da Eutanásia, vai arranjando alibis, todos muito constitucionais, para adiar a assinatura final. Deus queira que me engane e que o presidente da república seja coerente com a sua Fé que professa publicamente. 

O que é mais importante: abrir uma crise constitucional com eleições presidenciais antecipadas ou ficar para a História de Portugal como o presidente que aprovou a Eutanásia?

Por mim, sei o que faria e, por que sou e procuro ser coerente com a minha Fé, não me posso calar. Não me calarei. Nem que a lei, que como qualquer outra lei, pode ser revertida (quantas já não o foram e o país não acabou?) seja aprovada como é expectável, não me calarei. Assim tenho procedido com o Aborto ou com a chamada Procriação Medicamente Assistida, sobretudo a heteróloga. 

Sou contra os retrocessos civilizacionais, como é o caso da reintrodução da morte legalizada e aplicada com os nossos impostos. Contra a escravatura. Contra o racismo cromossómico ou melânico. Contra a pena de morte qualquer que seja o método. Contra o trabalho forçado. Contra a falta de liberdade de expressão do nosso pensamento. A nossa Civilização não pode recuar! Não podemos deixar! Não podemos deixar que legislem sem nos ouvir. A Liberdade, valos supremo da nossa Cultura hodierna corre perigo.

Permitam-me, caros Amigos-leitores, que sugira a visita assídua ao sítio belga (em francês e inglês) sobre estes problemas e outros de natureza civilizacional relacionados com a Bioética: www.ieb-eib.org. Visitem este sítio e vão ver como é importante para nos mantermos bem informados e com rigor científico e não nos deixarmos influenciar pela pataranhas melífluas e “misericordiosas” do Pensamento Único seus aderentes acéfalos que gostam de estar na moda acriticamente.

Assim, como me posso calar?

Não, não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes, Braga, 20 de abril de 2023.

Lula, o homem que não acredita na autodeterminação de um estado democrático

“Durante as eleições brasileiras acreditámos com tanta força que Lula era um mal menor, que quase que nos convencemos que era bom. E, agora, Lula que nunca enganou ninguém, voltou a dizer o que sempre disse publicamente, e sempre pensou. E nós lembrámo-nos que o senhor do "entre um e outro venha o Diabo e escolha, mas o diabo escolheria o outro", vinha falar a Portugal no dia da democracia. A questão é o não reconhecimento da invasão da Ucrânia e a responsabilidade da guerra por Moscovo.

O problema não é Lula ter dito o que sempre pensou. O problema não foi Lula tê-lo dito a dias de aterrar em Portugal. O problema não foi ter dito o que sempre disse. O problema não foi tê-lo dito na China. O problema não foi Lula vir a Portugal. O problema é, e sempre foi, acreditar que um homem que não acredita no valor democrático da autodeterminação de um Estado soberano, podia ser convidado para falar na Assembleia da República, no dia em que celebramos a democracia, no aniversário do dia em que concedemos a outros Estados o direito à sua existência sem ingerências forçadas e tropas portuguesas a fazer guerras em terras alheias.

Lula é o sapo que conseguiu lembrar os portugueses que era mais do que o homem que tirou Bolsonaro do poder. E quem agora tenta atenuar as palavras do Presidente brasileiro põe-se no papel dos que tentavam atenuar as palavras de Bolsonaro. Agora, com medo que as danças que o Chega anda a fazer no TikTok chegassem à Assembleia da República. Com receio das reações dos outros partidos. Com medo que os Ucranianos se fizessem ouvir mais que os gritos das celebrações do 25 da abril, Lula irá entrar no parlamento falar e sair antes da festa começar.

O Presidente do Brasil, a sua visita de Estado, e as relações entre Portugal e o Brasil mereciam uma maior dignidade. Os brasileiros não merecem os convites feitos, desfeitos e refeitos. O Presidente do Brasil merece um calendário que não fosse alterado de véspera, e uma visita onde a diplomacia imperasse. Ignorando o que devia ser ignorado e valorizando o que tem que ser valorizado. E, claro, negociando as possíveis cedências onde tivessem que ser negociadas. Mas, para isso, a visita nunca devia acontecer no 25 de abril, e agora já é demasiado tarde.”

terça-feira, 18 de abril de 2023

Lula da Silva é claramente tendencioso!... defende um dos lados: o MAU, o INVASOR, o AGRESSOR!…

 O Governo ucraniano convidou o Presidente do Brasil, Lula da Silva, a visitar a Ucrânia para entender as causas e as consequências da agressão russa ao país…

Infelizmente, isto é uma perda de tempo: este senhor, Presidente da República Federativa do Brasil, não quer ver que existe “uma vítima” e “um agressor” e estes não podem ser tratados da mesma maneira!…

Lula da Silva é claramente tendencioso!... defende um dos lados: o MAU, o INVASOR, o AGRESSOR!…

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Lula, "fez uma declaração, cuja fórmula tem todas as características próprias dos inimigos da posição geoestratégica de Portugal"

A respeito das tristes (mas muito pensadas) palavras do senhor Presidente da república Federativa do Brasil, ontem, no programa O princípio da Incerteza, na TSF e na CNN, houve um grande consenso entre os três comentadores; passo a transcrever:

Pacheco Pereira afirmou: "Um homem que vem a um país que faz parte de um continente que foi invadido militarmente, que faz parte de uma aliança política que está envolvida, mesmo que indiretamente, no conflito, não pode considerar indiferentes as afirmações de um presidente de um país nosso amigo, com legitimidade eleitoral, mas que do ponto de vista internacional são perigosas, inaceitáveis e condenáveis".

António Lobo Xavier considera que Lula da Silva, "a propósito da guerra da Ucrânia, fez uma declaração, cuja fórmula tem todas as características próprias dos inimigos da posição geoestratégica de Portugal. Está lá tudo. Primeiro, quer criar uma nova ordem internacional mais justa, com outro alinhamento, quer alinhar com a Rússia e com a China para produzir uma ordem internacional que lhe agrade mais e mais justa. Isto é o mais sinistro que existe e o mais nos antípodas na política externa portuguesa".

Por seu turno Alexandra Leitão, afirmou que "o que o Presidente Lula disse não é a posição que me parece a posição de Portugal, da UE, e que a meu ver é a correta. Nesse caso, julgo que uma demarcação se justificaria".

Enfim...

sábado, 15 de abril de 2023

Lula enxovalhou-nos e vai enxovalhar-nos novamente

 Há uns tempos, certamente porque interessava a alguém, perdeu-se muito tempo a discutir se Lula da Silva devia ou não ser convidado a discursar na Assembleia da República nas comemorações do 25 de Abril.

Se dúvidas houvesse, as declarações deste senhor Presidente da República Federativa do Brasil, na sua visita à República Popular da China, são evidentes e claramente justificam o NÃO!…


A Europa vê-se a braços com uma guerra sangrenta, na qual, um agressor, impiedoso, destrói tudo e todos… um país invadido e destroçado… mortos, todos os dias… cidades destruídas… soldados decapitados… indústria destruída… o “celeiro” da Europa espezinhado… e, esta mesma Europa para evitar males maiores, como que mostra medo e respeito ao invasor… vai apoiando como entende ser possível (e eu entendo que devia mais)…  e… de repente este “vermelho”, iluminado, amigo do nosso Sócrates, mas também do nosso Costa e, pelos vistos, também do nosso Marcelo, ataca a Europa acusando-a de ser responsável “pela continuação da guerra”.

 

Hoje, fomos enxovalhados… e seremos ainda mais se lhe permitirmos usar a palavra na casa da Democracia no dia em que se assinala essa mesma enorme conquista!…  bem sei que a liberdade de expressão foi uma das maiores conquistas do Abril de 74… mas permitir que nos venham enxovalhar desta forma, depois de tantas palmas terem dado ao Presidente Zelensky, não me parece que nos dignifique…

 

 

quinta-feira, 13 de abril de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 33 // Carlos Aguiar Gomes

 

SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 33

BRAGA, 13 - ABRIL - 2023

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PAX


«A imagem de Deus na natureza humana manifesta-se na complementaridade do masculino e do feminino. O homem e a mulher foram criados um para o outro: o mandato de ser fecundos depende desta relação recíproca, que é santificada pela união matrimonial.»


PENSAR A FAMÍLIA, COM A FAMÍLIA E PARA A FAMÍLIA


Perante o ataque permanente e agressivo da Ideologia do Género e concomitante pensamento Woke na nossa sociedade e que está a contaminar todos os sectores da sociedade, atacando a Ciência e a Moral, com a conivência dos diferentes poderes que nos regem, ler e reflectir sobre a Carta Pastoral dos Bispos da Escandinávia ( Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia e Islândia) sobre a sexualidade humana, é salutar e anima-nos a não nos darmos por derrotados ou considerar-nos como uns pobres retrógrados . 
Assim, nesta minha Carta semanal, decidi, com a devida autorização, publicar na íntegra a Carta Pastoral que os Bispos daquela Conferência Episcopal Católica emitiram no passado V Domingo da Quaresma. Trata-se, esta precioso documento, de um bem elaborado texto e escrito com a coragem que é verdadeiramente exemplar, modelo que todos deveríamos seguir. Não há meias palavras ou verdades acinzentadas. Nesta Carta Pastoral há clareza de linguagem e frontalidade de que andamos necessitados. Todos temos de ter o pensamento bem “alimentado” para sabermos fazer frente aos ataques sistemáticos contra a Ciência e a Moral. E não termos medo de afirmar a verdade pois só esta nos liberta da opressão generalizada do erro que procura impor um “ novo homem” feito à imagem e modelado pela Ideologia do Género, uma construção da chamada “ engenharia social” tão na moda.
Creio que os meus Amigos-leitores irão apreciar o teor desta Carta Pastoral que nos chegou vinda do Norte da Europa mas que serve para todas as latitudes. Os Bispos que integram esta Conferência Episcopal tiveram a coragem de ser claros contrariando o cinzentismo, caos e meias verdades que grassam em muitos meios eclesiásticos. Devemos estar-lhes gratos por fazerem apelo às verdades da Fé, à Ciência e ao bom senso, sem deixar de, e bem, aconselharem o acolhimento, que não é aceitação do erro em que querem viver, das pessoas que, perturbadas, manipuladas e confusas, nos tentam obrigar a ler pela “sua cartilha” ideológica que, descaradamente, apaga os dados rigorosos da Ciência, nomeadamente da Biologia, mas também das regras constitutivas da nossa Gramática.

Vivemos um tempo, este que nos é dado viver, em que precisamos de coragem para contrariar o “Pensamento Único” que nos estão a impor.

A Carta Pastoral que transcrevo seguidamente vai ajudar-nos a clarificar ideias e obter argumentos para sabermos opormo-nos à tirania ideológica dominante.

…e, caros Amigos-leitores, tenhamos a coragem de não nos deixarmos levar pelas mentiras e ideias falaciosas que “navegam” nos media, nas escolas e em todos os ambientes que podem influenciar-nos!
Como nunca, precisamos de pessoas com coragem mesmo sabendo que correm o risco do martírio, da perseguição e do “ apagamento” social e cultural.

Caros Amigos-leitores, não receiem divulgar esta minha Carta que se enriqueceu com a referida Carta Pastoral da Conferência Episcopal da Escandinávia!


CONFERENTIA EPISCOPALIS SCANDIAE

CARTA PASTORAL
Sobre
a
Sexualidade  Humana

V Domingo da Quaresma de 2023

Queridos irmãos e irmãs,

Os quarenta dias da Quaresma recordam os quarenta dias de jejum de Cristo no deserto. Mas tal não é toda a realidade. Na história da salvação, os períodos de quarenta dias indicam etapas na obra da obra divina da redenção que continua até aos dias de hoje. A primeira intervenção de Deus foi a que teve lugar em tempos de Noé. Antes da destruição que o homem tinha causado (Gen 6,5), o Senhor submeteu a terra a um baptismo de purificação: «choveu sobre a terra quarenta dias e quarenta noites» (Gen 7,12). O resultado foi um novo início.

Quando Noé e os seus regressaram a pôr os pés em terra num mundo completamente depurado pela água, Deus estabeleceu a sua primeira aliança com todos os seres viventes. Prometeu que nunca mais uma inundação nunca mais voltaria a destruir a terra. À humanidade pediu justiça: honrar a Deus, construir a paz, ser fecundos. 

Estamos chamados a viver abençoados na terra e a encontrar alegria de uns com os outros. O nosso potencial é maravilhoso sempre que recordemos quem somos: «a imagem de Deus fez o homem» (Gen 9,6). Estamos chamados a converter em realidade esta imagem através das nossas escolhas de vida. Para ratificar esta aliança, Deus pôs um sinal no céu: «porei o meu arco no céu, como sinal da minha aliança com a terra. Aparecerá o arco nas nuvens, ao vê-lo recordarei a aliança perpétua entre Deus e todos os seres viventes, todas as criaturas que existem na terra» ( Gen 9, 13,16).

O sinal desta aliança. O arco-iris, tem sido revindicado no nosso tempo como o símbolo de um movimento político e cultural. Reconhecemos tudo o que é nobre nas aspirações deste movimento. Na medida em que falem da dignidade de todo o ser humano e o seu desejo mais profundo de ser visto pelo que é, compartilhamos essas aspirações. A Igreja condena todas as formas de discriminação injustas, incluindo as que se baseiam no género ou na orientação afectiva. Discordamos, pelo contrário, quando um movimento propõe uma visão da natureza humana separada da integridade corporal da pessoa, como se o género físico fosse acidental. E protestamos quando se força essa visão sobre as crianças apresentando-a como uma verdade comprovada e não como uma hipótese temerária e quando se a impõe aos menores como uma pesada carga de autodeterminação para que não estão preparados. Resulta apelativo que uma sociedade tão atenta ao corpo nos factos o trate com superficialidade ao não o considerar como significante da identidade. Assim, se pressupõe que a única identidade que conta é a que brota da autopercepção subjectiva, a que surge à medida que vamos construindo a nossa imagem.

Quando professamos que Deus nos criou à sua imagem não só se refere à alma: está, também, misteriosamente inscrita no corpo. Para os cristãos o corpo é uma parte intrínseca da personalidade. Cremos na ressurreição da carne. Certamente «todos seremos transformados» (1Cor 15, 53). Não podemos, pois, imaginar como serão os nossos corpos na eternidade, mas com a autoridade da Bíblia, fundada na tradição, acreditamos que a unidade do espírito, alma e corpo foi feita para perdurar e não tem fim. Na eternidade seremos reconhecíveis como quem somos agora e os conflitos que ainda impedem um pleno desenvolvimento do nosso verdadeiro ser serão resolvidos.

«Pela graça de Deus sou quem sou» (1 Cor 15,10): S. Paulo teve que lutar contra si mesmo para professar esta profissão de Fé. Com frequência, tal como sucede connosco. Estamos conscientes de tudo o que não somos: concentramo-nos nos dons que não recebemos, no afecto ou no apoio que de que carecemos. Esta situação enche-nos de tristeza. Queremos compensá-la, e ainda que por vezes seja razoável, frequentemente é inútil. O caminho para a aceitação de si próprio passa por nos confrontarmos com a realidade vivida. A Bíblia e a vida dos santos mostram-nos como as nossas feridas, por graça de Deus, podem tornar-se fonte de cura para os nós e para os outros.

A imagem de Deus na natureza humana manifesta-se na complementaridade do masculino e do feminino. O homem e a mulher foram criados um para o outro: o mandato de ser fecundos depende desta relação recíproca, que é santificada pela união matrimonial. Na Escritura, o matrimónio de um homem e de uma mulher converte-se na imagem da comunhão de Deus com a humanidade, que encontra a sua perfeição no banquete das Bodas do Cordeiro na consumação dos tempos (Ap 19: 7). Sem dúvida, isto significa que para nós esta união nupcial seja simples e desprovida de sofrimento. Para algumas pessoas parece inclusive uma opção impossível. Na nossa intimidade, a integração interior das características masculinas e femininas pode resultar difícil. A Igreja tem consciência de tal. Ela deseja acolher e consolar todos aqueles que experimental dificuldades neste âmbito.

Como vossos bispos queremos dizer isto claramente: estamos à disposição de todos para acompanhar a todos. A aspiração ao amor e a procura de uma sexualidade integrada tocam aos seres humanos no seu mais íntimo É um aspecto em que somos vulneráveis. O caminho até à plenitude requer paciência mas há alegria em cada passo em frente. A passagem da promiscuidade à fidelidade, por exemplo, é já um salto enorme, independentemente de que essa relação, agora fiel, corresponda inteiramente ou não à ordem objectiva de uma união nupcial abençoada com o sacramento. Toda a busca da plenitude e integridade merece respeito e deve ser apoiada. O crescimento em sabedoria e virtude é orgânico, ocorre de modo gradual. Ao mesmo tempo para que o crescimento dê fruto deve estar ordenado para um fim. A nossa missão e tarefa como bispos é assinalar a orientação do caminho dos mandamentos de Cristo que são fonte de paz e de vida. O caminho é estreito no princípio mas alarga-se à medida que avançamos. Oferecer algo menos exigente seria defraudar-vos. Não recebemos a Ordem Sagrada para pregar pequenos ideais da nossa própria lavra.

A Igreja é fraterna e hospitalária, há lugar para todos. Um texto antigo declara que a Igreja é «a misericórdia de Deus descendo à humanidade» (Gruta dos tesouros, midrash arameu do século IV). Esta misericórdia não exclui ninguém, as fixa um ideal elevado. Este ideal está exposto nos mandamentos, que nos ajudam a crescer mais acima das nossas apertadas noções da nossa identidade. Estamos chamados a convertermo-nos em homens e mulheres novos. Todos possuímos aspectos caóticos da nossa pessoa que precisam de ser ordenados. A comunhão sacramental pressupõe uma vida vivida de modo coerente em conformidade com a aliança selada pelo Sangue de Cristo. Pode acontecer que as circunstâncias de vida de um fiel católico impeçam, por algum tempo, de receber os sacramentos. Ele ou ela não deixam de ser membros da Igreja. A experiência do exílio interior vivida na fé pode conduzir a um sentido de pertença mais profundo. É o que sucede frequentemente nos exílios bíblicos. Cada um de nós tem que recorrer ao seu próprio êxodo, mas não caminhamos sozinhos.

Em tempos de provação o sinal da aliança primeira de Deus envolve-nos. Chama-nos a procurar o sentido da nossa existência, não nos fragmentos da luz refractada do arco- iris, mas na fonte divina de todo o espectro, completo e maravilhoso, que provém de Deus e nos convida a tornarmo-nos semelhantes a Ele. Como discípulos de Cristo, que é a imagem de Deus (Col1,15), não podemos reduzir o sinal do arco-iris a algo menos do que o pacto vivificante entre o Criador e a criatura. É insuficiente do ponto de vista cristão.

Deus ofereceu-nos «preciosas e sublimes promessas, para que, por meio delas (sejamos) participantes da natureza divina» (2 Ped 1,4). A imagem de Deus impressa no nosso ser procura a santificação em Cristo. Qualquer noção do desejo humano que seja inferior a este “referente” é insuficiente do ponto de vista cristão.

Ora bem, na actualidade as ideias do que é o ser humano e o seu carácter sexuado encontram-se em estado de fluidez. O que se dá por certo hoje, amanhã pode ser negado. Quem se apegue demasiado a teorias passageiras corre o risco de sair desiludido amanhã. Pelo contrário, necessitamos raízes profundas. Procuremos, pois, fazer nossos os princípios fundamentais da antropologia cristã em vez de nos acercarmos com amizade e respeito aos que se sentem afastados de eles. Testemunhar do que acreditamos e por que cremos que é verdadeiro é nosso dever perante o Senhor, diante de nós e ante o mundo.

O ensinamento cristão sobre a sexualidade causa perplexidade em muitas pessoas. Oferecemos um conselho amigo a essas pessoas. Em primeiro lugar, recomendamos familiarizar-se com a chamada e a promessa de Cristo: conhecê-lo melhor na Escritura e na oração, pela liturgia e do estudo do ensinamento integral da Igreja, e não em fragmentos encontrados aqui e ali. Participai da vida da Igreja. A amplitude das perguntas iniciais se alargará, assim, dilatando a vossa mente e o vosso coração. Em segundo lugar, tende consciência das limitações de um discurso puramente secular sobre a sexualidade. Este discurso necessita ser enriquecido. Necessitamos de um vocabulário adequado para falar sobre estes temas tão importantes. Teremos uma rica contribuição para levar se recuperamos a natureza sacramental da sexualidade segundo o plano de Deus, a beleza castidade cristã e a alegria da amizade. Esta última permite-nos descobrir que uma intimidade grande e libertadora também pode encontrar-se em relações de carácter não sexual.

No ensinamento da Igreja é habilitar o amor e não impedi-lo. No final do Prólogo do Catecismo da Igreja Católica, de 1992, repete um texto do Catecismo Romano de 1566: “Toda a finalidade da doutrina do ensino deve ser posta no amor que não acaba. Porque se pode expor muito bem o que e preciso acreditar, esperar fazer, mas sobretudo deve ressaltar que o amor de Nosso Senhor sempre prevalece, a fim de que cada um compreenda que todo o acto de virtude perfeitamente cristão não tem outra origem que o amor, nem outro fim que o amor.” (CIC, 25; cf. 1 Cor 13.8). É por este amor que o mundo foi criado e a nossa natureza criada. O exemplo de Cristo, o seu ensinamento, a sua paixão salvadora e a sua morte manifestaram este amor que reina vitorioso na sua gloriosa ressurreição, que celebraremos com alegria durante os cinquenta dias da Páscoa, Que a nossa comunidade católica, tão polifacetada e colorida, possa dar testemunho deste amor na verdade.

D. Czelaw, Bispi de Compenhaga (Dinamarca), Presidente
Card. Andera Arborelius OCD, Bispo de Estocolmo (Suécia)
D. Peter Burcher, Bispo Eméritob de Reikjavique (Islândia)
D. Bernt Eidsvig Can.Reg. Bispo de Oslo (Noruega)
D. Berislav Grgic, Bispo-Prelado de Temso (Noruega)
P. Marco Pasinato, Administrador Diocesano de Helsínquia (Finlândia)
D. David Tencer OFM Cap., Bispo de Reikjavique (Islândia)
D. Erik Varden OCSO, Bispo –Prelado de Trondheim (Noruega).
 
Perante esta notável exortação, pode-se ficar indiferente?
Por mim, não me posso calar!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes, Braga, 13 de abril de 2023.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 32 // Carlos Aguiar Gomes


SILERE NOM POSSUM

(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 32

BRAGA, 06 - ABRIL - 2023

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PAX



… Cortem-se as raízes às árvores e vejam o que sucede…

PENSAR A FAMÍLIA, COM A FAMÍLIA E PARA A FAMÍLIA


As políticas vocacionadas para as famílias (e, talvez, para outras áreas!), devem basear-se em alguns princípios que vou enumerar mas que não irei desenvolver. Assim, as políticas dedicadas às famílias devem respeitar e promover:

- A UNIVERSALIDADE, que olha e trabalha para todas as famílias, sem qualquer excepção;

- A GLOBALIDADE de cada família que deve ser entendida como um todo que é muito mais do que a soma das partes e que, por isso, exige políticas abrangentes e não sectoriais nos apoios às famílias. Estas devem ser consideradas no seu processo evolutivo, desde a sua formação até à morte dos seus fundadores, pai e mãe, sem esquecer as raízes, os avós, e os seus ramos, os filhos e netos. Além disso, deve ter-se sempre em conta a sua bio-psico-socialidade sem pôr à margem a vertente espiritual.

- A SUBSIDARIEDADE, que deve respeitar, promover e apoiar o respeito pela unidade basilar da sociedade, contribuindo para a capacitação de cada família, convidando-as e convocando-as para um desempenho de todas as capacidades, deveres e direitos que, por inerência lhes cabem e que, só em situações pontuais de incapacidade se podem ultrapassar. O Estado deve só intervir quando as famílias estiverem numa situação incapacidade de ser ela própria a resolver os seus problemas. Está nesta perspectiva, por exemplo, o cumprimento dos deveres educativos por parte dos pais, direito fundamental de que os pais nunca devem abdicar. Não podemos admitir um Estado educador das crianças e jovens. Assim, o PRINCÍPIO DA SUBSIDARIEDADE obriga à liberdade de educar e aos pais o reconhecimento efectivo de serem aqueles a escolher o tipo de educação a ministrar a seus filhos sem que , por isso, sejam penalizados como sucede actualmente.

- A SOLIDARIEDADE que está atenta às diferentes e multifacetadas debilidades de algumas famílias que esperam e devem ter o apoio da sociedade, a começar pelos detentores do serviço político. Como referi acima, estas debilidades devem abranger a globalidade da pessoa que é cada membro da família.

- A REPRESENTATIVIDADE que, é profundamente democrática e se entrosa com o Princípio da Subsidariedade e que desenvolve processos de escuta activa das famílias, isoladas ou associadas, procurando conhecer quais são os seus anseios e as suas legítimas aspirações/ reivindicações/carências … As famílias devem exercer o direito/dever de se expressarem sempre que as políticas interfiram com o bem-estar e justiça das famílias. O Estado deve ter a preocupação de sempre ouvir os anseios das famílias e nunca ousar substituir-se a elas. Daí a importância de organismos representativos estarem presentes nas grandes linhas de intervenção sócio-política e económica. 

São estas algumas das propostas que seria bom promover, a bem do Família, como célula-base de toda a sociedade e por onde, já hoje, passa o futuro da humanidade.

Não podemos calarmo-nos perante os ataques contra a Família e a sua estrutura natural, venham de onde vierem, a “tempo e a contra-tempo”.

Não podemos ficar indiferentes face aos modelos, da chamada pomposamente de “engenharia social”, puramente ideológicos que campeiam sem cabresto nos media, nas escolas e em muitos meios culturais e políticos e que estão a impor a toda a sociedade que não pode comportar-se com uma imbecilidade muda.

Eu não posso calar-me!

Não me calarei!

SANTA E FELIZ PÁSCOA COM CRISTO RESSUSCITADO!

SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes, Braga, 06 de abril de 2023.

sexta-feira, 31 de março de 2023

SILERE NON POSSUM // n.º 31 // Carlos Aguiar Gomes

  SILERE NOM POSSUM 


(Não me posso calar – Santo Agostinho)

“Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

Carta aos meus amigos - n.º 31

BRAGA, 30 - MARÇO - 2023

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PAX

JÉRÔME LEJEUNE: Um Homem para a eternidade!

Muitos dos meus Amigos-leitores conhecem, tenho a certeza, um dos maiores vultos do século XX na área da Genética: Jérôme Lejeune que foi um expoente máximo do seu tempo na área que lhe era particularmente querida.

A Genética e o Amor aos doentes que a ele recorriam no sofrimento de doenças de origem cromossómica, nomeadamente aos que sofriam de Trissomia 21, o Professor Lejeune marcou-lhes indelevelmente a sua existência. Todos, colegas de trabalho, alunos ou doentes que tiveram o privilégio de com ele conviver foram marcados por esse amor aos doentes e à Ciência que sempre colocou ao serviço dos seus doentes. 

Jérôme Lejeune, o Professor Lejeune como era conhecido em todo o mundo da Ciência, foi um génio. A ele se deve a descoberta da causa da Trissomia 21. A primeira vez que o mundo da citogenética verificou que os doentes, até aí chamados de mongoloides, eram portadores de um erro cromossómico no par 21 que tinha um cromossoma a mais no par cromossómico autossómico 21. A partir desta grande descoberta feita por Lejeune, o mundo da Genética humana nunca mais seria o mesmo, para o bem e para o mal. 

A grande preocupação do Prof. Lejeune foi sempre durante toda a sua vida de grande investigador e de médico era a de encontrar a cura dos portadores desta trissomia. Lutou por todo o mundo, sempre nesta perspectiva: curar os doentes. Ficou muito perturbado quando constatou que a sua descoberta tinha aberto ainda mais as portas ao aborto, que elimina o doente, matando-o.

Este gigante da Genética tornou-se uma referência mundial. Recebeu imensos prémios, convidado para inúmeras Academias de Ciências desde a Academia Pontifícia de Ciências passando pela Academia Real da Suécia, entre outras, e foi convidado a fazer conferências nas mais prestigiadas Universidades do mundo. Dos Estados Unidos da América à extinta URSS. Do Japão à Nova Zelândia. Da Austrália ao Japão ou Uruguai. Lejeune era estimado pelos maiores cientistas do seu tempo e ocupou, em França, as mais altas funções a nível científico e recebeu de vários países as mais altas distinções. A Santa Sé incumbiu-o de múltiplas missões científicas e diplomáticas.

No ANO INTERNACIONAL DA FAMÍLIA, 1994, no dia de Páscoa, 3 de Abril, entregou a sua alma ao Criador, vítima de um cancro dos pulmões.

Jérôme Lejeune nasceu em 13 de Junho (gosto imenso da coincidência de eu ter nascido num dia 13 de Junho!) de 1926 perto de Paris. E foi nesta cidade que sempre viveu, estudou e investigou. Foi na “cidade luz” que este grande Mestre da Genética descobriu e explicou, como já referi, a causa da Trissomia 21 a que muitos dos seus colegas quiseram que se passasse a chamar de síndrome Lejeune, o que sempre recusou.

Em 1957 foi nomeado perito da ONU para os efeitos das radiações atómicas e neste âmbito deve destacar-se a missão diplomática de que foi incumbido pela Santa Sé, em 1981, para ir a Moscovo sensibilizar os mais altos dirigentes da URSS para os perigos de uma guerra atómica. Nesta importantíssima missão teve um encontro particular com o Secretário do Partido Comunista da URSS, Lenidas Brejenev.

Na sua extensa biografia destaca-se o ter sido o primeiro Professor da primeira Cadeira de Genética Fundamental da Faculdade de Medicina de Paris e de em 1965 se ter tornado Chefe da Unidade de Citogenética do Hospital Necker “Enfants Malades”.

Lejeune, em toda na sua vida de cientista, nunca recuou face ao «politicamente correcto». Foi sempre ele mesmo: um cientista católico e um católico cientista. E por causa desta opção coerente de vida, em defesa incondicional da VIDA HUMANA, perdeu um Nobel que lhe iria ser atribuído pela sua grande descoberta na área da Genética. Por isso, um dos seus mais ilustre admiradores, S. João Paulo II, Magno, o encarregou em 1993 de trabalhar nos estatutos da Academia Pontifícia para a Vida e o nomeou seu primeiro presidente (Fevereiro de 1994, poucos meses antes de morrer) e numa das visitas que João Paulo II Magno fez a França, fez questão de, ao arrepio do protocolo, ir rezar junto do túmulo do «seu amigo, Jérôme Lejeune» como a este cientista se referia sempre.

Em 2019, Aude Dugast, publicou uma sua notável biografia. O livro de Aude Dugast é «uma bela homenagem a Jérôme Lejeune e esclarece também o que, hoje, se joga no domínio da bioética, cujas raízes são bem mais antigas.»

A autora da citada recensão (Adélaide Pouchol, 6 de Maio de 2019) diz, e muito bem, que «este é um livro a colocar em todas as mãos». Lamento que este magnífico livro ainda não tenha sido traduzido para a nossa língua.

Lejeune marca um período difícil da nossa época. É uma referência para todos os lutam por uma cultura da vida contra uma cultura dominante da morte

O livro que referi, da Editora ARTÈGE (Paris), foi publicado em 1 de Abril de 2019. A Editora, a propósito desta figura ímpar do mundo Ciência refere: «Pioneiro da Genética moderna, encantado pela beleza de cada vida humana, o Professor Lejeune marcou a história assumindo a defesa dos sem voz. Seguindo a sua consciência de médico fiel ao juramento de Hipócrates e de cristão fiel ao seu baptismo, mostrou com brio como a Ciência e a Fé se engrandecem mutuamente. A sua história é a de um homem que permaneceu livre apesar das honras recebidas no mundo inteiro depois dos ataques violentos de que foi objecto».

O Papa Francisco, em 21 de Janeiro de 2021, declarou Venerável este extraordinário médico e cientista de renome internacional.

Neste nosso tempo, que perdeu a memória dos grandes Homens, que devem ser referência para todos nós, é bom recordar a figura ímpar deste Médico e Citogeneticista, Jérôme Lejeune.

Dia 3 de Abril, data do seu falecimento, e sempre, deveríamos ter bem presente a estatura científica e moral deste vulto para o ver, brevemente, nos altares e, sobretudo, tê-lo sempre bem presente no nosso agir quotidiano como modelo de coerência de vida.

Talvez a maior homenagem que foi prestada até hoje ao Professor Lejeune, foi-o por um dos seus doentes, no dia do funeral, a 6 de Abril de 1994, na Catedral de Notre Dame por Bruno, um jovem com trissomia 21 e que tinha sido acompanhado por Lejeune, que a meio das solenes exéquias presididas pela Cardeal Vingt-Trois, Cardeal Arcebispo de Paris. Bruno, no silêncio orante de uma Catedral cheia de personalidades ilustres do meio político, religioso, académico e de uma imensa mole de cristãos e simples admiradores de Lejeune. Bruno grito em alta voz, no meio daquela multidão:

«Obrigado meu Prof. Lejeune por tudo o que fizeste pelo meu pai e pela minha mãe. A tua morte curou-me. Graças a ti tenho orgulho em mim»!


SILERE NON POSSUM!

Carlos Aguiar Gomes, Braga, 30 de Março de 2023.